quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


EM 2009...


Contabilizando todos os acontecimentos que fizeram parte da minha vida nesse ano que dá seus últimos suspiros, entre coisas boas, ruins, corriqueiras e importantes, o saldo foi este:

4 empregos, sendo 3 demissões e 1 pedido. Os motivos de tanta instabilidade, um dia contarei em detalhes.

2 mudanças: de Porto Alegre para São Paulo, de São Paulo para Santos.

13 festas.

9 livros lidos.

16 filmes assistidos no cinema.
Top 5: 1)Foi apenas um sonho; 2)Milk-A voz da igualdade; 3)Gran torino; 4)Há tanto tempo que te amo e 5)Ele não está tão a fim de você.
Os 5 piores: 1)Bruno; 2)Eu odeio o dia dos namorados; 3)Do começo ao fim; 4) Paris; 5)Quem quer ser um milionário.

7 novos amigos.

Muitas angústias e tristezas. Alguns sorrisos e alegrias e agora muita, muita esperança de que tudo seja mais leve, doce e tolerável em 2010.

Queria poder escrever coisas lindas. Poesias, mensagens de otimismo, afirmar que no próximo ano tudo será maravilhoso, mas eu não sei. Espero, como esperei a vida toda, durante todos os anos com otimismo permanente e incansável que o melhor de tudo aconteça, mas confesso hoje que não tenho mais ilusões. Longe de mim parecer pessimista e amargurado, não quero isso. Quero apenas expressar o meu momento, meus sentimentos, a realidade que vivo hoje.

Meus sentimentos longe de amargos, estão claros como água cristalina, me sinto tão lúcido, tão maduro agora. Não tenho mais a visão turva dos românticos sonhadores incorrigíveis. É tudo tão nítido. Tenho a serenidade dos realistas e embora os sonhos pareçam bobos diante de tanta realidade opressiva, estou bem. Alcancei algo de que necessitei desesperadamente durante tanto tempo, é justo que me sinta satisfeito agora, sem revoltas nem amargura pela perda da inocência e da ingenuidade que me fazia tão diferente e especial diante de tantas cobras engolindo umas as outras.

Minhas palavras já se confundem, nem sei se falo mais coisa com coisa. Vocês estão entendendo o que escrevo? Esse post era pra ser um balanço do meu ano em números, acabou se tornando, numa mistura confusa e mal colocada talvez, um pequeno desabafo. É que embora apertado por estar chegando ao fim um ano que prometia tanto e que tão pouco cumpriu, meu coração se fundi entre sentimentos de alívio, esperança, angústia e medo.

Como será o amanhã? Responda quem puder.

Que para cada um, a seu modo, 2010 seja sinceramente repleto de realizações!!!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O ANO NOVO E O GUERREIRO DA LUZ

por paulo coelho

Um guerreiro da luz nunca esquece a gratidão. Durante 365 dias passados, foi ajudado pelos anjos; as forças celestiais colocaram cada coisa em seu lugar e permitiram que ele pudesse dar o melhor de si. E foi ajudado por seus amigos, que estiveram do seu lado.

Um guerreiro não precisa que ninguém lhe recorde a ajuda dos outros; ele se lembra sozinho, divide com eles a recompensa e as decisões para o futuro.

Um guerreiro da luz respeita o principal ensinamento do I Ching: "A perseverança é favorável". Mas sabe que perseverança nada tem a ver com a insistência. Existem épocas que os combates se prolongam além do necessário, exaurindo suas forças e enfraquecendo seu entusiasmo.

Nestes momentos, o guerreiro reflete: "Uma guerra prolongada termina destruindo o próprio país vitorioso". Então retira suas forças do campo de batalha e dá uma trégua a si mesmo. Persevera em sua vontade, mas sabe esperar o melhor momento para um novo ataque.

Um guerreiro sempre volta à luta. Mas nunca faz isto por teimosia - e sm porque nota a mudança no tempo.

Um guerreiro da luz conhece seus defeitos. Mas conhece também suas qualidades.

Alguns companheiros queixam-se o tempo todo: "Os outros tem mais oportunidades que nós". Talvez tenham razão; mas um guerreiro não se deixa paralisar por isto; ele procura valorizar ao máximo as suas virtudes. Sabe que o poder da gazela é a habilidade de suas pernas. O poder da gaivota é sua pontaria para atingir o peixe. Aprendeu que um tigre não tem medo da hiena, porque é consciente de sua força.

Um guerreiro procura saber se pode contar com estas três virtudes: habilidade, pontaria e consciência de si mesmo. Se as três estão presentes, ele não hesita em seguir adiante. Se não estão, adestra-se até que possa confiar em suas atitudes.

Um guerreiro da luz, antes de entrar num combate importante, pergunta a si mesmo: "Até que ponto desenvolvi minha habilidade?".

Ele sabe que as batalhas que travou no passado sempre terminaram por ensinar alguma coisa. Entretanto, muitos destes ensinamentos fizeram o guerreiro sofrer além do necessário. Em mais de uma vez, ele perdeu seu tempo, lutando por uma mentira. Mas os vitoriosos não repetem o mesmo erro.

Um guerreiro não pode recusar a luta; mas sabe também que não deve arriscar sentimentos importantes, em troca de recompesas que não estão a altura do seu amor.

Por isso o guerreiro só arrisca o seu coração por algo que vale a pena.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

HOJE, EU CHOREI

Nunca fui de chorar pela morte de artistas, por mais que alguns desses me fossem queridos.

A primeira vez que a morte de um artista me deixou triste e chocado, foi aos 11 anos quando a jovem e promissora atriz Daniela Perez foi brutalmente assassinada por um colega psicopata em dezembro de 1992, mas eu não chorei.

Depois, em outubro de 1996, no auge de uma adolescência efervescente, quase pirei com a morte inesperada - pelos fãs, não por ele - de Renato Russo. Eu estava começando uma longa, profunda e sentimental jornada pelas ideias, angústias, amores e aflições de um dos gênios da nossa música, quando ele se foi me deixando órfão de novas ideias, novas angústias, novos amores e novas aflições, porque o que ele deixou tornou-se eterno e sagrado pra mim. Ainda assim, embora inconformado e arrasado, eu não chorei.

Cinco anos após a morte de Renato, em dezembro de 2001, falece mais uma promissora estrela da música brasileira. No auge de sua carreira, depois de vender milhões de cd's com seu trabalho acústico, Cássia Eller nos abandona, partindo dessa pra melhor. Era demais pra mim, impossível acreditar e aceitar, um mês antes, em novembro, ela estava mais viva do que nunca, aprontando todas com seu jeitão tímido e irreverente no último show que eu presenciei em minha cidade. Eu insisti tanto pra ir naquele show, convidei um monte de gente pra me acompanhar, mas ninguém quis. Fui sozinho mesmo, com a cara e a coragem e não me arrependi. Aquele show foi um divisor de águas na minha vida. Após me tornar seu fã incondicional, um mês depois Cássia Eller estava morta. Apesar de tudo, eu não chorei.

Em janeiro de 2008, depois de explodir mundialmente com o polêmico filme "O segredo de Brockeback Mountain", o talentoso ator hollywoodiano Heath Ledger morre em seu apartamento por overdose de remédios. Fiquei muito triste por ele, pela família dele, que deixou uma filhinha de 3 anos, por mim, por não ter mais a oportunidade de comtemplar tamanho talento e uma certa beleza exótica, muito peculiar, em novas produções cinematográficas. Ainda assim, mesmo muito triste, eu não chorei.

Já esse ano, parece que foi o ano das mortes inesperadas e extremamente sentidas por mim. Em 11 de outubro faleceu Stephen Gately, um dos integrantes do extinto grupo musical irlandês Boyzone, uma boy band com cinco garotos lindíssimos que fizeram o maior sucesso na década de 90. Stephen tinha apenas 33 anos e era bastante conhecido por ter sido o primeiro integrante de uma boy band a assumir publicamente sua homossexualidade, exatamente por isso ele era o meu preferido dos cinco. No dia 13 de novembro quem nos deixou foi a hilária e fantástica atriz Mara Manzan, aos 57 anos após lutar ferozmente contra um câncer durante 2, Mara perde a guerra e nos deixa cheio de saudades. E dando continuidade a esta mórbida saga, no dia 03 de dezembro é encontrada morta em seu apartamento a atriz Leila Lopes. Reconhecida como um promissor talento da nova geração de astros globais nos anos 90, leila atuou em uma novela atrás da outra até cair no ostracismo em meados dos anos 2000. Para não cair no esquecimento total e chamar a atenção da mídia novamente, Leila fez dois filmes pornô. Parece que não aguentou a barra de tamanha exposição e acabou cometendo suicídio aos 50 anos. Deixou uma carta tocante, que mexeu muito comigo. Senti pena de Leila, eu gostava dela. Essas três, foram perdas muito tristes, que me deram muita vontade de chorar, mas eu não chorei.

