Vamos falar de música?
Este post à princípio era pra falar sobre Lady Gaga. Sobre os motivos que me fazem gostar tanto dela. Visto que logo no início, quando ela começou a despontar na mídia, me parecia mais uma cantorazinha ao estilo Britney Spears, ávida por se tornar mais uma polemista de quinta, disposta a disputar o cargo de substituta oficial de Madonna. O que me fez repeli-la num primeiro momento, pois detesto tipinhos como os de Britney, que não cantam porra nenhuma e só conseguem chamar a atenção com letras pra lá de apelativas e coreografias que mais parecem posições do kamasutra, usando uma sensualidade forçada e requentada, que já não funciona mais.
Este post à princípio era pra falar sobre Lady Gaga. Sobre os motivos que me fazem gostar tanto dela. Visto que logo no início, quando ela começou a despontar na mídia, me parecia mais uma cantorazinha ao estilo Britney Spears, ávida por se tornar mais uma polemista de quinta, disposta a disputar o cargo de substituta oficial de Madonna. O que me fez repeli-la num primeiro momento, pois detesto tipinhos como os de Britney, que não cantam porra nenhuma e só conseguem chamar a atenção com letras pra lá de apelativas e coreografias que mais parecem posições do kamasutra, usando uma sensualidade forçada e requentada, que já não funciona mais.
Pois bem, depois de alguns meses e após a primeira entrevista de Lady Gaga à uma emissora de tv brasileira, comecei a prestar mais atenção na moça e percebi que seu estilo exagerado, chocante e por muitas vezes bizarro era muito mais do que uma simples estratégia de marketing para chamar a atenção da mídia e vender milhões de discos. Por trás de tanto glitter, roupas espalhafatosas e maquiagens nada convencionais está Stefani Joanne Angelina Germanotta, uma jovem de 23 anos, inteligente, sensível e consciente, uma artista nata, que escreve suas próprias letras, monta seus próprios figurinos e suas coreografias. E apesar do discurso clichê sobre a declarada identificação com gays, que parece ter se tornado obrigatório a qualquer artista pop que deseja fazer sucesso nas pistas de dança, a identificação é realmente verdadeira.
Lady Gaga sempre se sentiu diferente, dentro de um mundo que não era seu. Então resolveu criar seu próprio mundo e mesmo sendo de família rica, foi à luta sozinha sem o apoio dos familiares e conseguiu expressar da forma mais visceral e colorida possível toda sua essência, bem ao estilo gay de ser, com letras provocativas, voz forte, coreografias poderosas e muito glamour. Lady Gaga é puro luxo e eu adoro.
Mas como avisei no início, o post que era pra ser apenas sobre Lady Gaga e seu trabalho que admiro, acabou virando um post sobre música e seus intérpretes, o que presta e o que não presta, o que meus ouvidos e merecem e apreciam e o que não.
Enquanto pensava e elaborava essa crônica, meus sentidos foram invandidos durante as últimas semanas por duas "pérolas" do nosso atual cancioneiro brasileiro, essas musiquinhas de carnaval que explodem durante os fatídicos 5 dias de folia em fevereiro e a maioria da população brasileira de "muito bom gosto" adora e se esbalda. Aí as bandas que fizeram tremendo sucesso na festa de Momo, começam a invadir os mais "sofisticados" programas da tv brasileira: Domingão do Faustão, Superpop, Domingo Legal, Programa do Gugu e seus derivados.
Curiosos pra saber quais são as duas "maravilhosas" canções que invadiram meu dia-a-dia nas últimas semanas? Primeiro uma letra bem "sutil", que narra a história de Chapeuzinho Vermelho com o seguinte refrão: "vou te comer, vou te comer, vou te comer, vou te comer". Será uma letra muito apelativa em pleno efervescente carnaval de Salvador? Nããããããão, imagina!!! não tem nenhum duplo sentido, apenas uma letra ingênua pra divertir as crianças no carnaval. O pior de tudo, foi ver essa banda chamada O Báck no programa da ilustríssima Luciana Gimenez, tentando convencer a si próprios de que iriam sobreviver a efêmera festa da carne. No palco, além dos seis rapazes com cara de recém saídos da adolescência, gabando-se por terem sido apadrinhandos por Ivete Sangalo, estavam duas modelos que foram rainhas, madrinhas ou sei lá o que do carnaval e um crítico musical voraz e impiedoso que me deleitou com suas opiniões venenosas e extremamente verdadeiras sobre o grupo e sua "encantadora" canção.
Depois do tal programa da Lu, os rapazes parecem ter tomado chá de sumiço mesmo, como profetizou o tal crítico, que disse que em dois meses ou menos ninguém mais ouviria falar neles. Mas eis que surge na mídia, logo em seguida, pra não nos deixar esquecer que a lixeira musical brasileira pode ser inesgotável, o "sensacional" Rebolation. Liderado por um negrão sarado e tatuado, que provavelmente estará em breve nas páginas da G Magazine, o grupo Parangolé conta ainda com umas 5 ou 6 dançarinas vestidas de odaliscas eu acho (não dá pra identificar direito que roupa é aquela), que se requebram atrás do gostosão enquanto "o rebolation, o rebolation, o rebolantion tion, o rebolation" é executado. Mais um grande candidato ao grammy da cafonice e do mau gosto. O Rebolation realmente caiu na boca do povo, por enquanto até agora está firme e forte por aí. Só na mesma semana personagens da novela Cama de gato e do humorístico Zorra Total cantarolaram seu refrão. O que me consola é que o grupo lembra bastante o praticamente esquecido Harmonia do Samba, se seguir o memso caminho que ele pra mim já está de bom tamanho.
Mas graças a Deus, ainda existem coisas que fazem meus ouvidos e meu coração felizes nesse país tão rico de artistas realmente talentosos e pouco conhecidos. Artistas como o mineiro Vander Lee. O cantor de 44 anos, tem um estilo que lembra Djavan e Chico César, é também compositor. Em suas letras fala de acontecimentos da vida cotidiana, e sempre com um lado romântico, fala de amor. Já gravou com grandes nomes da MPB como Zeca Baleiro, Elza Soares, Rita Ribeiro, Emilinha Borba, Leila Pinheiro e Nando Reis. Recentemente compôs a música Estrela que foi gravada pela cantora Maria Bethânia. Mas minhas músicas preferidas dele são Esperando aviões e Onde Deus possa me ouvir. Ouça e deixe sua alma fascianada e encantada.