quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


EM 2009...


Contabilizando todos os acontecimentos que fizeram parte da minha vida nesse ano que dá seus últimos suspiros, entre coisas boas, ruins, corriqueiras e importantes, o saldo foi este:

4 empregos, sendo 3 demissões e 1 pedido. Os motivos de tanta instabilidade, um dia contarei em detalhes.

2 mudanças: de Porto Alegre para São Paulo, de São Paulo para Santos.

13 festas.

9 livros lidos.

16 filmes assistidos no cinema.
Top 5: 1)Foi apenas um sonho; 2)Milk-A voz da igualdade; 3)Gran torino; 4)Há tanto tempo que te amo e 5)Ele não está tão a fim de você.
Os 5 piores: 1)Bruno; 2)Eu odeio o dia dos namorados; 3)Do começo ao fim; 4) Paris; 5)Quem quer ser um milionário.

7 novos amigos.

Muitas angústias e tristezas. Alguns sorrisos e alegrias e agora muita, muita esperança de que tudo seja mais leve, doce e tolerável em 2010.

Queria poder escrever coisas lindas. Poesias, mensagens de otimismo, afirmar que no próximo ano tudo será maravilhoso, mas eu não sei. Espero, como esperei a vida toda, durante todos os anos com otimismo permanente e incansável que o melhor de tudo aconteça, mas confesso hoje que não tenho mais ilusões. Longe de mim parecer pessimista e amargurado, não quero isso. Quero apenas expressar o meu momento, meus sentimentos, a realidade que vivo hoje.

Meus sentimentos longe de amargos, estão claros como água cristalina, me sinto tão lúcido, tão maduro agora. Não tenho mais a visão turva dos românticos sonhadores incorrigíveis. É tudo tão nítido. Tenho a serenidade dos realistas e embora os sonhos pareçam bobos diante de tanta realidade opressiva, estou bem. Alcancei algo de que necessitei desesperadamente durante tanto tempo, é justo que me sinta satisfeito agora, sem revoltas nem amargura pela perda da inocência e da ingenuidade que me fazia tão diferente e especial diante de tantas cobras engolindo umas as outras.

Minhas palavras já se confundem, nem sei se falo mais coisa com coisa. Vocês estão entendendo o que escrevo? Esse post era pra ser um balanço do meu ano em números, acabou se tornando, numa mistura confusa e mal colocada talvez, um pequeno desabafo. É que embora apertado por estar chegando ao fim um ano que prometia tanto e que tão pouco cumpriu, meu coração se fundi entre sentimentos de alívio, esperança, angústia e medo.

Como será o amanhã? Responda quem puder.

Que para cada um, a seu modo, 2010 seja sinceramente repleto de realizações!!!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O ANO NOVO E O GUERREIRO DA LUZ

por paulo coelho

Um guerreiro da luz nunca esquece a gratidão. Durante 365 dias passados, foi ajudado pelos anjos; as forças celestiais colocaram cada coisa em seu lugar e permitiram que ele pudesse dar o melhor de si. E foi ajudado por seus amigos, que estiveram do seu lado.

Um guerreiro não precisa que ninguém lhe recorde a ajuda dos outros; ele se lembra sozinho, divide com eles a recompensa e as decisões para o futuro.

Um guerreiro da luz respeita o principal ensinamento do I Ching: "A perseverança é favorável". Mas sabe que perseverança nada tem a ver com a insistência. Existem épocas que os combates se prolongam além do necessário, exaurindo suas forças e enfraquecendo seu entusiasmo.

Nestes momentos, o guerreiro reflete: "Uma guerra prolongada termina destruindo o próprio país vitorioso". Então retira suas forças do campo de batalha e dá uma trégua a si mesmo. Persevera em sua vontade, mas sabe esperar o melhor momento para um novo ataque.

Um guerreiro sempre volta à luta. Mas nunca faz isto por teimosia - e sm porque nota a mudança no tempo.