Hoje, eu chorei. Aos 32 anos recém completados, morreu ontem, dia 20, a graciosa atriz de Hollywood Brittany Murphy. Quando escutei o anúncio no jornal, parei tudo o que estava fazendo e fiquei estático diante da tv, incrédulo, boquiaberto, pasmo, sem ação. A repórter narrava a notícia e cenas de Brittany, linda, cheia de vida em premiações, posando para os fotógrafos, deslumbrante em longos vestidos de gala, com sorriso iluminado apareciam na tela. Na minha cabeça todos os filmes leves, solares, românticos e engraçados que ela fez formavam um flashback.

Estrela de filmes estilo sessão da tarde, Brittany era um encanto. Apesar da pouca idade sua filmografia é extensa, mas dentre todos, apenas 3 bastam para se ser arrebatado por ela: Grande menina, pequena mulher, Amor e outros desastres e A agenda secreta do meu namorado. Os dois últimos, aliás, estarão em breve na série "Os filmes da minha vida".

Então, eu chorei. Veio naturalmente, como um jorro instântaneo e involuntário. Uma necessidade de pôr pra fora todas as perdas de 2009. A constatação de como a vida é frágil, de como tudo é efêmero, absolutamente tudo, até aquilo que a gente acha que é sólido e permanente, não é. A qualquer momento vem a morte e puf, acabou. Aquela menina linda, radiante, cheia de graça não vai mais acordar todos os dias e beijar o marido, sair pra passear com o cachorro, tomar café da manhã na varanda da sua casa belíssima em Los Angeles, não vai mais usufruir da fortuna que recebe fazendo seus filmes, não vai mais atuar e me encantar com suas histórias doces, divertidas, glamourosas.

Brittany perdeu a vida e não tem mais nada a perder. Eu perdi mais um pouco de ilusão, de doçura, de encantamento e ainda posso perder mais, porque embora tenha muito pouco ainda continuo vivendo e por isso eu chorei. Não pela atriz, mas por mim.

sábado, 19 de dezembro de 2009

CITAÇÕES DE UMA VIDA INVENTADA

Uma das coisas que mais me fascina durante a leitura de um livro é lê-lo com calma, sem pressa, refletindo em cada palavra, cada frase, cada pensamento. Sublinhar as partes que mais me tocaram, parar a leitura após um trecho que me deixou sem ar e repeti-lo diversas vezes na minha cabeça, remoendo-o até que esteja pronto para ser digerido depois de totalmente destrinchado e saboreado pela minha alma.

Hoje, guardando alguns objetos para mais uma mudança em minha instável e insana vida, me deparei com o livro da Maitê Proença lançado no ano passado: Uma vida inventada - memórias trocadas e outras histórias. Como faço com a maioria de meus livros, sublinhei neste algumas citações que mexeram comigo, que me disseram algo mais além de narrar uma silmples história e relendo esses trechos percebi que são incrivelmente verdadeiros e que se encaixam com perfeição no momento que estou vivendo.

Decidi então postá-los aqui, pra compartilhar com vocês palavras de Maitê que faço minhas:

" Tem um congestionamento aqui dentro de mim. São muitas pessoas querendo falar, se exibir, se expressar. Achei que estava entrando num período de calmaria, a maturidade afinal, e de repente esse furacão."

" A culpa faz a gente pensar que todo mundo está olhando nossos pecados."

" ... A gente gasta um tempo danado seduzindo os outros. É uma espécie de vício que se aprende quando criança e que vamos sofisticando ao longo da vida."

" Nada alivia tanto quanto o entendimento minucioso dos fatos que levaram a uma dor - como em tudo, só o conhecimento traz a cura."

" Há pessoas que só sabem amar na tensão, vivem às turras e assim se realizam. O sentimento tranquilo e pacífico, que para tantos é a forma ideal, para eles nada significa - o amor tem faces múltiplas e há aspectos que vêm com a violência embutida."

" A gente cai, levanta, uns seguem de perna quebrada, outros de miolo mole e muitos vão sem coração. Mas cada um vai como pode."

"Não existe sentimento mais forte que uma imensa paixão. A gente sofre, cega, emburrece, se adoenta, sara. E depois, como se nada houvera, se apaixona de novo. A paixão não aprende com a paixão."

"Os moralismos que servem para acusar nunca servem nos acusadores. As pessoas têm justificativa para suas atitudes."

" Apesar de tristes são bonitas as mentiras que as pessoas criam para seguir. Um sopro de glória, uma pitada de grandeza, um toque de graça, qualquer coisa vale, que eleve a mediocridade a patamares mais aceitáveis. Há muita dor nisso de ser jogado numa existência amesquinhada, sem saída e quase animal, mas com a consciência humana para perceber sua condição. É de um cinismo cruel. Nunca entendi por que são tão poucos os suicídios no mundo. Digam o que disserem os religiosos, não pode ser outra coisa se não legítimo dispor do próprio corpo para interromper o intolerável. E há tantos momentos intoleráveis."


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

DOIS LIVROS E UM FILME


Quinta-feira passada comprei 2 livros. O primeiro: O pau, lançamento inédito de Fernanda Young, acabei de ler. O outro, um clássico da literatura inglesa do magnífico Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray, comecei a saborear ontem, bem devagar, como se saboreia uma fruta madura arrancada do pé, lentamente e com muita vontade. Apesar das poucas páginas já lidas, estou com uma leve impressão de que esse livro entrará para o rol dos meus preferidos, mas falarei dele somente depois de finalizá-lo. Agora quero falar sobre O pau.

O mais novo lançamento da abusada e inteligentíssima Fernanda Young, logo após sair na capa e no recheio da playboy, não poderia ser num momento mais propício. Esperta que só ela, Fernanda aproveitou seu ensaio nu para lançar sua mais nova obra. O pau como o própria título já sugere abertamente, gira basicamente em torno dele, o órgão sexual masculino, mas fala basicamente também sobre vingança. Vingança feminina, o que é muito pior.

A playboy de Fernanda não foi lá essas coisas, eu particularmente não gostei muito e ouvi críticas horrendas, mas, dizem, foi uma das mais vendidas do ano. Se o livro será campeão de vendagem por aqui não sei, creio sinceramente que não, afinal de contas Fernanda Young não é e tomara Deus, espero nunca seja, uma unanimidade como personalidade e muito menos literária, eu gostando e mais uma meia dúzia já basta. Mas o livro é divertido sim.

Sempre tive vontade de ler um livro dela - A sombra de vossas asas, Dores do amor romântico, Tudo o que você não soube - mas por descobrir seus livros sempre depois de esgotados nunca tive a chance de lê-los, ainda assim acredito que O pau seja de longe seu livro mais leve, apesar do humor negro sempre presente.

Lendo O pau, consegui identificar nitidamente a autora de Os normais e tantas outras séries de humor hilárias escritas por ela e o marido Alexandre Machado (Os aspones, Minha nada mole vida, O sistema). Tem até uma passagem no livro que é muito parecida com uma cena de Os normais-o filme.

No livro, Fernanda narra a história de uma rápida porém exaustiva e terrível vingança da protagonista Adriana contra o namorado, 14 anos mais jovem que a trai com uma ninfeta.Usando de muito sangue frio e uma grande erudição o objetivo de Adriana é deixar o pobre e infiel namorado brocha pelo resto da vida, para isso ela discorre minuciosamente sobre todas as técnicas psicológicas que irá usar ao longo de sua diabólica e torturante vingança.

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Segunda-feira fui assistir ao filme brasileiro tão comentado e aguardado pela bicharada, Do começo ao fim, só não foi uma decepção total porque entrei no cinema completamente consciente de que assistiria a um filme raso, sem nenhuma grande atuação muito menos profundidade.

Por se tratar do romance homossexual entre dois irmãos carnais que são criados juntos desde crianças, esperava-se, não só eu como 99% do público interessado, uma história forte, poderosa, com um mínimo de profundidade, mas não é o que se vê na telona. O nível de conflitos entre os protagonistas e seus familiares diante de tal horror é zero. Apesar dos atores fantásticos como Júlia Lemmertz, Fábio Assunção e Louise Cardoso, os personagens são todos apáticos. Os protagonistas Francisco e Thomas não se questionam em nenhum momento sobre a relação incestuosa que vivem, a única preocupação deles é não se separarem nunca.

Os rapazes João Gabriel Vasconcelos e Rafael Cardoso, Francisco e Thomas respectivamente, são lindos e sarados, desfilam pela tela sem nenhum pudor beijos ardentes, carícias e muito nu frontal, o que não me deixa nenhuma dúvida que o diretor Aluísio Abranches fez apenas mais um filme gay e usou a historinha do incesto somente para atrair bilheteria. Para as bibinhas mais românticas assim como eu, o filme é um prato cheio pra se ficar suspirando e sonhando com um amor lindo como o de Francisco e Tomtom, só esqueçam esse negócio de incesto, assim como eu fiz - o que não é difícil, já que o tema mal é citado durante o filme e Fábio Assunção como o pai de um dos garotos parece achar tudo lindo, confraternizando com os dois em almoços felizes e bate-papos pelo msn - por que esse troço é indigesto.

