segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A ENTREVISTA


Que não sou fã de futebol muita gente sabe. Que não gosto do Neymar, apesar de achar ele uma gracinha, pouca gente sabe. Que o cara é um super jogador, ultra talentoso e blá blá blá o país inteiro já sabe. Como profissional, suas qualidades até então, são incontestáveis. Justifico minha implicância no fato dele ser marrento pra caramba, quase beirando a antipatia. Em nada lembra o jeito simples e bonachão de Ronaldo, a simpatia avassaladora de Robinho ou a educação refinada de Kaká. Só para citar alguns grandes jogadores que começaram tão jovens quanto ele.

Então, estava eu zapeando pelos canais de minha tv, que não é a cabo, no final da noite de um domingo, após chegar cansado do trabalho, desejando alguma coisa leve e interessante, missão praticamente impossível considerando o dia, o horário e as míseras opções de canais. Até que me deparo com um programa da Rede Tv chamado É Notícia. Na bancada um jornalista, que não conheço, entrevista Neymar. Parei e me detive na entrevista, que parecia poder ser interessante. Também quis me dar a chance de desfazer a péssima impressão que tenho do garoto, ou reforçá-la.

Durante a meia hora que se seguiu, consegui sentir pena do entrevistador, que guerreiro, tentou tirar leite de pedra até a última pergunta. E vergonha alheia por Neymar, que a cada pergunta se mostrava inseguro, desarticulado, sem argumentos. Um poço de falta de cultura e informação.

O anfitrião, conduziu belissimamente seu programa, fazendo ao convidado, sempre de forma simpática, os mais diversos tipos de pergunta. De política
á racismo, de cinema à homofobia, Neymar perdeu uma ótima oportunidade de mostrar que não é só um pirralho de 19 anos imbecilizado, que a única coisa que sabe fazer direito é jogar futebol, ainda que isso pareça suficiente para muitas pessoas.

A seguir uma pequena amostra do nível intelectual do garoto prodígio:

PERGUNTA: O que você acha do sexo antes do casamento?
RESPOSTA: Eu sou evangélico e acho que tem que ser feito com a pessoa que se ama.

Oi? Como assim? Evangélico não é o Kaká que casou virgem? Será que Neymar amava tanto assim a menina de 17 anos que ele engravidou, a coisa de um ano atrás, e antes da criança nascer já tinha dado um pé na garota?

P: O que você acha do aborto? A mulher que aborta merece ser presa?
R: Sou contra o aborto. Se a mulher merece ser presa ou não eu não sei, mas sou contra.

P: Você já pensou em se envolver na política daqui a alguns anos como Romário?
R: Não.

P: O que você acha da Dilma?
R: Desejo muita sorte pra ela.

P: E do Lula?
R: Um guerreiro, batalhador.

P: Do Barack Obama?
R: Orgulho negro.

P: O que você pensa sobre a legalização da maconha?
R: (Gaguejando) Eu não concordo porque faz mal.

P: Jogador deve fazer propaganda de cerveja?
R: (Inseguro) Tudo bem, desde que ele não beba.

P: Qual sua opinião sobre a homofobia?
R: (Gaguejando e inseguro) É muito triste mal tratar alguém por uma escolha que ela fez. Se é uma escolha e não influencia, não acho certo.

P: Um filme...
R: Tem vários. Eu gosto de comédia.

P: Cita um preferido...
R: !!! Gosto muito de um seriado chamado Two And A Half Men (o entrevistador perguntou filme, mas ele não lembrou nenhum, coitado!)

P: Um diretor de cinema...
R: Steven Spielberg e Jorge Fernando.

Jorge Fernando é um ótimo diretor de televisão, mas filmes dirigiu pouquíssimos e está longe de ser o melhor do cinema nacional. Essa pergunta parece que foi pra tirar um sarro do menino, nem eu acreditei quando ela foi feita, imagina a cara dele. Querer que boleiro entenda de direção de cinema é um pouco demais.