Um guerreiro da luz conhece seus defeitos. Mas conhece também suas qualidades.

Alguns companheiros queixam-se o tempo todo: "Os outros tem mais oportunidades que nós". Talvez tenham razão; mas um guerreiro não se deixa paralisar por isto; ele procura valorizar ao máximo as suas virtudes. Sabe que o poder da gazela é a habilidade de suas pernas. O poder da gaivota é sua pontaria para atingir o peixe. Aprendeu que um tigre não tem medo da hiena, porque é consciente de sua força.

Um guerreiro procura saber se pode contar com estas três virtudes: habilidade, pontaria e consciência de si mesmo. Se as três estão presentes, ele não hesita em seguir adiante. Se não estão, adestra-se até que possa confiar em suas atitudes.

Um guerreiro da luz, antes de entrar num combate importante, pergunta a si mesmo: "Até que ponto desenvolvi minha habilidade?".

Ele sabe que as batalhas que travou no passado sempre terminaram por ensinar alguma coisa. Entretanto, muitos destes ensinamentos fizeram o guerreiro sofrer além do necessário. Em mais de uma vez, ele perdeu seu tempo, lutando por uma mentira. Mas os vitoriosos não repetem o mesmo erro.

Um guerreiro não pode recusar a luta; mas sabe também que não deve arriscar sentimentos importantes, em troca de recompesas que não estão a altura do seu amor.

Por isso o guerreiro só arrisca o seu coração por algo que vale a pena.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

HOJE, EU CHOREI

Nunca fui de chorar pela morte de artistas, por mais que alguns desses me fossem queridos.

A primeira vez que a morte de um artista me deixou triste e chocado, foi aos 11 anos quando a jovem e promissora atriz Daniela Perez foi brutalmente assassinada por um colega psicopata em dezembro de 1992, mas eu não chorei.

Depois, em outubro de 1996, no auge de uma adolescência efervescente, quase pirei com a morte inesperada - pelos fãs, não por ele - de Renato Russo. Eu estava começando uma longa, profunda e sentimental jornada pelas ideias, angústias, amores e aflições de um dos gênios da nossa música, quando ele se foi me deixando órfão de novas ideias, novas angústias, novos amores e novas aflições, porque o que ele deixou tornou-se eterno e sagrado pra mim. Ainda assim, embora inconformado e arrasado, eu não chorei.

Cinco anos após a morte de Renato, em dezembro de 2001, falece mais uma promissora estrela da música brasileira. No auge de sua carreira, depois de vender milhões de cd's com seu trabalho acústico, Cássia Eller nos abandona, partindo dessa pra melhor. Era demais pra mim, impossível acreditar e aceitar, um mês antes, em novembro, ela estava mais viva do que nunca, aprontando todas com seu jeitão tímido e irreverente no último show que eu presenciei em minha cidade. Eu insisti tanto pra ir naquele show, convidei um monte de gente pra me acompanhar, mas ninguém quis. Fui sozinho mesmo, com a cara e a coragem e não me arrependi. Aquele show foi um divisor de águas na minha vida. Após me tornar seu fã incondicional, um mês depois Cássia Eller estava morta. Apesar de tudo, eu não chorei.

Em janeiro de 2008, depois de explodir mundialmente com o polêmico filme "O segredo de Brockeback Mountain", o talentoso ator hollywoodiano Heath Ledger morre em seu apartamento por overdose de remédios. Fiquei muito triste por ele, pela família dele, que deixou uma filhinha de 3 anos, por mim, por não ter mais a oportunidade de comtemplar tamanho talento e uma certa beleza exótica, muito peculiar, em novas produções cinematográficas. Ainda assim, mesmo muito triste, eu não chorei.