No mais, só queria falar um pouco sobre a atuação dos protagonistas. O jovem, novato e liiiiiiiiiindo ator João Gabriel Vasconcelos é o único que parece se entregar ao papel na pele do irmão mais velho. João Gabriel passa a emoção de verdade apenas no olhar pela angústia de ficar longe de seu Tomtom, enquanto que Rafael, rosto um pouco mais conhecido pela novela Beleza pura na qual atuou em 2008 e a atual Cinquentinha, minissérie exibida pela globo em que vive um polêmico caso com a personagem de Marília Gabriela, não convence no papel do apaixonado e frágil Thomas. O pequeno Gabriel Kauffman que faz o personagem criança, se sai muito melhor e Lucas Cotrim (Francisco criança) também é ótimo e muito parecido com João Gabriel.

Enfim, não é um filme que eu recomendo, mas sei que assim como eu, muitos assistirão apenas por curiosidade e pra ver os gostosões se pegando, a esses: aproveitem, os corpos são um arraso!!!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A INTERFERÊNCIA DO TEMPO

Por Martha Medeiros

Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-los com nossos relógios e calendários. Nem ousarei discutir essa questão filosófica, existencial e cabeluda. Se o tmepo não existe, eu existo. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá a certeza disso.

O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei por mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grande - era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. As escadas levavam ao céu, eu poderia jurar que elas atravessavam os telhados. Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia ter antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção as minhas ilusões.

A interferência do tempo atinge minhas emoções também. Houve uma época em que eu temia certo tipo de gente, aqueles que estavam sempre a postos para apontar minhas fraquezas. Hoje revejo essas pessoas, e a sensação que me causam não é nem um pouco desafiadora. E mesmo os que amei já não me provocam perturbação alguma, apenas um carinho sereno. Me pergunto como é que se explica que sentimentos tão fortes como o medo, o amor ou a raiva se desintegrem. Alguém era grande no meu passado, fica pequeno no meu presente. O tempo, de novo, dando a devida proporção aos meus afetos e desafetos.

Talvez seja essa a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. Uma árvore, que para ser explorada exigia uma certa logística - ou ao menos um "calço" de quem estivesse por perto e com as mãos livres -, hoje teria seus galhos alcançados num pulo. A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.

E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos que parecem caixotes, carros compactos, conversas telegráficas, livros de bolso, pequenas salas de cinema, casamentos curtos. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou uma aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro - quando o futuro também era infinito à nossa frente.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

DA SÉRIE: OS FILMES DA MINHA VIDA - GARÇONETE (2)


Este filme é uma pérola de delicadeza. Dirigido pela cineasta nova-iorquina Adrienne Shelly, precocemente morta após o término das filmagens, "Garçonete" é uma comédia romântica que agradou ao público e à crítica e que representa mais uma vez o delicioso casamento entre cinema e comida.

O filme é simples e encantador, trás uma Keri Russel - a Felicity do seriado homônimo - sempre doce e suave, mesmo atormentada por um marido agressivo e dominador.

O filme de 2007 narra a história de Jenna, uma mulher que vive numa pequena cidade sem grandes acontecimentos e trabalha como garçonete na única lanchonete do lugar. Presa a um casamento infeliz e sem amor, a única alegria de Jenna é passar o tempo preparando receitas mirabolantes e deliciosas de tortas inspiradas pelos problemas e circunstâncias de sua vida.

Apesar de ser uma esposa submissa, Jenna é esperta e cheia de vida. Cansada do marido prepotente e controlador, resolve deixá-lo e realizar seu grande sonho: abrir uma casa de tortas. Para isso Jenna terá que juntar dinheiro sem que o marido perceba, o que será bem difícil visto que o canalha toma-lhe todo o dinheiro que ganha como garçonete. Mas Jenna vai em frente, firme em seu propósito, criando receitas cada vez mais saborosas e deixando seus clientes maravilhados, até descobrir que espera um filho do marido brucutu.

Diante de gravidez tão indesejada, Jenna pensa até em aborto, mas não tendo coragem para tal promete a si mesma que não nutrirá nenhum sentimento de amor ou apego pelo bebê.

Conforme os dias seguem Jenna se vê obrigada a consultar um pediatra. Durante as consultas periódicas ao consultório de um charmoso e recém chegado médico à cidade, Jenna se vê irremediávelmente atraída e envolvida pelo doutor bonitão. A parir daí uma série de acontecimentos se desenrolam deixando Jenna cada vez mais confusa e dividida.

A princípio "Garçonete" parece mais uma simples comédia romântica, mas embora simples o filme não é previsível. Ele discorre sobre as dificuldades e os problemas mais corriqueiros na vida de uma pessoa e nos mostra uma dentre tantas possibilidades de solução para todos eles. É um filme leve, delicado e doce como as tortas de Jenna e ao final nos faz dar um profundo suspiro de satisfação.











segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O PERMANENTE E O PROVISÓRIO

Por Martha Medeiros

O casamento é permanente, o namoro é provisório.
O amor é permanente, a paixão é provisória.
Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.
Um endereço é permanente, uma estada é provisória.

De acordo? Nem eu.

Um casamento que dura 20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação. O que eu fui ontem e anteontem já é memória. Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem para agora, hoje é o meu dia, nenhum outro.

Amor permanente... Como a gente se agarra nessa ilusão. Pois se nem o amor por nós mesmos resiste tanto tempo sem umas reavaliações. Por isso nos transformamos, temos sede de aprender, de nos melhorar, de deixar pra trás nossos imensuráveis erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o que fizemos achando que era certo e agora condenamos. O amor se infiltra dentro de nós, mas seguem todos em movimento: você, o amor da sua vida e o que vocês sentem, tudo pulsando independentemente, e passíveis de desgarrar um do outro.

Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe-até que o tempo vire.

Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.


sábado, 28 de novembro de 2009

VAMPIROS


Eles estão por toda a parte, agora mais do que nunca. Charmosos, sensuais, notívagos, pálidos, de olhos coloridos, sugadores de sangue e extremamente sedutores. Vampiros vivem no imaginário coletivo há muito tempo, no meu desde que comecei a me entender por gente aos 10 anos, quando ficava hipnotizado na frente da televisão as 19:00 de um longínquo 15 de julho de 1991 para assistir, ou melhor, venerar a novela Vamp. Foi a partir daí que iniciou-se meu fascínio por esses seres míticos e fantásticos. Natasha, vivida pela maravilhosa atriz Claudia Ohana, em um de seus mais esplendorosos momentos na tv, era o meu sonho, meu modelo ideal de vampira, linda, sensual, talentosa, bondosa e atormentada pelo fardo de ser uma criatura das trevas. Cantava, seduzia multidões com sua música e beleza e longe dos palcos, sozinha e solitária, chorava lágrimas de sangue. Eu queria ser Natasha, a vampira do bem que num ato de extremo desespero vende sua alma ao diabo em troca de fama e sucesso como cantora. Em pouco tempo brilha ao gravar o clip da música Simpathy For The Devil nas ruas de Veneza, mas está condenada ao amor eterno do poderoso e cruel conde Vlad, o vampiro que a mordeu.

No trajeto de casa pra escola eu ia fantasiando que um vampiro poderoso me perseguia e me atacava no meio da rua, me transformando. Chegava na escola e na hora do recreio com uma dentadura de plástico e um sobre-tudo preto da minha mãe subia no púlpito onde a bandeira era hasteada e fazia a performance de Natasha, meus colegas me ovacionavam e eu achava que estava arrasando, com tempo descobri que meu talento pra comédia era mais latente do que pra ser uma estrela da música. Pelo menos eu conseguia divertir os meus colegas que dia após dia enquanto durou a novela pediam bis na hora do recreio. Enquanto eles desopilavam o fígado eu me perdia em devaneios sentindo-me a própria Natasha. Ah, tempos bons aqueles!!!

Com o fim da novela e de minha meteórica carreira durante os recreios escolares minha paixão pelos dentuços sedutores continuou com filmes como Drácula de Bram Stocker com um assustador e impecável Gary Oldmann e uma indefesa Wynonna Rydder, o delírio das adolescentes de 1994 Entrevista com o Vampiro, com o simpático Tom Cruise, o lindíssimo Brad Pitt e o maravilhoso-tudo de bom-caliente Antonio Banderas e A rainha dos Condenados com a graciosa e precocemente morta Alyiah.