P: Cantor preferido?
R: Thiaguinho, Péricles, Alexandre Pires, Gustavo Lima, Luan Santana... (só a nata da música brasileira quá quá quá!!!)

P: Cantora?
R: Ivete Sangalo e Claudia Leite (soltei um grito quando ele citou a última, Claudia Leite é de lascar!!!)

P: Um livro...
R: 'Transformando Suor Em Ouro' do Bernardinho (quem é Bernardinho? ah lembrei, o técnico de volley)
Deve ter sido o único livro que ele leu na vida, se é que leu mesmo.

Resuma da ópera: palmas para Kennedy Alencar (esse é o nome do bravo apresentador do programa) e vaias para Neymar, que cortou um dobrado pra não parecer mais tapado do que realmente é ao ser questionado sobre assuntos que sinceramente pra sua rica carreira não fazem muita diferença.

Concluo enfim, que Neymar é mesmo só um pirralho de 19 anos, que está ficando milionário com o futebol, porém muito, muito, muito pobre de espírito.

sábado, 28 de janeiro de 2012

BODAS DE CERA


Hoje o "Borboletas na Janela" completa 4 anos de existência. Naquele verão de 2008 muitas coisas passavam pela minha cabeça, mas nenhuma delas era morar em São Paulo, onde moro hoje. Meus pais tinham um casamento sólido, mais de 30 anos de vida em comum, hoje estão separados a mais de 3 anos.

A trilha sonora da minha vida naqueles dias era o segundo álbum solo de Paula Toller, "Só Nós", o cd não saía do meu aparelho de som. "O que é que eu sou?", "Meu amor se mudou pra lua", "Você me ganhou de presente", "Tudo se perdeu", "Barcelona 16" e "Glass" na voz suave e sofisticada de Paula me transportava pra um mundo distante daquele que estava ao meu redor e me deixava mais conectado com o mundo glamouroso e fascinante que sempre esteve dentro de mim.

Borboletas saíam de seu casulo lentamente, sem saber muito bem que direção tomar. Queriam alçar grandes voos, colorir a vida das pessoas, pousar em lugares especiais, ver e viver a beleza da vida. E foi assim, descrevendo angústias, contando devaneios, inventando histórias, misturando ficção e realidade que libertei as borboletas de dentro de mim pra espalhar minha emoção a quem quisesse delirar junto comigo.

Em quatro anos, este blog me transformou num escritor convicto. Você é aquilo que você ama ser e fazer, mesmo que não seja reconhecido, mesmo que não seja remunerado, mesmo que não seja graduado. Entendi isso definitivamente com minhas borboletas na janela, que pousaram pra falar de amor em "Tudo o que você não disse", "Um amor puro", "A bailarina envidraçada e o malabarista prateado" e "Liberdade para as borboletas". De cinema em "Direito de sofrer", "Dica de filme", "3 filmes", "Não é uma história de amor?" , " Da série: Os filmes da minha vida" e "Esquecer". De comportamento em "Elegantes ou interessantes", "Charme e beleza", "Perguntinha detestável" e "A gordura de Luciano". De solidão em "Bolhas de sabão", "Todos nós a esmo", "A solidão, esse castigo" e "Cheesekake de frutas vermelhas". De amizade em " Coca-cola com limão e gelo", " Aos meus amigos", "Mais um ano que se vai" e "Carta para Daniel". De poesia em "Beije-me", "Imaginação", "Domingo no parque" e "Do amor platônico". De música em "3 músicas", "Coletânea particular" e "Do luxo ao lixo musical". De literatura em "Dois livros e um filme", "De Maysa a Oscar Wilde" e "Últimas leituras". De sensações em "Monstro", "Um pequeno segredo", "A festa perfeita" e "Perfumes de mim".