Já esse ano, parece que foi o ano das mortes inesperadas e extremamente sentidas por mim. Em 11 de outubro faleceu Stephen Gately, um dos integrantes do extinto grupo musical irlandês Boyzone, uma boy band com cinco garotos lindíssimos que fizeram o maior sucesso na década de 90. Stephen tinha apenas 33 anos e era bastante conhecido por ter sido o primeiro integrante de uma boy band a assumir publicamente sua homossexualidade, exatamente por isso ele era o meu preferido dos cinco. No dia 13 de novembro quem nos deixou foi a hilária e fantástica atriz Mara Manzan, aos 57 anos após lutar ferozmente contra um câncer durante 2, Mara perde a guerra e nos deixa cheio de saudades. E dando continuidade a esta mórbida saga, no dia 03 de dezembro é encontrada morta em seu apartamento a atriz Leila Lopes. Reconhecida como um promissor talento da nova geração de astros globais nos anos 90, leila atuou em uma novela atrás da outra até cair no ostracismo em meados dos anos 2000. Para não cair no esquecimento total e chamar a atenção da mídia novamente, Leila fez dois filmes pornô. Parece que não aguentou a barra de tamanha exposição e acabou cometendo suicídio aos 50 anos. Deixou uma carta tocante, que mexeu muito comigo. Senti pena de Leila, eu gostava dela. Essas três, foram perdas muito tristes, que me deram muita vontade de chorar, mas eu não chorei.

Hoje, eu chorei. Aos 32 anos recém completados, morreu ontem, dia 20, a graciosa atriz de Hollywood Brittany Murphy. Quando escutei o anúncio no jornal, parei tudo o que estava fazendo e fiquei estático diante da tv, incrédulo, boquiaberto, pasmo, sem ação. A repórter narrava a notícia e cenas de Brittany, linda, cheia de vida em premiações, posando para os fotógrafos, deslumbrante em longos vestidos de gala, com sorriso iluminado apareciam na tela. Na minha cabeça todos os filmes leves, solares, românticos e engraçados que ela fez formavam um flashback.

Estrela de filmes estilo sessão da tarde, Brittany era um encanto. Apesar da pouca idade sua filmografia é extensa, mas dentre todos, apenas 3 bastam para se ser arrebatado por ela: Grande menina, pequena mulher, Amor e outros desastres e A agenda secreta do meu namorado. Os dois últimos, aliás, estarão em breve na série "Os filmes da minha vida".

Então, eu chorei. Veio naturalmente, como um jorro instântaneo e involuntário. Uma necessidade de pôr pra fora todas as perdas de 2009. A constatação de como a vida é frágil, de como tudo é efêmero, absolutamente tudo, até aquilo que a gente acha que é sólido e permanente, não é. A qualquer momento vem a morte e puf, acabou. Aquela menina linda, radiante, cheia de graça não vai mais acordar todos os dias e beijar o marido, sair pra passear com o cachorro, tomar café da manhã na varanda da sua casa belíssima em Los Angeles, não vai mais usufruir da fortuna que recebe fazendo seus filmes, não vai mais atuar e me encantar com suas histórias doces, divertidas, glamourosas.

Brittany perdeu a vida e não tem mais nada a perder. Eu perdi mais um pouco de ilusão, de doçura, de encantamento e ainda posso perder mais, porque embora tenha muito pouco ainda continuo vivendo e por isso eu chorei. Não pela atriz, mas por mim.

sábado, 19 de dezembro de 2009

CITAÇÕES DE UMA VIDA INVENTADA

Uma das coisas que mais me fascina durante a leitura de um livro é lê-lo com calma, sem pressa, refletindo em cada palavra, cada frase, cada pensamento. Sublinhar as partes que mais me tocaram, parar a leitura após um trecho que me deixou sem ar e repeti-lo diversas vezes na minha cabeça, remoendo-o até que esteja pronto para ser digerido depois de totalmente destrinchado e saboreado pela minha alma.