Por fim chegamos em 2009 e a febre do momento é a saga baseada na série Crepúsculo do livro de Sthefenie Meyer. Assisti a Lua Nova essa semana e é redundante dizer que adorei, para um romântico incorrigível como eu a saga dos vampiros apaixonados é um prato cheio, mas não vou ficar aqui falando sobre tudo o que todo mundo já sabe um pouco devido ao grande sucesso dos livros e tal, apenas recomendo que assistam e deixem-se envolver por essa deliciosa magia que como os vampiros é eterna!!!

sábado, 21 de novembro de 2009

DA SÉRIE: OS FILMES DA MINHA VIDA - FILHOTE (1)

A partir de hoje inauguro aqui no blog uma série de postagens sobre os filmes que mais amei ao longo da vida. Serão reflexões profundas, comentários simples ou apenas dicas, o importante é que estarei escrevendo sobre uma das coisas que mais adoro: cinema. tenho certeza que quem é cinéfilo como eu vai se deliciar.
São filmes que assiste no cinema, em dvd ou simplesmente na tela quente, supercine ou sessão da tarde.
Vamos ao primeiro:


Este filme eu assisti em janeiro de 2006 no cine Guion Center no Nova Olaria em Porto Alegre.

Filhote é um drama espanhol lançado no Brasil em julho de 2005 com direção de Miguel Albaladejo. Gostei demais deste filme porque adoro um bom drama e este tem todos os ingredientes necessários para me agradar. Fala de amor, amizade e preconceito, temas que me fazem rir, chorar e refletir.

Filhote ou Cachorro - seu título original - é um filme modesto e despretencioso, tanto que ficou pouquíssimo tempo em cartaz e exclusivamente nas salas de cinema chamadas alternativas, muito provavelmente por sua temática gls. O que foi uma injustiça, porque Filhote é muito mais do que isso. Filhote é um lembrete aos mais distraídos de que o amor em sua forma mais pura é inabalável e transmuta o tempo e todos os seus obstáculos, não se compra, não se impõe, não se inventa, apenas se conquista e se cultiva com verdade e transparência.

Um pouco da história: Pedro é um dentista homossexual que vive na efervescente Madri - a cidade dos meus sonhos -, homossexual e solteiro ele tem uma intensa vida social, regada a muita festa e sexo até que sua única irmã, mãe do pequeno e doce Bernardo decide fazer uma viagem a Índia acompanhando o novo namorado hippie, o que implica em deixar o filho sob os cuidados do tio solteirão completamente despreparado para conviver com uma criança dentro da própria casa.

Pedro faz todos os ajustes necessários para receber o sobrinho. Diminui as festas e dá uma zerada temporária em sua vida afetiva/sexual. Tudo para proporcionar ao tímido menino um ambiente estável e acolhedor.

Num primeiro momento ambos ficam retraídos um com o outro sem saber muito como agir, mas com o passar dos dias os dois começam a se dar muito bem apesar da falta de jeito e intimidade de ambas as partes, até que Pedro recebe uma correspondência da irmã comunicando-o que está presa com o namorado na Índia por porte de drogas.

Pedro tem que readaptar toda sua vida para ficar com Bernardo por tempo indeterminado. Cria-se entre os dois uma relação extrema de amor e carinho até que lá pelas tantas aparece a avó paterna do garoto exigindo sua guarda, por achar inadmissível que o neto seja criado por um homossexual. A partir daí depois de muitas lágrimas e sofrimento o filme parte para um emocionante final.

domingo, 8 de novembro de 2009

O MUNDO NÃO É MATERNAL

por Martha Medeiros

É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto. Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é erro de cálculo. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.

O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender o seu, não o nosso.

O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro. Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividados por vinte anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão de crédito. Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.

O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.

O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir. O mundo pergunta quantos elétrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego. Para o mundo, quem menos corre, voa. Quem não se comunica se trumbica. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatísticas.

Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo. Mãe é de graça.

domingo, 1 de novembro de 2009

A SOLIDÃO, ESSE CASTIGO

Duas da tarde de um sábado modorrento, muitas nuvens no céu e uma chuva fina e persistente o deixava quase depressivo.

Na pequena quitinete de paredes muito claras, levantou-se da cama com os cabelos desgrenhados e a cara inchada de tanto dormir. Jogou-se no sofá branco, respirou fundo, coçou a cabeça umas cinco vezes e resolveu lavar o rosto.

Na pia do banheiro parou alguns segundos diante do espelho e comtemplou sua imagem profundamente. Analisou os olhos, a boca, os dentes, o nariz, o cabelo, a pele, as marcas de expressão começando a aparecer. Sentiu um leve incômodo. Mas o que queria encontrar ali, diante de seu reflexo no espelho, era respostas sobre quem ele havia se transformado, se aquela imagem o satisfazia em algum ponto, de alguma forma. Sorriu um riso desanimado de canto de boca, secou o rosto com a toalha verde-água de babado bordada com a frase "mamãe te ama" e voltou ao sofá branco. Ficou ali imóvel por alguns longos minutos pensativo à escutar o barulho incessante da chuva.

Quase três da tarde, sentiu fome, foi até a geladeira e preparou um sanduíche de peito de peru com alface e tomate e um copo de achocolatado, comeu rápido e foi verificar se havia algum recado ou coisa parecida. Mexeu no celular, nenhum recado, nenhuma ligação não atendida. Entrou na internet, checou os e-mails, nada de novo além de uma enxurrada de propagandas e "ofertas imperdíveis" de diversos produtos, ninguém no msn. Leu um pouco do último livro que havia comprado á uma semana, mas não se deteve na leitura por mais de 20 minutos, jogou o livro num canto, nada parecia interessante naquela tarde cinza.

Resolveu escutar música. Espalhou todos os cd's pelo chão, sentou em posição de lótus e começou a escolher minuciosamente, seus álbuns preferidos, entre eles: Marina Lima, Bruce Springsteen, Pretenders, Legião Urbana, The Cranberries e Adriana Calcanhoto.

Enquanto Bruce com sua voz rouca e melancólica inundava todo o espaço, sua memória era inundada por lembranças e seu coração de ternura. Ao som de Streets of Philadelphia lembrou da sessão de cinema com o pai quando assistiu ao filme com Tom Hanks e Denzel Washington aos 12 anos de idade. Apesar dos pesares, o pai era um ótimo companheiro de sessões cinematográficas. Das boas recordações que tinha dele, uma delas era o gosto pela sétima arte, cultivado nele desde muito pequeno quando era levado para assistir filmes dos Trapalhões e da Disney.

Abriu o guarda-roupa, pegou um pequeno baú de madeira, marrom, um álbum de fotografias e trocou Bruce Springsteen por Legião Urbana. Sabia que quando pegava seu pequeno baú e seu álbum de fotos começaria uma longa e melancólica sessão-nostalgia, então suspirou fundo. Pensou que naquele momento cairia muito bem um vinho e lembrou que em algum lugar daquela casa tinha uma garrafa guardada. Após um tempinho encontrou, ainda embrulhada em papel de presente com motivos natalinos a garrafa dentro do forno. Desembrulhou. Vinho branco suave. Era perfeito, adorava vinho branco suave. Encheu a taça e voltou ao seu baú de recordações, agora estava devidamente preparado para a longa jornada passado a dentro que faria, munido de um sábado chuvoso e solitário, uma saudade dolorida e uma taça de vinho ao som de Giz.

Do baú de recordações saíam pequenos objetos repletos de histórias e lembranças do passado, coisas sem nenhum valor material mas de imenso valor sentimental. Lembranças de momentos felizes, marcantes, guardados com o cuidado de um grande tesouro: a embalagem de um bombom; a pétala seca de uma rosa; um cartão postal enviado da Europa por uma amiga querida; bilhetes de cinema de alguns filmes inesquecíveis; um pequeno anel que deixou de servir; cartas; bilhetes; poemas; o frasco vazio de um perfume inebriante que deixou sensações profundas...

O baú de recordações, aliado ao álbum de fotos, acompanhados do vinho, da chuva e da solidão, fizeram-no chorar copiosamente. Aos soluços ouviu o toque da campanhia, disfarçou as lágrimas e atendeu a porta. Do outro lado, a vizinha da frente.

A moça pediu um sacarrolhas emprestado, pois estava recebendo uns amigos para uma noite de queijos e vinhos e seu sacarrolhas havia desaparecido misteriosamente.

Emprestou o sacarrolhas, a vizinha agradeceu e virou as costas.

Fechou a porta atrás de si e ficou encostado nela, parado, sem mover um músculo, sentindo-se a criatura mais solitária e infeliz do mundo. As lágrimas voltaram a rolar por seu rosto e agora Marina cantava "eu espero acontecimentos mas quando anoitece é festa no outro apartamento..."

sábado, 17 de outubro de 2009

APENAS UMA FRASE


"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, continuarei escrevendo."

Clarice Lispector

sábado, 10 de outubro de 2009

EU QUERO ACREDITAR


Dia triste
Nuvens acinzentadas no céu
Coração angustiado
Lembranças do passado.

Recordações melancólicas
Quando comecei a me apaixonar por filmes de dança aos doze anos: Flashdance, Dirty dancing, Vem dançar comigo.
Chorei de soluçar semana passada ao ouvir what a feeling e recordar Jennifer Beals com suas indefectíveis polainas pretas, dançando ao som do grande sucesso de Irene Cara.
Vontade de sair no meio da rua dançando e gritando, lamentando a perda irreversível de um tempo de sonhos e encantos onde a estrada parecia infinita e todos os sonhos possíveis.

