quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

TUDO O QUE VOCÊ NÃO DISSE

Querido Esdras

Como você está? Acredito que no mínimo surpreso, pois certamente não esperava uma carta minha não é? Pelo menos, não agora, depois de tanto tempo. Sei que demorei muito, mas sinceramente, de todo o meu coração espero que esteja bem, feliz de verdade, assim como eu gostaria de estar.
Queria ter as palavras certas, aquelas mais belas e sublimes pra poder descrever-te tudo o que sinto, mas como não sou um poeta, vou deixar que as palavras fluam do meu coração exatamente como elas são, simples e verdadeiras, como é o meu sentimento por você.
Talvez eu não tenha mais tempo, talvez seja tarde demais. É tão absurdo isso, eu não sei mais nada sobre você. Onde você mora, onde trabalha, se tem muitos ou poucos amigos, se ainda gosta das mesmas músicas, de cinema, de caminhar naquele parque onde a gente se conheceu de verdade, onde trocamos segredos. É como se estivesse escrevendo uma carta pra um completo desconhecido, mas o meu coração diz que não. Ele diz que você ainda é aquele mesmo garoto de voz mansa e jeito suave que ainda espera um grande amor, e eu rezo ardentemente todos os dias pra que ele não esteja enganado, pra que minhas esperanças não sejam todas dilaceradas uma a uma.
Você não vai acreditar onde estou agora. Em Berna, na Suíça. Estou de folga e vim conhecer um chalé muito charmoso, que na verdade fica em Oberland, afastado a uns poucos quilômetros da capital. O lugar é mágico Esdras, guarnecido por uma natureza escandalosamente verde e azul por todos os lados. As montanhas, ou melhor, os alpes, são fabulosos, tudo aqui é estonteante e é impossível não pensar em você. Foi você quem me contou sobre uma citação de Clarice Lispector, onde ela dizia que aqui tudo era maravilhoso mas faltava demônio em Berna, uma espécie de calor humano, lembra? Pois pra mim aqui não falta nada, apenas você. Fico o tempo todo imaginando como seria perfeito conhecer e desvendar essa cidade com você do meu lado, já pensou? Então eu entenderia o que é felicidade. Depois daqui parto pra Bruxelas, outro lugar que era um sonho seu. Será que ainda é? É incrível como nos últimos tempos tudo tem direcionado meus pensamentos até você. Esdras, sei que te magoei muito, talvez por algo que não fiz, do que por alguma coisa que fiz. Pequei pela omissão, sabia do que sentias por mim e ainda assim preferi me calar, disfarçar, fingir que nada acontecia pra pelo menos usufruir de sua amizade, fui egoísta e cruel eu sei, ignorei seus sentimentos em nome de um benefício próprio. Era cômodo e envaidecedor saber-me especial e desejado por duas pessoas ao mesmo tempo. Um ego ridículo inflou e tomou conta de mim, me sentia o máximo, um super-homem, capaz de provocar as mais loucas sensações em todos a minha volta. Quanta estupidez!!!!!! Te peço perdão por isso. Se existe uma coisa pela qual me arrependo tanto quanto não ter aceitado seu amor na hora certa foi ter fugido daquele beijo que nos prometemos, lembra? Um único beijo que não aconteceu, por insegurança, covardia e medo de me envolver irremediavelmente, não ter coragem de me separar de R. e magoar você com falsas esperanças, fazendo-o sofrer ainda mais. Será que foi melhor assim? São tantas dúvidas, tantas perguntas, que só mesmo olhando nos seus olhos e tocando na sua pele para dissipá-las todas. Será que terei essa chance? Ainda significo alguma coisa pra você?
Já me livrei de todos os meus fantasmas. Finalmente coloquei um ponto final em meu relacionamento com R., e dessa vez é de verdade, acabou mesmo. Foi difícil, delicado, mas não tinha jeito, não havia mais um relacionamento há muito tempo. Eu o olhava e já não sentia mais absolutamente nada, nem mesmo a tal gratidão, que ele usou durante tanto tempo pra me fazer chantagem emocional. Definitivamente enterrei C., foi um grande amor, mas ele não existe mais. Segui-o amando todo o tempo que estive com R. e quase perdi minha sanidade, até que você apareceu e então comecei a organizar minhas ideias e sentimentos novamente, até chegar a esta conclusão que aqui estou e a esta carta.
Amado, você me fez renascer, me despertou pro amor de novo, me fez entender que a vida não acabou por causa de um deslize estúpido, mas tornou-se sim mais preciosa e especial do que antes, e eu quero viver, e te ver, e beijar e amar você.
Será que ainda temos tempo? Será que você ainda espera por mim? Será que ainda quer me fazer feliz?
Eu quero te fazer feliz e vou ao seu encontro, esteja onde estiver.
EU TE AMO!!!!!!