Nesses quatro anos o blog "Borboletas na Janela" me fez rir e chorar, me deu orgulho, porque foi concebido e criado com todo o afeto do mundo. Cada pensamento, cada palavra, cada vírgula, organizada e escrita com maior cuidado, pra que fosse bonita e admirada por todos que queiram apreciá-la, como se faz com um filho muito amado.

Aqui derramo todo meu sentimento, porque sou do tempo da palavra. Aprendi a fazer com que as palavras deslizassem sobre o meu corpo lentamente, como pétalas caindo no outono.

Parabéns "Borboletas na Janela" pelas bodas de cera. Parabéns a mim também, porque quando você nasceu eu renasci.

ANTES DO PRIMEIRO BEIJO DE AMOR


Estava convencido de que era um rapaz gay diferente de todos os outros que conhecia. Lúcio era tímido, romântico e sonhador. Em seus mais doces devaneios sonhava com um encontro mágico. Acreditava em almas gêmeas e sabia que um dia encontraria a sua. Sexo para Lúcio nem era tão importante, apenas mero detalhe, a cereja do bolo.

Aos 22 anos a ideia de encontrar um grande amor havia se tornado um pensamento quase obsessivo. Os amigos o aconselhavam. Diziam que a "outra metade da laranja" aparecia quando menos se esperava. Mas enquanto não aparecesse ele tinha de experimentar, beijar todas as bocas que pudesse, se jogar em várias camas, frequentar banheirões, cinemões, saunas, dark rooms e aproveitar toda a infinidade de oportunidades sexuais que o mundo gay podia lhe proporcionar.

Lúcio torcia o nariz pra toda a baboseira de promiscuidade gay que os amigos tentavam lhe enfiar goela abaixo. Era tremendamente romântico e praticamente virgem. Em toda sua vida só havia transado com dua pessoas, beijado algumas e dados uns amassos mais fortes numa meia dúzia. Teve uma fase em que chegou a pensar que era assexuado, mas logo depois convenceu-se que não, gostava de sexo. Só não queria fazê-lo com qualquer um, pelo simples impulso de trepar, sem nenhum sentimento, sem nenhuma emoção pós-coito que o fizesse sentir vontade de ficar grudado no outro aspirando o perfume selvagem do sexo e ouvindo sua respiração se acalmando lentamente depois do gozo.

As baladas, Lúcio frequentava apenas porque amava dançar e tomar seus drinks. Já havia há muito desistido de encontrar a "tampa de sua panela" em meio a música pop e bichas fazendo "carão". Ficar não ficava com ninguém, assim que botava os pés na pista fazia pose de antipático e interagia só com os amigos, mal olhava para os lados e se algum corajoso tentasse se aproximar virava a cara com ar arrogante e se afastava sem cerimônias. Sabia muito bem o que esses caras de boate queriam e radical, decidiu que nunca mais daria chance pra essas ficadas de uma noite.

Seguia assim sua vida, procurando enxergar tudo através de seu belo óculos de grau Dolce & Gabbana pelas lentes do amor. Lúcio reconhecia suas qualidades. Apesar de ingênuo, era culto, bonito, adorava moda, portanto antenado, estava sempre bem vestido. Por tudo isso tornava-se cada vez mais exigente. Incansável, estava sempre ligado em todas as oportunidades. Além da procura por sites de relacionamento na internet, sempre reparava bem em quem sentava ao seu lado na sessão de cinema, em quem estava ao seu redor enquanto passeava pelas estantes de uma livraria, em quem esperava como ele na fila do banco, nas pessoas que caminhavam próximo à ele no parque. Era assim que acreditava encontrar sua "cara-metade", por acaso, no cotidiano do dia a dia, sem subterfúgios. Os olhos se cruzariam como num passe de mágica e o encantamento aconteceria. Frio na barriga, coração acelerado, pernas trêmulas, boca seca.

