quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ESQUECER

Demorei algum tempo pra assistir ao filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças, talvez porque não goste muito de Jim Carrey fazendo dramas, apesar de achar Kate Winslet sublime em qualquer papel, fiquei reticente em assisti-lo mesmo sabendo que não resistiria a ele por muito tempo. Ainda assim não o vi no cinema nem em dvd, acabei assistindo-o na tv mesmo e me arrependi profundamente de não tê-lo visto logo na estréia. Realmente o filme me conquistou, fiquei completamente apaixonado, já o tenho na minha lista de preferidos. É um filme profundo, original, romântico sem ser meloso e com um elenco fabuloso.
A história consiste em um procedimento clínico q infelizmente ou felizmente ainda ñ existe de verdade, o "apagamento de memória". Joel e Clementine são um casal que se ama profundamente, mas depois de um certo tempo juntos não conseguem mais se entender, a imcompatibilidade de gênios aflora cada vez mais e a convivência acaba tornando-se insuportável, principalmente para Clementine, que após romper com o namorado decide esquecê-lo literalmente, submetendo-se ao procedimento que deleta da memória qualquer lembrança indesejável, neste caso todos os momentos que viveu com Joel, desde o dia em que o conheceu até o dia em que terminaram. Ao descobrir oq a ex-namorada q ainda ama fez, Joel fica desnorteado, e magoado resolve se submeter ao mesmo procedimento.
Por que essa história improvável mexeu tanto comigo? Pq talvez se ñ fosse tão improvável assim, se realmente existisse um procedimento como esse ao alcance de todos eu me submeteria a ele, ou não. Talvez não tivesse coragem se fosse uma possibilidade real, embora vontade ñ faltasse.
Agora, o q esquecer, por que esquecer, por que ñ esquecer? São questões ultra complexas e delicadas capaz de fundir a cabeça da criatura mais sã. Nesse caso falarei por mim.
Gostaria de esquecer todas as humilhações e perseguições passadas nos primeiros anos escolares. As decepções com amigos de confiança. Os amores ñ correspondidos. A vergonha por parecer esquisito. Somente coisas ruins óbvio, lembranças tristes q se esquecesse provavelmente viveria uma eterna sensação de bem-estar, de felicidade. Sensação de ter tido uma vida plena de momentos bons e satisfatórios, sem nenhum problema, nenhuma tristeza, nem decepção, nenhum pingo de sofrimento. Seria um verdadeiro horror, uma vida completamente vazia de questionamentos, angústias, decepções. Sem "quebrar a cara" nenhuma vezinha sequer como é que iríamos crescer como ser-humano ou nos entender como tal tendo em vista q seríamos adultos ao participar de um "apagamento de memória"?
Esquecendo todos os piores momentos da vida q espécie de pessoas seríamos afinal? Eu ñ sei essa resposta, mas como estamos no campo das suposições, vou chutar.
Acabaria me achando estranhíssimo por perceber todos a minha volta divagando sobre as superações de problemas do passado, o sofrimento pela perda de alguém querido, a dor de cotovelo pelo término de um romance, um amor ñ correspondido, a frustração por ñ conseguir uma vaga de emprego, uma briga terrível, e eu ali impassível sem lembrar de nenhum momento de dificuldade, desespero ou agonia, sem poder contribuir com nenhum tipo de experiência pessoal para uma conversa onde no fim todos comentariam das maravilhas de se passar por momentos difíceis para depois de superados usufruir da bonança q sempre chega depois da tempestade.
Ficaria completamente perdido num mar de lembranças boas, começaria a duvidar de meu próprio caráter e até mesmo de minha sanidade mental, pq apesar de ter apagado as lembranças más ainda seria uma pessoa dotada de inteligência e saberia perfeitamente q jamais se vive apenas momentos de alegria, se ñ se sofre externamente, internamente pode-se viver dilacerado por toda uma vida. Por fim acabaria por enlouquecer.
O sofrimento ñ é bom, decepções machucam, humilhações magoam, ferem, amores ñ correspondidos dóem barbaridade, mas a dor nos faz crescer. Tudo isso nos transforma, em pessoas boas ou ruins, fortes ou frágeis, sensíveis ou insensíveis e oq faz com q ñ se perca a essência e continuemos sendo oq somos é a lembrança de tudo q se viveu, de todos os obstáculos ultrapassados e sofrimentos superados. É olhar pra trás e pensar como foi bom ter passado por tudo isso e ter sobrevivido ao q parecia ser o fim em determinado momento.
Enfim, lembrar eh bom, seja lá oq for, mas pensando bem, aquele mané q ñ percebeu o qto eu o amava e me fez chorar litros durante mto tempo merecia ser deletado da minha memória sim. Isto ñ é uma contradição é uma constatação. É por isso q eu amei o filme, ele me fez descobrir a única maneira de me livrar de um amor ñ correspondido pena q é apenas uma ilusão, mas um dia quem sabe. Enquanto esse procedimento incrível ñ surge no mercado vou me conformando com o tempo q trata de sarar todas as dores, mas não deixa esquecer.


5 comentários:

eroticromanticvaniamara disse...

Nossa que delícia isto Esdras, nada como ler tendo a sensação de estar ali bem do ladinho da pessoa, é assim como me senti com este texto!!Muito original mesmo.

Base Cerebral disse...

Ai,adorei esse texto... são coisas em comum as q todo ser humano sente, por isso é muito fácil se identificar com uma leitura como essa, ele passa por toda a tragetória de nossas vidas, das derrotas até as vitórias, mostra q todo mundo é igual. Confesso q me emocionei com o texto.

Continua escrevendo assim... pensar na vida e no q há de bom e ruim nela nos faz bem, e algumas coisas q vc escreve tocam o fundinhu do meu coração!

Parabéns.

Raphael disse...

Aii eu naum vi o filme. Mas muitooo bom, poise como esquecer. Tem coisas na vida que não tem como esquecer, aprendemos mais com os tipos de experiencia que tivemos do que nossos aniversarios comemorados!

Unknown disse...

maravilhoso como tudo que voce escrevi , de dentro do seu "eu" parabens magnifico um dia as coisas traumaticas vai mesmo ser esquecidas de vez bayyy

André Arteiro disse...

Esse filme realmente mexe com a gente. Como seria bom esquecer cetas pessoas, né? O pior é que a gnete não quer esquecer pessoas ruins ou pessoas que a gente não t nem aí. É justamente aquela pessoa que a gente amou com todo o coração, deu a vida, jurou morrer junto e de repente foi apunhalado pelas costas... É justo essa que a gente quer esquecer, porque a dor de saber que não irá ter aqueles momentos nunca mais na sua vida é a pior dor que se tem.