Eu escrevia histórias e acreditava que um dia elas seriam contadas para o mundo, e todos se apaixonariam pelas minhas fantasias.

Coloria meus dias e enchia meu coração com paixões platônicas e acreditava que um dia seria correspondido.

Desenhava vestidos de festa e brincava de estilista. Preparava e encenava monólogos pras aulas de português, todos admirados diziam que eu seria um grande ator, e eu acreditava.

Nesse dia frio, nostálgico, recordando o tempo da delicadeza, quando as borboletas ainda se preparavam pra sair do casulo, me questiono: será que ainda vale a pena acreditar?

As vezes a vida é tão arrastada.

Abaixo letra da música e clip do filme:

What a feeling...
(Que sentimento...)

No início, quando não há nada
Além de um sonho brilhando vagarosamente
Que seu medo parece esconder
Bem no fundo de sua mente
Completamente a sós eu chorei
Lágrimas silenciosas cheias de orgulho
Em um mundo feito de aço
Feito de pedra

Que sentimento...
Viver é acreditar
Eu posso ter tudo, agora estou dançando para minha vida


http://www.youtube.com/watch?v=FeZ5R3C5bzs

domingo, 20 de setembro de 2009

DANCE BEM, DANCE MAL, DANCE SEM PARAR...


Bem que dizem que as melhores coisas acontecem quando a gente não planeja. Acho super chato ficar blogando os acontecimentos do fim de semana, mas hoje tô com uma vontade louca de contar como foi meu sábado inesperadamente divertido.

Meus sábados tem sido geralmente mornos, nublados e sem graça. Ontem foi diferente. Liguei pro amigo Murilo e combinei de passar em sua casa no finalzinho da tarde pra tomarmos um café e colocar o papo em dia, como ele está sempre cheio de novidades, teríamos papo por longas horas, mas o plano era só esse: café, bate-papo, ficaríamos até altas horas vendo tv e depois pegaríamos no sono em qualquer canto da casa. Se fizesse um belo dia hoje, iríamos caminhar em algum parque da cidade ou visitar uma exposição de quadros. Não foi bem assim que aconteceu.

Cheguei em casa de Murilo entre 16:30h e 17:00h, demos um "pulinho" no mercado, preparamos um café e entre um cigarro e outro ele começou a me contar empolgadamente sobre um novo amigo que estava louco pra me apresentar. Depois de uma xícará de café bem forte, algumas fatias de pão trançado recheado de presunto e queijo e um belo pedaço de torta de chocolate abarrotado de recheio e cobertura, começamos a ler poesia, ouvir mensagens do tipo "filtro solar", relembrar os tempos de escola, amores antigos e quando o papo estava começando a querer ficar "deprê" o tal "novo amigo" de Murilo liga avisando que está a caminho.

Tiago, o "novo amigo", já chegou decretando que estava faminto e queria sair pra jantar e que depois do jantar iríamos dançar em uma boate, e não iria aceitar desculpas porque já tinha colocado o nome de nós três na lista e ia ser super legal. Eu e Murilo até que somos fervidos, mas ontem não estávamos muito afim de festa. Enfim, como eu e Murilo ainda somos meio que dois forasteiros aqui em São Paulo, Tiago nos convenceu com a proposta de nos apresentar os lugares mais legais da cidade. Topamos.

A noite começou com um jantar delicioso regado a muita massa, Tiago que é uma simpatia e tem muito bom gosto, nos levou num lugar gostoso e descontraído ali na Haddock Lobo. Depois de um papo super agradável e devidamente alimentados, demos uma esticadinho na SoGo. Por mim se ficasse só no jantar já estaria ótimo, mas Tiago queria mais e ainda bem que ele insistiu, porque a balada foi ótima!!!

Música da melhor, ambiente pequeno, mas sofisticado, pessoas interessantes, companhias adoráveis.

Eu dancei muito, dancei como não dançava há tempos, me acabei na pista até as 05:00 da manhã. Foi demais, quando tocou a última música, fui a loucura, "Viva La Vida" me levou ao frenesí total. Saí de lá com a alma lavada e um sorriso escancarado.

Se fiquei com alguém? Não. Não fiquei com ninguém, apenas dancei, dancei e dancei e isso foi maravilhoso, foi bom demais, não precisei de mais nada!!!

Se eu tivesse que dar um conselho agora pra todos aqueles que estão mal, tristes, chateados ou depressivos por algum motivo, seria esse: DANCE. Sempre que sentir que alguma coisa não tá legal: DANCE. Brigou com alguém querido, perdeu o emprego, tá com problemas financeiros, sentimentais, se acha feio, sem graça, mal amado, carente: DANCE. Você vai esquecer de tudo e se sentir inteiro, mesmo que por poucas horas e faz um bem danado pra alma, pro espírito e pro físico é lógico.

Pode ter certeza, dançando você se ilumina, fica até mais bonito. Tirando uma dorzinha aqui, outra ali pelo corpo no dia seguinte, você só tem a ganhar.

Viu como meu sábado foi sensacional? Quantas porções de coisas eu consegui sentir e passar pra vocês?

Então era isso gente. Fui...

Ah, só mais um lembrete: DANCE BEM, DANCE MAL, DANCE SEM PARAR, DANCE ATÉ SEM SABER DANÇAR.


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ESOTERICES


Decidi escrever de uma vez sobre esse assunto - que já havia me ocorrido em outras ocasiões - depois de assistir, essa semana, uma entrevista no Programa do Jô com um certo Daniel Atalla.

O sujeito, jovem, bem apessoado e vestido de maneira despojada com jeans, tênis e camiseta, longe de parecer um Zé do Caixão, foi apresentado como "bruxo profissional". Assim que Jô o anunciou, meu primeiro impulso foi desligar a tv e tentar dormir, mas como o sono tinha resolvido dar uma voltinha, acabei sucumbindo a entrevista com o tal bruxo.

Daniel é apresentador de um programa de rádio onde aborda assuntos como Terapia holística, Numerologia, Tarot Conceituado no meio esotérico... e tornou-se referência nacional, pelos seus dons naturais e criações holísticas, com mais de vinte mil atendimentos por todo o mundo. Com uma capacidade psíquica e intuitiva nata, começou a jogar tarot aos nove anos de idade e estudar a filosofia do I Ching. Mais tarde, se aperfeiçoou com as Runas e o Baralho Cigano. Em seguida conheceu a Bruxaria e se tornou praticante da Antiga Arte até atingir o Grau Máximo de Sacerdote e Mago de Magia Natural. Estudou vários tipos de magia, dentre elas, a cigana, celta e africana.

Apesar de todo esse extenso currículo, o assunto que permeou toda a entrevista foi a fisiognomonia. Não meus amigos, fisiognomonia não é o estudo dos gnomos mas sim a leitura dos traços da face. Daniel Atalla também é um estudioso de fisiognomonia, ele consegue ler determinadas características da personalidade de alguém apenas pelos traços da face. Não é fantástico?

Olha que interessante: quem tem covinha no queixo é dominador; covinha nas bochechas é carência; orelhas de abano significa insegurança; nariz grande, pessoa autoritária e assim por diante...

Tudo isso é só pra reafirmar minha posição sobre este assunto por vezes tão polêmico. Nunca acreditei, não acredito e continuarei não acreditando em bruxas, feiticeiras, ciganas, bolas de cristal, tarot, leitura de mãos, superstições, astrologia, previsões, destino e etc.

Mesmo sem acreditar, confesso que a título de curiosidade e até pra confirmar minha teoria de que todos não passam de charlatões, já passei por algumas experiências esotéricas. Além de curtir dar uma espiadinha de vez em quando na página de astrologia do jornal, pois as vezes algumas coisas coincidem e gosto de imaginar como seria bom se tudo que está escrito ali pra acontecer, acontecesse realmente, houve dois episódios interessantes na minha vida que gostaria de relatar aqui.

A primeira vez, estava eu, acompanhado de uma velha e inesquecível amiga, Vívian (onde está você agora?), rodeado de uma gente descolada, moderna e super prafrentex na mesa de um inferninho bem badalado, tentando me situar, pela primeira vez num lugar como aquele.

Vívian super enturmada querendo me apresentar todo mundo e de repente surge Lucas. Uma figura meio gótica, bastante imponente, alto, forte, todo vestido de preto, me é apresentado como bruxo. Dou uma risadinha amarela e ele pede que eu estenda minha mão para que possa lê-la. Fiquei tenso. Em meio a tentos olhares em cima de mim, a fumaça do ambiente, o tom avermelhado das luzes, um estranho belo e intimidador pedindo para ler minha mão, algo em que nunca acreditei. Tremi na base, mas acabei cedendo.