Lúcio tinha urgência de um sentimento assim, uma paixão arrebatadora. Se não acontecesse logo, tinha medo de enlouquecer e perder seus critérios. Até que um dia surgiu o homem perfeito. Dentro do metrô, os olham de Lúcio encontraram os de Kauã. Moderno, cheio de estilo, com cabelos rockabilly, óculos redondos de grossos aros negros, carregando uma bela bolsa branca Vitor Hugo de alça, Kauã parecia saído diretamente de um filme dos anos 60, e o fascínio de Lúcio por aquele homem maravilhoso foi imediato.

No decorrer do trajeto, ao perceber que pairava uma química entre os dois, Kauã aguardou vagar o assento ao lado de Lúcio e sentou-se. Discreto e cuidadoso puxou assunto. Em poucos minutos engataram um papo empolgante. Kauã contou que estava indo pra casa ao sair da faculdade e Lúcio o convidou para visitar com ele uma exposição de arte moderna que estava indo ver sozinho. Kauã não pensou duas vezes, acompanhou Lúcio em seu passeio cultural e de lá foram tomar um capuccino numa cafeteria próxima dali.

O coração de Lúcio transbordava de excitação e alegria a cada palavra, a cada troca de olhar, a cada toque de mãos, a cada gole de capuccino acompanhado daquele homem deslumbrante. Seria ele o amor de sua vida que tanto esperou? Kauã era bonito, cheiroso, fino, discreto, tinha a voz baixa e rouca mas firme. Era bom demais pra ser verdade, precisava se beliscar pra ter certeza de que não era um sonho. Quando Kauã levantou-se para ir ao toillete, Lúcio começou a rir-se em silêncio, não conseguia disfarçar a felicidade incontida. Haveria encontrado o amor afinal?

Ao voltar à mesa, Kauã propôs que Lúcio o acompanhasse até sua casa para se conhecerem melhor. Lúcio teve receio de parecer fácil demais, mas desejava ardentemente aquele homem como a muito não desejava ninguém. Queria beijá-lo, tocá-lo, senti-lo mais intimamente. Seu perfume o inebriava, a textura de sua pele o instigava. Lúcio aceitou o convite, com o coração na boca, cheio de receios, mas aceitou.

No pequeno e aconchegante apartamento de Kauã, o anfitrião serviu dois minúsculos cálices de licor de amora. Lúcio saboreou lentamente o primeiro gole e aproximou sua boca, que estava doce como mel e sedenta por um beijo, da de Kauã, que o interrompeu pedindo um segundo. Kauã afastou-se de Lúcio, foi até o sofá onde havia deixado sua bela bolsa Vitor Hugo, abriu-a e de lá tirou uma faca pontiaguda, afiada e reluzente. Reaproximou-se de Lúcio, que nada percebera, com as mãos para trás e pediu que o beijasse. Ao primeiro roçar de lábios, Lúcio sentiu a primeira dolorosa estocada de uma série, bem na boca do estômago e antes do último suspiro, banhado na poça de sangue que se formou no meio da sala, conseguiu pensar que realmente era bom demais pra ser verdade, que sonhos podem se transformar em pesadelos e que o amor às vezes pode acontecer, mas só às vezes.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CARTA PARA DANIEL


Sabe do que eu sinto saudade?

Do início. Dos primeiros dias da nossa amizade. Da forma como tudo começou. Fico relembrando os primeiros olhares, os primeiros sorrisos, as primeiras impressões e me vem uma saudade tão gostosa, tâo nostálgica.

Lembra do nosso primeiro papo? Aquele que tivemos sentados num banco de cimento, no canteiro de um prédio, de frente pro mar? Onde pudemos nos conhecer mais a fundo, trocamos as primeiras confidencias, onde nossa relação passou do superficial para algo um pouco mais profundo.

Edo dia que conversamos sobre o futuro atrás do mercado, o meu e o seu, você lembra? Quando te disse o quanto eu queria que você viesse pra São Paulo comigo e de como você não podia ficar preso a uma cidade tão limitada tendo uma cabeça tão aberta pra vida.

Sinto saudade desses dias que parecem que foram ontem, mas já ficaram lá atrás num distante novembro de 2010.