Hoje, guardando alguns objetos para mais uma mudança em minha instável e insana vida, me deparei com o livro da Maitê Proença lançado no ano passado: Uma vida inventada - memórias trocadas e outras histórias. Como faço com a maioria de meus livros, sublinhei neste algumas citações que mexeram comigo, que me disseram algo mais além de narrar uma silmples história e relendo esses trechos percebi que são incrivelmente verdadeiros e que se encaixam com perfeição no momento que estou vivendo.

Decidi então postá-los aqui, pra compartilhar com vocês palavras de Maitê que faço minhas:

" Tem um congestionamento aqui dentro de mim. São muitas pessoas querendo falar, se exibir, se expressar. Achei que estava entrando num período de calmaria, a maturidade afinal, e de repente esse furacão."

" A culpa faz a gente pensar que todo mundo está olhando nossos pecados."

" ... A gente gasta um tempo danado seduzindo os outros. É uma espécie de vício que se aprende quando criança e que vamos sofisticando ao longo da vida."

" Nada alivia tanto quanto o entendimento minucioso dos fatos que levaram a uma dor - como em tudo, só o conhecimento traz a cura."

" Há pessoas que só sabem amar na tensão, vivem às turras e assim se realizam. O sentimento tranquilo e pacífico, que para tantos é a forma ideal, para eles nada significa - o amor tem faces múltiplas e há aspectos que vêm com a violência embutida."

" A gente cai, levanta, uns seguem de perna quebrada, outros de miolo mole e muitos vão sem coração. Mas cada um vai como pode."

"Não existe sentimento mais forte que uma imensa paixão. A gente sofre, cega, emburrece, se adoenta, sara. E depois, como se nada houvera, se apaixona de novo. A paixão não aprende com a paixão."

"Os moralismos que servem para acusar nunca servem nos acusadores. As pessoas têm justificativa para suas atitudes."

" Apesar de tristes são bonitas as mentiras que as pessoas criam para seguir. Um sopro de glória, uma pitada de grandeza, um toque de graça, qualquer coisa vale, que eleve a mediocridade a patamares mais aceitáveis. Há muita dor nisso de ser jogado numa existência amesquinhada, sem saída e quase animal, mas com a consciência humana para perceber sua condição. É de um cinismo cruel. Nunca entendi por que são tão poucos os suicídios no mundo. Digam o que disserem os religiosos, não pode ser outra coisa se não legítimo dispor do próprio corpo para interromper o intolerável. E há tantos momentos intoleráveis."


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

DOIS LIVROS E UM FILME


Quinta-feira passada comprei 2 livros. O primeiro: O pau, lançamento inédito de Fernanda Young, acabei de ler. O outro, um clássico da literatura inglesa do magnífico Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray, comecei a saborear ontem, bem devagar, como se saboreia uma fruta madura arrancada do pé, lentamente e com muita vontade. Apesar das poucas páginas já lidas, estou com uma leve impressão de que esse livro entrará para o rol dos meus preferidos, mas falarei dele somente depois de finalizá-lo. Agora quero falar sobre O pau.

O mais novo lançamento da abusada e inteligentíssima Fernanda Young, logo após sair na capa e no recheio da playboy, não poderia ser num momento mais propício. Esperta que só ela, Fernanda aproveitou seu ensaio nu para lançar sua mais nova obra. O pau como o própria título já sugere abertamente, gira basicamente em torno dele, o órgão sexual masculino, mas fala basicamente também sobre vingança. Vingança feminina, o que é muito pior.

A playboy de Fernanda não foi lá essas coisas, eu particularmente não gostei muito e ouvi críticas horrendas, mas, dizem, foi uma das mais vendidas do ano. Se o livro será campeão de vendagem por aqui não sei, creio sinceramente que não, afinal de contas Fernanda Young não é e tomara Deus, espero nunca seja, uma unanimidade como personalidade e muito menos literária, eu gostando e mais uma meia dúzia já basta. Mas o livro é divertido sim.