Lucas examinou a palma de minha mão por alguns segundos, respirou fundo e olhando profundamente nos meus olhos sentenciou:
-Você é muito misterioso.
Dei outro sorriso amarelo, mas tinha gostado de ouvir aquilo, ser misterioso dá um ar de sedução a qualquer pessoa.
Prosseguindo ele disse:
-Você não quer que eu continue, quer?
Como ele sabia? Eu realmente não queria que ele continuasse. Tinha medo de que falasse algo verdadeiro e minhas convicções caíssem todas por terra. Mas respondi:
-Você que sabe.
Ele fechou minha mão com delicadeza e com uma docilidade encantadora falou:
-Você ainda não está preparado para ouvir.

O que será que ele tinha a dizer?

Lucas foi tão perfeito no papel que criou para si, que me convenceu aquela noite, e por muito tempo eu fantasiei que ele era realmente um charmoso bruxo que tinha aparecido em minha vida pra revelar algo de especial, como num conto de Shakespeare.

Anos mais tarde, movido mais uma vez pela curiosidade e incentivado por outra amiga, Milena, fomos jantar em um restaurante Árabe, com o único objetivo de ao final da refeição tomar um cafezinho para ter nossa sorte lida na borra do mesmo, por uma mulher devidamente paramentada para esta função.

Num canto do restaurante, vestida de odalisca a mulher bebericava um drink azul esperando a hora de começar seu trabalho. Tinha em sua mesa uma bola de cristal, incenso e um ramo de arruda. Eu, que já havia acabado minha refeição, observava tudo atentamente, cada detalhe. A mulher tinha cara de charlatã, não passava nenhuma credibilidade, mesmo assim eu estava ancioso pela minha vez. Já havia tomado meu café, colocado o pires de cabeça pra baixo como tem que ser, mas ainda tinham 10 pessoas na minha frente.

Por fim, quando chegou minha vez, ela fez todas as perguntas de praxe, esperando que eu desse a ela informações para que pudesse começar a falar sobre mim, como eles costumam fazer sempre. Como eu já conhecia esse truque, tentei falar o menos possível. Ainda assim ela conseguiu me deixar um pouco impessionado, descrevendo alguns traços muito particulares de minha personalidade. Começou dizendo o seguinte:
- Você é muito ligado a arte não é?
Bingo, acertou em cheio! Será que deu pra ver só pela minha cara? Eu não tinha dito nada que pudesse dar a ela essa impressão.
- Ainda continua com a ideia de ir pro Rio de Janeiro?
É, dessa vez não deu, bola fora total. Eu nunca quis ir pro Rio de Janeiro, mas ela tentou adivinhar pela lógica, se eu queria estudar e trabalhar com algo ligado as artes o mais provável é que eu tivesse vontade de ir pro Rio. Depois dessa pensei que ela iria só falar besteira, mas ela deu a volta por cima e conseguiu me deixar meio atônito.

Ao término da sessão saí daquele restaurante com dois pensamentos:
1) Aquela mulher tinha feito a lição de casa direitinho.
2) Seria tão bom se fosse verdade. Se algumas pessoas realmente tivessem esse dom.

Infelizmente, tudo não passa de uma grande e falsa ilusão. Como o ser humano é feito de sonhos, sempre vai haver aqueles que continuarão sonhando com esta ilusão e os que vão continuar iludindo estes sonhadores.

domingo, 23 de agosto de 2009

PERFUMES DE MIM

Esse cheiro de céu, é assim, meio que inexplicável, como o sorvete com gosto de rosa que tomei a alguns anos atrás e até hoje não saiu da minha memória.

Os lugares que nos levam, as lembranças que nos trazem, as sensações muitas vezes mágicas e indescritíveis que os aromas e sabores da vida nos provocam, tem um quê de fantástico, surreal e encantado.

Como explicar um cheiro de céu ou um sorvete com sabor de rosas?

Por outro lado, aromas simples e corriqueiros também podem nos proporcionar sensações fabulosas.

Terra molhada; capim; maresia; o cheiro do bolo que se espalha pela casa toda; alecrim; hortelã; essência de baunilha; cheirinho de bebê; roupa limpa; o café recém passado; um bom vinho tinto; o churrasco do vizinho - que é sempre mais cheiroso que o nosso -; protetor solar; hálito fresco...

Tem ainda aqueles cheirinhos que um dia fez parte da vida da gente, mas ficou no passado guardados numa caixinha de lembranças doce e emocional.

Aquela fralda que você não largava por nada quando era criança. Um cheirinho único, de inoscência.

Aquele perfume inesquecível, perdido em algum canto da memória que quando menos se espera vem a tona e reconstitui os mais perfeitos momentos.

Eu que já viajei muito, morei em diversos lugares diferentes e deixei em cada um uma lembrança, uma saudade, vira e mexe volto no tempo e me perco em devaneios ao me deixar levar pelas recordações lúdicas do passado que alguns aromas me proporcionam. Como da vez em que estava escolhendo um perfume numa loja em shopping da gélida Curitiba e entre uma borrifada e outra um cheiro tropical de relva e frutas me levou imediatamente de volta a tórrida Aracaju, em uma noite quente de luar num barzinho a beira mar, reunido com amigos especiais entre um drink colorido e outro celebrando a amizade. Emoção e nostalgia dilacerantes me envolveram instantaneamente e me levaram pra bem longe daquele shopping por longos minutos e a saudade que até hoje me acompanha foi então suavizada.

Outros cheiros nos proporcionam recordações de momentos que sequer vivemos, suscita-nos apenas o desejo de ter vivido aquilo. No meu caso sempre que entro em uma casa com cheirinho de bolo - coisa que aliás adoro - imagino-me entrando em uma casinha de madeira cor de rosa, com cortinas de babados nas janelas. Tenho um ramalhete de flores do campo nas mãos e uma senhora gordinha de vestido branco rodado, que é a cara da dona Benta, está sentada em uma cadeira de balanço fazendo crochê, com suas cãs presas em um imponente coque milimétricamente emoldurado em sua cabeça. Essa senhora é supostamente minha avó. Uma avó de contos infantis que nunca tive, mas sempre desejei.

Em O cheiro de Deus, livro de Roberto Drummond, a personagem protagonista vó Inácia Micaela, é uma senhora cega que vive sozinha, afastada de todos e certo dia sente a presença de Deus através de seu cheiro. Que cheiro é esse e como se dá esse encontro, sinceramente não sei pois ainda não li o livro, mas me pergunto como seria o cheiro de Deus descrito na história e teria realmente Ele algum cheiro se surgisse entre nós?

Teria o Todo Poderoso perfume de flores ou aquele inexplicável cheiro de céu?

Ainda há os odores desagradáveis para muitos mas que estranhamente para alguns como eu são deliciosos. Gasolina e cola de sapateiro são dois cheiros que fazem parte de uma excêntrica preferência olfativa minha, logicamente que em doses homeopáticas senão quem estaria lhes escrevendo seria um alucinado viciado em cola e seus derivados o que definitivamente não é meu caso, mas quando vou a um sapateiro ou posto de gasolina abastecer respiro mais fundo por alguns segundos e me deixo inebriar por esses peculiares aromas.

Metafóricos ou reais, amadeirados, doces, frutados, esquisitos... É indiscutível as poderosas sensações que os aromas provocam em nossos sentidos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

FÁBULA

Era um homem, um homem comum, que um comum destino parecia controlar inteiramente. Um animal doméstico bem treinado.
Um dia sentiu um incômodo nos dois ombros, distenção muscular, má posição no trabalho... Foi piorando e resolveu olhar-se no espelho, de lado, inteiro e nu, depois do banho: não havia dúvida, duas saliências oblíquas apareciam em sua pele abaixo dos ombros. Teve medo mas decediu não comentar com ninguém, e como não transava frequentemente com a mulher, conseguiu esconder tudo quase um mês.
Fez como via fazer sua mulher: pegou de cima da pia um espelho redondo no qual ela ajeitava o cabelo e passou a analisar todo dia aquele fenômeno que em vez de o assustar agora o intrigava. Curioso mas sem sofrer - pois não doía -, foi observando aquilo crescer.
E pensava:
Nem adianta ir ao médico, porque se for um tumor (ou dois) tão grande, não tem mais remédio, é melhor morrer inteiro do que cortado.
Certa vez, quando se masturbava no banheiro, na hora do prazer sentiu que elas enfim se lançavam de suas costas e viu-se enfeitado com elas, desdobradas como as asas de um cisne que apenas tivesse dormido e, acordando, se espojasse sobre as águas.
Ficou ali, nu diante do espelho, estarrecido.
Agora ele não era apenas um homem comum com contas a pagar, emprego a cumprir, família a sustentar, filhos a levar para o parque, horários a cumprir: era um homem com um encantamento.
Eram umas asas muito práticas aquelas, porque desde que usasse camisa um pouco larga acomodavam-se maravilhosamente embaixo das roupas. Em certas noites, quando todos dormiam, ele saía para o terraço, tirava a roupa e varava os ares.
Sua mulher notou alguma coisa diferente no corpo de seu marido. Estava ficando curvado, tantas horas na mesa de trabalho. Nada mais que isso. Embora a mãe lhe tivesse dito que "com homem é sempre melhor confiar desconfiando", daquele seu homem pacato ela jamais imaginaria nada muito singular.
- Você vai acabar corcunda desse jeito, aprume-se - ela dizia no seu tom de desaprovação conjugal.
As coisas se complicaram quando, já habituado a sua nova condição, o homem anjo olhou em torno e, sendo ainda apenas um homem com asas, sentiu-se muito só, e começou a pensar nisso. E olhou em torno e se apaixonou.
Na primeira noite com sua amante, esqueceu o problema, tirou a roupa toda, e quando ela começava a apalpar-lhe as costas o par de asas se abriu, arqueou-se abrindo as pontas bem no alto por cima dele, na hora do supremo prazer.
Mas essa mulher/amante não se assustou, não se afastou. Apertou-se mais a ele, e dizia: vem comigo, vem comigo, vem comigo...
E abriu suas asas também.