Recordação de outros momentos marcantes também comprimem meu saudoso coração. A primeira balada juntos. As noites que dormíamos um na casa do outro pós-festa. As horas de papo pro ar jogando conversa fora, ouvindo música, vendo vídeos na internet, rindo de bobagens. A tentativa desastrosa de fazer um delicioso bolo prestígio que ficou horrível. Os encontros na casa da Jenny. O amigo secreto. O amigo doce. O passeio em Porto Alegre. Você sempre bonito e carismático pegando todos. Eu, sempre exigente e seletivo não pegando ninguém. Quando ficávamos juntos, em silêncio, sem precisar emitir nenhuma palavra, porque a simples presença um do outro era suficiente pra confortar nossos corações. Sabermo-nos perto, próximos, acessíveis um ao outro, amigos de verdade, sem palavras, porque as vezes elas são tão desnecessárias.

Então veio a despedida. Abraços, beijos, lágrimas, expectativa, falta. Você ficou triste com minha partida, talvez um pouco deprê? Foram poucos meses de convivência, porém meses que explodiram numa intensa amizade. Sobreviveríamos a distância? Ou nos apagaríamos com o tempo?

Cinquenta e oito dias depois pude te abraçar de novo, ver o teu sorriso largo de dentes branquíssimos e perfeitos. Era quase surreal está-lo buscando no aeroporto naquele 10/08/2011, um dia antes do meu aniversário, o melhor presente que poderia ganhar. Estávamos perto de novo, palpáveis, juntos outra vez.

Comemoramos meus 30 anos com bolo de morango e chocolate, e fizemos planos para uma vida a dois em São Paulo. Infelizmente o dia a dia, a rotina, as pequenas manias, os pequenos defeitos e chateações começaram a ser enxergados com lente de aumento. Descobrimos coisas que não gostávamos um no outro, mas enquanto era cada um no seu canto não nos incomodava tanto. Brigamos, discutimos, gritamos, quase nos detestamos, mas o diálogo sempre foi a base de nossa amizade e através dele podemos entender que tudo tem seu tempo. E entendemos que aquele não era seu tempo nem seu momento, você ainda não estava desarraigado de seu pequeno mundo perfeito.

Queria muito que batalhássemos lado a lado por nossos objetivos e juntos comemorássemos cada sonho, cada conquista concretizada. Mas não foi assim que as coisas aconteceram. Compreendi numa triste constatação que não estávamos na mesma sintonia e assim ao vê-lo amargurado, angustiado, melancólico, tive que aceitar que diferente de mim sua felicidade está perto da vida simples, fácil e pacata do interior, junto dos amigos de sempre, dos familiares que sempre nos dá aquela sensação de segurança e aconchego. Eu também queria estar aí agora, jogar tudo pro alto e correr de volta pro aconchego do lar, pro abraço quente e reconfortante de minha mãe, mas eu não posso. Passei por "poucas e boas" pra estar onde estou agora e vou até o fim custe o que custar.

Então eu fiquei e você voltou. Mais uma despedida. Bagagens, aeroporto, abraços, partida. Cheguei a pensar que foi um erro você ter vindo, teria poupado todo o desgaste emocional que houve entre nós. Mas o errado fui eu, pela expectativa que depositei em nós como parceiros inabaláveis. Talvez tenhamos deixado nos abalar fácil demais, mas sei que não foi por minha causa que você desistiu de sua nova vida. E esses motivos, esses detalhes, as pequenas contrariedades e dissabores, as pequenas alegrias, as confidências no escuro antes de pegar no sono, todas as pequenas epifanias que vivemos entre as quatro paredes de nosso quarto apertado é só nosso, é único e será eterno em nossa memória afetiva. Se não passássemos por essa experiência, íamos ficar desejando vivê-la sem saber se valeria a pena ou não. Agora posso dizer com toda a certeza, valeu à pena, porque se antes eu te amava sem te conhecer plenamente, hoje te amo por completo, sabendo quem você é nos mínimos detalhes, tendo total consciência dos seus defeitos e qualidades.