H.




domingo, 22 de fevereiro de 2009

A FESTA PERFEITA


A casa que nunca está menos que super lotado, tinha pouquíssimas pessoas.
A pista estava quase vazia, deliciosamente espaçosa.
O ambiente pequeno e aconchegante recebia um número reduzido de gente bonita, charmosa, de bom gosto e muito animada.
A decoração, minimalista e requintada, dava um toque todo especial ao clima noir e nostálgico, com um grande e colorido quadro de Marilyn Monroe a nos observar a todos.
Os dj's era um show á parte, animadíssimos e super alto-astral, botaram fogo na festa, conduzindo as pick-ups com energia e muita alegria, mas o som foi a grande atração da noite. Um revival de músicas da minha adolescência, infância e de qdo eu ainda era apenas uma hipótese remota.
Os 90, 80 e 70 bombaram na pista e contagiaram de forma indescritível. Não existem palavras suficientes pra traduzir a energia q fluía poderosa dentro de cada um, e ainda menos em uníssono.
Posso afirmar sem medo de exagerar que foi a melhor festa da minha vida até aqui. E enquanto dançava, totalmente nas nuvens e em êxtase absoluto, Marylin
com seu carão antológico e sorriso escancarado, testemunhava e abençoava a festa perfeita.
E naquele momento, eu fui feliz !!!!!!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

CARNAVAL EM VENEZA

Começa hoje a famosa chamada "festa da carne" aqui no Brasil.
Sim meus amigos, eis que surge mais uma vez o carnaval. Para quem gosta, um prato cheio. Quatro dias e cinco noites de pura orgia, muita bebida, muita dança, muita gente vestindo e principalmente tirando a fantasia, muito samba, suor e cerveja, folia pra dar e vender. Tudo muito, exageradamente, senão não é carnaval. O carnaval é a festa dos excessos, e por este motivo me incomoda um pouco. Carnaval me parece um desespero coletivo, nestas cinco noites faz-se urgente e necessário que se beije muitas e diferentes bocas, que exponha-se o corpo o máximo possível, os foliões respiram sexo e quem não gosta recolhe-se a um cantinho qualquer torcendo para que acabe logo tamanha insanidade.
Em meus mais remotos desejos o carnaval de Veneza sempre esteve presente como a mais perfeita e cobiçada personificação de uma festa verdadeiramente digna de reis e rainhas. Envolta em elegância e mistério o carnaval de Veneza surgiu a partir da tradição do século XVII, onde a nobreza se disfarçava para sair e misturar-se com o povo. Desde então as máscaras são o elemento mais importante deste carnaval.
Uma festa de pessoas finas, requintadas e civilizadas. Infelizmente aqui nos trópicos finésse, requinte e civilização não tem muita graça nestas cinco noites de sacanagem total.
Quanto a mim resta continuar sonhando com toda a beleza e deslumbre daquele que ainda me parece o melhor e mais lúdico carnaval do mundo e permanecer torcendo, num cantinho qualquer, que essa esquizofrenia brasileira acabe o mais rápido possível.


BOM CARNAVAL PRA TODOS!!!!!!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

INSÔNIA

Madrugada. Três horas e seis minutos.
Não é bem insônia de verdade, transformou-se já em um costume, dormir sempre depois das três. Decididamente um notívago.
Paula Toller, com sua voz sublime de seda pura embala os poucos minutos que faltam pra que me entregue definitivamente aos "braços de morfeu".
O dia foi terrivelmente quente, mas agora a chuva cai furiosa e vingativa sobre a cidade. Com tanta força que parece rasgar a escuridão como um punhal de gume letal, acompanhada de raios e trovoadas, parece berrar em meus ouvidos um ódio chamejante.
Ódio?
De quem? Por que?
Não sei. Talvez meu coração esteja sobrecarregado. Já não sei se falo mais coisa com coisa, afinal já são três e vinte e seis. O sono já turva os meus sentidos.
Só queria falar um pouco da chuva, da música e dos sonhos, mas os sonhos foram sequer mencionados.
Claro que não, ainda não dormi!!!!!!!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

UM PEQUENO SEGREDO

Dentro da negríssima escuridão, entre as tenebrosas copas das ávores que dançavam ao sabor do vento malicioso e cúmplice, descobriu-se profano e obsceno, mais do que isso, cruel e egoísta. Era apenas uma parte de si, uma pequena parte, mas ele a odiava profundamente. Apenas um pequeno pedaço, que tinha uma duração máxima de 15 ou 20 minutos, mas que parecia incontrolável. Repetia sempre em sua mente atormentada que não mais entregaría-se a tal prática, mas quando se dava por conta já era tarde demais.
Sentia-se como uma serpente rastejando em um chão imundo e poeirento, aflita e sedenta que pica sua vítima e mais que imediatamente desaparece em meio ao nada, após sentir o líquido esvair-se saciada e venenosa.
Livre da embriaguês noturna, revoltava-se, incoformado com sua fraqueza e passava as horas, os dias, todos os momentos de reflexão á procurar motivos para tanta devassidão. Sabia que não era um depravado, um doente, nem um tarado. Entendia que tinha necessidades como todo ser-humano, mas aquilo era inaceitável, asqueroso, nojento.
Justo ele, que sonhava com um amor arrebatador, que era a personificação do romantismo, que devaneava uma paixão calma e inocente. Justo ele, que pregava a moral e os bons costumes e acreditava sinceramente que poderia-se viver um grande amor sem necessariamente ter que praticar o sexo, o que para ele era apenas um detalhe, apenas a cereja do bolo, nada absolutamente prioritário.
E embora sentisse tudo isso, e essa sim fosse sua maior parte, a mais verdadeira e fiel a sua índole e seu caráter, aquele pedacinho maldito e imoral insistia em tomar conta de seus desejos soturnos e peçonhentos. Era um pedaço tão pequeno e insignificante, que ele se perguntava, rasgando-se por dentro em mil partes, por que não conseguia controlar. Então punha-se a rezar, a pedir e implorar ardorosamente com toda a fé de seu coração, com toda a fé adquirida desde a infância para que o Todo-Poderoso o iluminasse, para que lhe desse toda a força de caráter necessária pra vencer a tentação.
E resistiria então por dois, três, quatro dias, as vezes uma semana, até o momento em que a diabólica negríssima escuridão e as dissimuladas, pérfidas e tenebrosas árvores com sua maligna e hipnótica dança o seduzissem novamente.