Moral da história: os iguais se reconhecem mesmo inconscientemente.

domingo, 16 de agosto de 2009

28 PRIMAVERAS


Tenho 28 anos, rescém completados na última terça-feira, 11 e comemorados ontem, sábado 15.

A comemoração: balada tipicamente gls com direito a muitos shows performáticos de drags, música techno, casa lotada, alguns amigos, bebidas noite adentro, um suposto amor platônico e a incômoda sensação de que tudo continua igual.

Nada de especial. Não houve fogos de artifício, os sinos não tocaram e o tão desejado beijo não aconteceu.

Quase 30. É engraçado e tranquilizador como digo isso hoje sem o mesmo pavor que me acometia á 3 anos atrás, serenidade talvez ou conformação pura e simplesmente. Não sou mais o adolescente sonhador e romântico de 15 anos, que podia dar-se ao luxo de dizer que ainda tinha muito tempo pela frente. Ainda tenho tempo, apenas isso, o muito definitivamente ficou pra trás. E o que fazer com ele agora?

Estou me esvaziando de tudo que passou pra poder receber esse novo tempo com plenitude e sabedoria. Uma nova fase se descortina agora em minha frente, vou agarrá-la com tranquilidade, longe da ansiedade e do desespero que me acompanharam por tanto tempo. Seriam coisas da idade ou simplesmente reflexos de uma personalidade insegura? Não importa. O que importa é que me sinto menos ansioso, fruto de um amadurecimento gradativo, coroado depois da festa de ontem, acabo de constatar isso.

O que aconteceu na festa de tão especial para que chegasse a essa conclusão?
Tudo e nada.

Nada de especial como já disse. Nenhum fogo de artifício, nenhum sino, nenhum olhar apaixonado, nenhum beijo de amor. Fluidos corporais trocados as pressas com furor e desespero não fazem mais a minha cabeça - estou passando da idade - mas na verdade nunca fizeram, sempre procurei envolvimentos mais profundos em todos os sentidos da vida. Já olhei pra toda aquela gente cheia de pose e sem nenhum conteúdo com raiva, desprezo, revolta, tristeza, amargura... Ontem não, apenas as enxerguei como realmente são e constatei que são completamente o oposto de mim, de tudo que desejo e acredito, nem melhores, nem piores, apenas diferentes, muito diferentes e e isso é tudo, poder enxergar as diferenças que te desagrada nos outros sem aquele ranço de ressentimento, quando a grama do outro lhe parece mais verde e atraente que a sua. Acho que isso pode-se chamar de amadurecimento. Isso sem contar que o papo mais interessante que tive ontem foi com um senhor simpaticíssimo de uns 50 anos mais ou menos, que conheci no bar entre um show e outro.
Pessoas mais velhas sempre me atraíram desde criança, aos 15 anos tinha amigos maravilhosos de 40, acho que isso contribuiu muito pro desenvolvimento do meu intelecto e me tornou assim um tanto quanto mais exigente em relação aos amores e as amizades.

Então termino essa postagem e começo essa nova fase citando um trecho do livro da Lya Luft que comecei a ler hoje, Perdas & Ganhos: "Pois viver deveria ser - até o último pensamento e o derradeiro olhar - transformar-se."


APENAS UMA FRASE

"A dor é inevitável o sofrimento é opcional."

sábado, 15 de agosto de 2009

APENAS UMA FRASE



"Para que nada nos separe, que nada nos una."
Pablo Neruda

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

LIVRO

Acabo de ler Para sempre teu, Caio F., um delicioso e melancólico livro de cartas, conversas e memórias do escritor gaúcho, morto de aids em 1996, Caio Fernando Abreu. Escrito pela jornalista, grande amiga e companheira de Caio, Paula Dip, o livro é uma emocionante e envolvente viagem pela vida curta e intensa do escritor.
Ácido, irônico e extremamente dramático, Caio se aprofundava nas coisas e sentimentos mais simples da vida até sangrar, ele e o leitor de suas crônicas e contos tão corrosivos e reais. Caio deixava o nervo exposto e lutou com todas as forças até a última gota para sentir-se feliz e pleno antes de partir.
Pra mim, Caio foi como uma espécie de Cazuza -de quem era amigo- da literatura. Para quem não o conhece, acho que essa seria a melhor definição rápida sobre a vida e obra dele.
O livro com pouco mais de 500 páginas acaba e você nem sente, pelo menos eu não senti.
Recomendo o livro e as obras de Caio para quem gosta de contos e literatura de muitíssima qualidade e pra quem se interessa em conhecer um pouco mais a vida de artistas geniais e atormentados, que nos lavam a alma cantando, atuando ou escrevendo sobre tudo aquilo que não conseguimos verbalizar.
Só pra dar água na boca, reproduzo abaixo o trecho de uma carta escrita por Caio para a amiga Paula em uma temporada que ele viveu em Paris. Reparem se não é uma delícia:

Paris, 15 de abril de 1994.

"...Viver é bom demais, dear Deep. E veloz, meio gincana, ás vezes. Pegue tudo a que você tem direito, e nós temos direito a absolutamente tudo de bom. Porque há sangue em Ruanda, em Sarajevo, e outra vez na Palestina, há adolescentes mendigos lindíssimos pedindo esmolas pelos metrôs de Paris e estudantes em fúria pelas ruas - por tudo que há de mau no mundo, nós merecemos o máximo do bom. Sem culpa. On y va!
Ando mais bambi do que jamais, me dou pequenos presentinhos, faço tudo o que tenho vontade: me gratifico o tempo todo. E não existe outra cidade como Paris para você gratificar-se. Há alamedas inteiras de cerejeiras floridas, você passa por baixo e entra numa espécie de túnel pink - veadíssimo, voilá, ma troppo bello! -, há vitrines indianas, japonesas, javanesas, balinesas, para você se deter e ficar olhando a prata, as esmeraldas, as sedas. Descobri uma boutique só de sedas em Saint-Germain, outro dia passei uma hora inteira metido lá dentro, só tocando e sentindo, uma espécie de tesão na ponta dos dedos. Wow!
Que frenesí dos sentidos Paris me dá, Paula Dip.
Pedalices à parte, tout ça marche trés, trés bien. Os livros são um sucesso! Ganhei meia página a cores no L'Express, a Veja (com ética) daqui, uma foto em P&B com texto elogioso numa revista chic chamada Les Inrockuptibles, o programa de tv foi ótimo (eu estava numa simpatia devastadora), fui convidado para outro - Cercle de Minuit, um outro Jô daqui - no dia 25. Outro dia um menino me parou na rua do Louvre e me pediu um autógrafo. Eu, a Laika: "Mas porquoi moi?" Ele tinha visto o programa de tv, comprou Dulce V., adorou, deu para os amigos (o livro, mas talvez não só...). Eh bien, dei o autógrafo. Aí perguntei o nome dele. Ele respondeu "Damour". Eu: "Pardon?" Damour, não é que o garoto me deu um cartão, é pintor - chamava-se mesmo Damour? Há sinais pelas esquinas, dou autógrafos para o Amor na rua do Louvre e se alguém vier me falar mal da vida nestes dias que correm, eu juro que lhe parto a cara..."

A carta é longa, mas isso foi só pra dar um gostinho. Agora se depois de ler esse trecho você não tiver sentido pelo menos uma pontinha de vontade de conhecer Paris ou voltar, se já esteve lá, não leia o livro, você não vai sentir nada em nenhuma página.

domingo, 9 de agosto de 2009

APENAS UMA FRASE


"O ser humano tem necessidade das utopias"

domingo, 2 de agosto de 2009

APENAS UMA FRASE

"Há sempre alguma coisa ausente que me atormenta"
Camille Claudel

DOMINGO NO PARQUE...


Pessoas namorando
Pessoas abraçando
Pessoas caminhando
Pessoas tocando violão
Pessoas pedalando
Pessoas andando de skate
Pessoas se alongando
Pessoas relaxando
Pessoas refletindo
Pessoas falando japonês
Pessoas estudando inglês
Pessoas tomando água de coco
Pessoas comtemplando
Pessoas lendo
Pessoas comendo
Pessoas sorrindo
Pessoas sérias
Pessoas pensando
Pessoas correndo
Pessoas cantando
Pessoas jogando bola
Pessoas procurando
Pessoas conversando
Pessoas patinando
Pessoas admirando os cisnes negros
Pessoas acompanhadas
Pessoas solitárias
Pessoas amando
Pessoas respirando
Pessoas escrevendo uma poesia chamada VIDA...