Sempre tive vontade de ler um livro dela - A sombra de vossas asas, Dores do amor romântico, Tudo o que você não soube - mas por descobrir seus livros sempre depois de esgotados nunca tive a chance de lê-los, ainda assim acredito que O pau seja de longe seu livro mais leve, apesar do humor negro sempre presente.

Lendo O pau, consegui identificar nitidamente a autora de Os normais e tantas outras séries de humor hilárias escritas por ela e o marido Alexandre Machado (Os aspones, Minha nada mole vida, O sistema). Tem até uma passagem no livro que é muito parecida com uma cena de Os normais-o filme.

No livro, Fernanda narra a história de uma rápida porém exaustiva e terrível vingança da protagonista Adriana contra o namorado, 14 anos mais jovem que a trai com uma ninfeta.Usando de muito sangue frio e uma grande erudição o objetivo de Adriana é deixar o pobre e infiel namorado brocha pelo resto da vida, para isso ela discorre minuciosamente sobre todas as técnicas psicológicas que irá usar ao longo de sua diabólica e torturante vingança.

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Segunda-feira fui assistir ao filme brasileiro tão comentado e aguardado pela bicharada, Do começo ao fim, só não foi uma decepção total porque entrei no cinema completamente consciente de que assistiria a um filme raso, sem nenhuma grande atuação muito menos profundidade.

Por se tratar do romance homossexual entre dois irmãos carnais que são criados juntos desde crianças, esperava-se, não só eu como 99% do público interessado, uma história forte, poderosa, com um mínimo de profundidade, mas não é o que se vê na telona. O nível de conflitos entre os protagonistas e seus familiares diante de tal horror é zero. Apesar dos atores fantásticos como Júlia Lemmertz, Fábio Assunção e Louise Cardoso, os personagens são todos apáticos. Os protagonistas Francisco e Thomas não se questionam em nenhum momento sobre a relação incestuosa que vivem, a única preocupação deles é não se separarem nunca.

Os rapazes João Gabriel Vasconcelos e Rafael Cardoso, Francisco e Thomas respectivamente, são lindos e sarados, desfilam pela tela sem nenhum pudor beijos ardentes, carícias e muito nu frontal, o que não me deixa nenhuma dúvida que o diretor Aluísio Abranches fez apenas mais um filme gay e usou a historinha do incesto somente para atrair bilheteria. Para as bibinhas mais românticas assim como eu, o filme é um prato cheio pra se ficar suspirando e sonhando com um amor lindo como o de Francisco e Tomtom, só esqueçam esse negócio de incesto, assim como eu fiz - o que não é difícil, já que o tema mal é citado durante o filme e Fábio Assunção como o pai de um dos garotos parece achar tudo lindo, confraternizando com os dois em almoços felizes e bate-papos pelo msn - por que esse troço é indigesto.

No mais, só queria falar um pouco sobre a atuação dos protagonistas. O jovem, novato e liiiiiiiiiindo ator João Gabriel Vasconcelos é o único que parece se entregar ao papel na pele do irmão mais velho. João Gabriel passa a emoção de verdade apenas no olhar pela angústia de ficar longe de seu Tomtom, enquanto que Rafael, rosto um pouco mais conhecido pela novela Beleza pura na qual atuou em 2008 e a atual Cinquentinha, minissérie exibida pela globo em que vive um polêmico caso com a personagem de Marília Gabriela, não convence no papel do apaixonado e frágil Thomas. O pequeno Gabriel Kauffman que faz o personagem criança, se sai muito melhor e Lucas Cotrim (Francisco criança) também é ótimo e muito parecido com João Gabriel.