E agora que já não nos vemos à 2 meses, sabe do que eu sinto saudade?

Do seu sorriso de manhã. Da sua mania de organização. D seu jeito displiscente de ser bonito e sedutor. Da sua completa falta de talento pra cozinhar. Da sua doçura. Da vaidade que faz você passar a roupa e aplicar gel nos cabelos pra ficar dentro de casa. Da facilidade de se divertir com qualquer coisa. Do seu pavê de doce de leite. Da sua simplicidade. Da sua simplicidade. Dos seus ataques se TOC. Da sua alegria. Dos sorrisos que você lança quando fica sem graça, tímido ou desconcertado. Da sua pureza.

Sinto saudade de você por inteiro meu amigo, corpo, alma e coração!

domingo, 1 de janeiro de 2012

ÚLTIMAS LEITURAS



Fazendo uma retrospectiva dos livros que li neste ano que findou, acho que saldo foi positivo. Até meados de 2011 tinha me caído em mãos apenas o mais recente romence de Martha Medeiros Fora de mim que devorei em no máximo três dias. De junho em diante desandei a ler vorazmente. De lá pra cá acho que foram uns 20 títulos entre crônicas, romances e biografias, sem contar as recvistas de fofoca e comportamento.

Em especial três títulos me marcaram bastante: o suspense psicológico de Santiago Nazarian Feriado de mim mesmo e os romances Nas tuas mãos da portuguesa Inês Pedrosa e o Manual da paixão solitária do meu conterrâneo imortal Moacir Sclyar.

Belos relatos ficcionais, esses dois últimos me extasiaram com trechos que sublinhei de forma fascinada e emocionada.

Trechos como: ' Eu sou do tempo da palavra. Aprendi a fazer com que as palavras deslizassem sobre o meu corpo lentamente, como pétalas caindo no outono.'

' Costumavas dizer que ser amigo de alguém é ter a coragem de conhecer o melhor e o pior dessa pessoa, e guardar esse pior, por mais peso que tenha, no silêncio do nosso coração.'

'Cada pessoa é uma harmonia de solidão, decompô-la apenas pode fazer com que sua música se torne inaudível.'

'Deve ser isto a morte, o desparecimento dos sonhos.'

'Toda experiência do amor tem o gosto melancólico de uma simulação.'

'Arte é assim. Paixão também. Arte e paixão preenchem qualquer vida. Mesmo que se trate de paixão solitária. Afinal de certa forma até memso Deus é um solitário.'

Agora nesta última semana de dezembro minha derradeiras companhias literárias são o último numero da revista Elle com a modelo-trans Lea T. na capa e entrevista, a edição de verão da Junior que "tá babado" e o mais recente lançamento de Martha Medeiros, a coletânea de crônicas dos últimos 3 anos Feliz por nada que já devorei.

Fui pouco ao cinema, mas mergulhei de cabeça no mundo da palavra escrita. Que em 2012 os dias sejam repletos de filmes, música, poesia e muitos livros.

E pra finalizar esse texto que encerra 2011 com esperanças de que tudo seja mais lúdico no ano que tá nascendo deixo um trecho do livro Sinuca embaixo d'agua de Carol Bensimon, que traduz bem aqueles desejos secretos que acalentamos de estar num lugar diferente do qual nos encontramos.

' Há uma cidade dentro de você, uma ideia de cidade. Ela é mais forte do que a cidade que não é uma ideia, do que a cidade que está fora e ela mora em você porque quer morar nela, mas não mora. Você mora noutra, que pouco importa, e vai vivendo nessa enquanto a cidade de dentro se expande ou se contrai à medida que você sente que precisa de mais espaço ou de menos espaço.'

Hoje eu moro na cidade que há dentro de mim e não é mais uma ideia é um fato. Feliz por isso é o que vou comemorar e agradecer em 2012.