CITAÇÃO


"Às vezes a vida fica insuportável. Em vez de cometer suicídio, eu entro num cinema. Tenho uma enorme paixão pelo cinema. Quando estou escrevendo sempre penso: onde está a câmera? Quem olha esta cena? Qual é o ângulo desta visão?"
Caio Fernando Abreu

Faço minhas as suas palavras, Caio.

terça-feira, 28 de julho de 2009

BEIJE-ME


Beije-me com volúpia e com passividade

Beije-me com silêncio e com fogos de artifício

Beije-me com doçura e com uma certa acidez

Beije-me com verdade e com uma dose de dissimulação

Beije-me com vontade e com uma pitada de desprezo

Beije-me com sorrisos e com lágrimas

Beije-me com vergonha e com descaramento

Beije-me com os lábios e com os olhos

Beije-me com descência e com obscenidade

Beije-me com chocolate e com hortelã

Beije-me selvagem e manso

Beije-me com dor e com alívio

Beije-me com glamour e com simplicidade

Beije-me com loucura e com sanidade

Beije-me com alegria e com tristeza

Beije-me com ilusão e com desesperança

Beije-me seco e molhado

Beije-me apaixonado

Beije-me tranquilo e animado

Beije-me com calmaria e com folia

Beije-me sóbrio e alucinado

Beije-me com muito e com pouco

Beije-me suave e com sufoco

Beije-me gentil e esculachado

Beije-me com o céu estrelado

Beije-me com o coração e com as mãos

Beije-me de perto e de longe

Beije-me com flores e com espinhos

Beije-me com raiva e com carinho

Beije-me com frio e com calor

Beije-me como quiser e como for

Só não me beije sem amor

domingo, 26 de julho de 2009

APENAS UMA FRASE

"Como é insaciável e abrasivo o vício de escrever."
Gabriel García Márques

sábado, 25 de julho de 2009

50 COISAS



Comemorando as 50 postagens deste blog que é meu xodó, vou listar as 50 coisas que me fazem feliz. Preferências e paixões que me alimentam o espírito e o coração. Pequenas e grandes emoções.

São elas:

1- Ler

2-Escrever

3- Cinema

4- Teatro

5- Música (Norah Jones, Elis Regina, The Cramberries, Ana Carolina, Annie Lennox, Djavan, Radiohead, Adriana Calcanhoto, Coldplay, Vanessa da Mata, James Blunt, Paula Toller, The Killer, Cazuza, Corinne Bailey Rae, Legião Urbana, Chris Garneau e etc...)

6- Novelas

7- Pedro Almodóvar

8- Caminhadas ao ar livre (parques e praias de preferência)

9- Fondue com vinho

10- Casa com cheiro de bolo

11- Pizza de rúcula com tomate seco

12- Pratos a base de camarão

13- Churrasco

14- Conversa sobre arte e seus derivados

15- Dançar

16- Chopp com os amigos

17- Jogos caseiros (baralho, dominó, damas, imagem e ação, war, detetive, monopoly...)

18- Livrarias

19- Cafeterias

20- Borboletas

21- Orquídeas

22- Água gelada

23- Suco natural (laranja e abacaxi)

24- Açaí com granola

25- Falar bobagem

26- Cozinhar

27- Caipirinha

28- Caio Fernando Abreu

29- Clarice Lispector

30- Oscar Wilde

31- Cecília Meirelles

32- Martha Medeiros

33- Viajar

34- Chocolate

35- Máscaras venezianas

36- Campo

37- Cavalos e cavalgar

38- Comprar livros e cd's

39- Pessoas cheirosas e bem vestidas

40- Outono

41- Revistas de viagem, comportamento e dicas culturais

42- Dia nublado sem chuva

43- Cores

44- Assistir ao pôr-do-sol

45- Festa com temática dos anos 70

46- Sair a noite

47- Seriados (Grey's anatomy, Cold case, Heros, Monk, Will and Grace, CSI Nova York, Os normais, Mulher, A justiceira, Tudo novo de novo...)

48- Conhecer gente nova e interessante

49- Abraçar

50- Helenira Santana, o grande amor da minha vida, minha mãe.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

APENAS UMA FRASE


"Queria tanto ser amado por alguma coisa que escrevi" Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 20 de julho de 2009

AOS MEUS AMIGOS

Hoje, dia 20 de julho é o dia internacional do amigo. Como amo todos os meus, os que foram, os que são e os que ainda haverão de ser, não poderia deixar de prestar minha singela homenagem, a esses que são a família que escolhemos, os irmãos de alma e coração.

Um dia recebi de minha amiga Amanda um texto poético, que falava das pessoas que passam por nossas vidas, algumas são como cometas, nos fazem bem, mas passam rápido demais, sem deixar muitas marcas. Outras, são como estrelas, surgem e permanecem pra sempre, brilhando e iluminando nosso caminho, mesmo que distantes.

É das estrelas que quero falar. Das estrelas que estão distantes de mim por diversos motivos, mas que não param de brilhar em minha lembrança.

Estrelas como você Nadege, que hoje está do outro lado do oceano, na terrinha, feliz e apaixonada por um belo português. Eu também estou muito feliz por você e mais ainda quando lembro o quanto fomos felizes juntos, entre 1998 e 2001. Éramos inseparáveis, lembra? Adoráva-mos bater perna no shopping. Nossas inesquecíveis sessões de cinema (Chocolate; A mexicana; Miss simpatia), filmes que marcaram pra sempre; muitas calorias a mais no Mc'Donalds; as sessões de teste vocacional; nossas risadas; bobagens; briguinhas; desabafos; planos de cursar jornalismo (dos nossos planos é que tenho mais saudade, quando olhávamos juntos na mesma direção); a festinha surpresa em meu vigésimo aniversário. Mais que tudo isso Nadege você é uma amiga que aprendi a admirar e respeitar por seu caráter digno, firme, puro, ingênuo e verdadeiro e por essa leveza que você trás na alma.
Um dia nos reencontraremos amiga e seremos felizes de novo!!!

Queria tanto ter uma amizade como a de minhas maluquetes Bianca e Lauren. Amizade longa e forte que dura mais de 15 anos. Nunca permaneci tempo suficiente em um lugar para que uma amizade perdurasse tanto, ainda assim ganhei a amizade das duas de presente, vieram em dose dupla e cheias de glamour, descoladas, antenadas, atrevidas, abusadas, loucas, delicadas e obcenas. Como elas são muito glamourosas, agora dão pinta na Itália, em Firenze e eu mais uma vez, observo minhas duas estrelas a distância, por um microscópio chamado orkut, mas haveremos de nos tocar novamente e então sairá faíscas de reencontro tão brilhante.

Uma estrela mais antiga, que se afastou, se afastou e hoje parece quase inatíngivel, chama-se Alexandre. Esse foi um divisor de águas na minha vida.
Com você Alexandre descobri que existe paixão sem sexo. Você aguçou meu interesse pela arte, pela boa música, pela poesia. Me ensinou a apreciar os pequenos prazeres da vida, a manter sempre a elegância em qualquer situação. Com seu jeito manso, calmo me conduziu a um mundo de finuras e delicadezas e eu sou eternamente grato e satisfeito por isso.
Ah como eu tenho saudade, das nossas tardes mornas, regadas por lanchinhos especiais e nossas trilhas de novela preferida, eu tinha verdadeira veneração por aquela sua coleção imensa de discos e cd's com todas as trilhas. As festinhas íntimas com uns poucos e bons. Era tudo tão perfeito. Mas como tudo que é bom sempre acaba, acabou, pra minha tristeza e infelicidade. Foram longos 11anos de inconformismo pelo fim do nosso tempo da delicadeza, até que no ano passado ao te achar no orkut e vc me ignorar solenemente, consegui me libertar. Não consigo ter raiva de você, vou guardar nossos momentos lindos pra sempre e sei que você também.
Já que você não está aqui, oque posso fazer é cuidar de mim.

E então surge a estrela que ainda posso alcançar. Murilo ainda está lá em Porto Alegre, mas promete logo estar cá em Sampa, assim espero. Quero de volta meu companheiro de baladas; quero nossas divagações sobre arte, literatura, cinema, teatro; quero minha companhia pra um bom café na cafeteria mais in do momento; quero nossos jantares; caminhadas no parque e todo o charme e veneno que só uma mamba negra e uma naja conseguem ter.

Além de todos já citados, quero desejar também a Luzia, Diana, Suzana, Pablo, Daniela, Cristina, Sheila, Fernando e Maristela um feliz dia do amigo!!!

Estão todos do lado esquerdo do meu peito, debaixo de sete chaves.