Enfim, não é um filme que eu recomendo, mas sei que assim como eu, muitos assistirão apenas por curiosidade e pra ver os gostosões se pegando, a esses: aproveitem, os corpos são um arraso!!!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A INTERFERÊNCIA DO TEMPO

Por Martha Medeiros

Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-los com nossos relógios e calendários. Nem ousarei discutir essa questão filosófica, existencial e cabeluda. Se o tmepo não existe, eu existo. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá a certeza disso.

O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei por mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grande - era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. As escadas levavam ao céu, eu poderia jurar que elas atravessavam os telhados. Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia ter antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção as minhas ilusões.

A interferência do tempo atinge minhas emoções também. Houve uma época em que eu temia certo tipo de gente, aqueles que estavam sempre a postos para apontar minhas fraquezas. Hoje revejo essas pessoas, e a sensação que me causam não é nem um pouco desafiadora. E mesmo os que amei já não me provocam perturbação alguma, apenas um carinho sereno. Me pergunto como é que se explica que sentimentos tão fortes como o medo, o amor ou a raiva se desintegrem. Alguém era grande no meu passado, fica pequeno no meu presente. O tempo, de novo, dando a devida proporção aos meus afetos e desafetos.

Talvez seja essa a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. Uma árvore, que para ser explorada exigia uma certa logística - ou ao menos um "calço" de quem estivesse por perto e com as mãos livres -, hoje teria seus galhos alcançados num pulo. A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.

E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos que parecem caixotes, carros compactos, conversas telegráficas, livros de bolso, pequenas salas de cinema, casamentos curtos. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou uma aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro - quando o futuro também era infinito à nossa frente.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

DA SÉRIE: OS FILMES DA MINHA VIDA - GARÇONETE (2)


Este filme é uma pérola de delicadeza. Dirigido pela cineasta nova-iorquina Adrienne Shelly, precocemente morta após o término das filmagens, "Garçonete" é uma comédia romântica que agradou ao público e à crítica e que representa mais uma vez o delicioso casamento entre cinema e comida.

O filme é simples e encantador, trás uma Keri Russel - a Felicity do seriado homônimo - sempre doce e suave, mesmo atormentada por um marido agressivo e dominador.

O filme de 2007 narra a história de Jenna, uma mulher que vive numa pequena cidade sem grandes acontecimentos e trabalha como garçonete na única lanchonete do lugar. Presa a um casamento infeliz e sem amor, a única alegria de Jenna é passar o tempo preparando receitas mirabolantes e deliciosas de tortas inspiradas pelos problemas e circunstâncias de sua vida.

Apesar de ser uma esposa submissa, Jenna é esperta e cheia de vida. Cansada do marido prepotente e controlador, resolve deixá-lo e realizar seu grande sonho: abrir uma casa de tortas. Para isso Jenna terá que juntar dinheiro sem que o marido perceba, o que será bem difícil visto que o canalha toma-lhe todo o dinheiro que ganha como garçonete. Mas Jenna vai em frente, firme em seu propósito, criando receitas cada vez mais saborosas e deixando seus clientes maravilhados, até descobrir que espera um filho do marido brucutu.

Diante de gravidez tão indesejada, Jenna pensa até em aborto, mas não tendo coragem para tal promete a si mesma que não nutrirá nenhum sentimento de amor ou apego pelo bebê.

Conforme os dias seguem Jenna se vê obrigada a consultar um pediatra. Durante as consultas periódicas ao consultório de um charmoso e recém chegado médico à cidade, Jenna se vê irremediávelmente atraída e envolvida pelo doutor bonitão. A parir daí uma série de acontecimentos se desenrolam deixando Jenna cada vez mais confusa e dividida.

A princípio "Garçonete" parece mais uma simples comédia romântica, mas embora simples o filme não é previsível. Ele discorre sobre as dificuldades e os problemas mais corriqueiros na vida de uma pessoa e nos mostra uma dentre tantas possibilidades de solução para todos eles. É um filme leve, delicado e doce como as tortas de Jenna e ao final nos faz dar um profundo suspiro de satisfação.