terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CARTA PARA DANIEL


Sabe do que eu sinto saudade?

Do início. Dos primeiros dias da nossa amizade. Da forma como tudo começou. Fico relembrando os primeiros olhares, os primeiros sorrisos, as primeiras impressões e me vem uma saudade tão gostosa, tâo nostálgica.

Lembra do nosso primeiro papo? Aquele que tivemos sentados num banco de cimento, no canteiro de um prédio, de frente pro mar? Onde pudemos nos conhecer mais a fundo, trocamos as primeiras confidencias, onde nossa relação passou do superficial para algo um pouco mais profundo.

Edo dia que conversamos sobre o futuro atrás do mercado, o meu e o seu, você lembra? Quando te disse o quanto eu queria que você viesse pra São Paulo comigo e de como você não podia ficar preso a uma cidade tão limitada tendo uma cabeça tão aberta pra vida.

Sinto saudade desses dias que parecem que foram ontem, mas já ficaram lá atrás num distante novembro de 2010.

Recordação de outros momentos marcantes também comprimem meu saudoso coração. A primeira balada juntos. As noites que dormíamos um na casa do outro pós-festa. As horas de papo pro ar jogando conversa fora, ouvindo música, vendo vídeos na internet, rindo de bobagens. A tentativa desastrosa de fazer um delicioso bolo prestígio que ficou horrível. Os encontros na casa da Jenny. O amigo secreto. O amigo doce. O passeio em Porto Alegre. Você sempre bonito e carismático pegando todos. Eu, sempre exigente e seletivo não pegando ninguém. Quando ficávamos juntos, em silêncio, sem precisar emitir nenhuma palavra, porque a simples presença um do outro era suficiente pra confortar nossos corações. Sabermo-nos perto, próximos, acessíveis um ao outro, amigos de verdade, sem palavras, porque as vezes elas são tão desnecessárias.

Então veio a despedida. Abraços, beijos, lágrimas, expectativa, falta. Você ficou triste com minha partida, talvez um pouco deprê? Foram poucos meses de convivência, porém meses que explodiram numa intensa amizade. Sobreviveríamos a distância? Ou nos apagaríamos com o tempo?

Cinquenta e oito dias depois pude te abraçar de novo, ver o teu sorriso largo de dentes branquíssimos e perfeitos. Era quase surreal está-lo buscando no aeroporto naquele 10/08/2011, um dia antes do meu aniversário, o melhor presente que poderia ganhar. Estávamos perto de novo, palpáveis, juntos outra vez.

Comemoramos meus 30 anos com bolo de morango e chocolate, e fizemos planos para uma vida a dois em São Paulo. Infelizmente o dia a dia, a rotina, as pequenas manias, os pequenos defeitos e chateações começaram a ser enxergados com lente de aumento. Descobrimos coisas que não gostávamos um no outro, mas enquanto era cada um no seu canto não nos incomodava tanto. Brigamos, discutimos, gritamos, quase nos detestamos, mas o diálogo sempre foi a base de nossa amizade e através dele podemos entender que tudo tem seu tempo. E entendemos que aquele não era seu tempo nem seu momento, você ainda não estava desarraigado de seu pequeno mundo perfeito.

Queria muito que batalhássemos lado a lado por nossos objetivos e juntos comemorássemos cada sonho, cada conquista concretizada. Mas não foi assim que as coisas aconteceram. Compreendi numa triste constatação que não estávamos na mesma sintonia e assim ao vê-lo amargurado, angustiado, melancólico, tive que aceitar que diferente de mim sua felicidade está perto da vida simples, fácil e pacata do interior, junto dos amigos de sempre, dos familiares que sempre nos dá aquela sensação de segurança e aconchego. Eu também queria estar aí agora, jogar tudo pro alto e correr de volta pro aconchego do lar, pro abraço quente e reconfortante de minha mãe, mas eu não posso. Passei por "poucas e boas" pra estar onde estou agora e vou até o fim custe o que custar.

Então eu fiquei e você voltou. Mais uma despedida. Bagagens, aeroporto, abraços, partida. Cheguei a pensar que foi um erro você ter vindo, teria poupado todo o desgaste emocional que houve entre nós. Mas o errado fui eu, pela expectativa que depositei em nós como parceiros inabaláveis. Talvez tenhamos deixado nos abalar fácil demais, mas sei que não foi por minha causa que você desistiu de sua nova vida. E esses motivos, esses detalhes, as pequenas contrariedades e dissabores, as pequenas alegrias, as confidências no escuro antes de pegar no sono, todas as pequenas epifanias que vivemos entre as quatro paredes de nosso quarto apertado é só nosso, é único e será eterno em nossa memória afetiva. Se não passássemos por essa experiência, íamos ficar desejando vivê-la sem saber se valeria a pena ou não. Agora posso dizer com toda a certeza, valeu à pena, porque se antes eu te amava sem te conhecer plenamente, hoje te amo por completo, sabendo quem você é nos mínimos detalhes, tendo total consciência dos seus defeitos e qualidades.

E agora que já não nos vemos à 2 meses, sabe do que eu sinto saudade?

Do seu sorriso de manhã. Da sua mania de organização. D seu jeito displiscente de ser bonito e sedutor. Da sua completa falta de talento pra cozinhar. Da sua doçura. Da vaidade que faz você passar a roupa e aplicar gel nos cabelos pra ficar dentro de casa. Da facilidade de se divertir com qualquer coisa. Do seu pavê de doce de leite. Da sua simplicidade. Da sua simplicidade. Dos seus ataques se TOC. Da sua alegria. Dos sorrisos que você lança quando fica sem graça, tímido ou desconcertado. Da sua pureza.

Sinto saudade de você por inteiro meu amigo, corpo, alma e coração!

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por lembrar de mim com carinho, eu sinto saudade também de estar perto de ti, pra te contar as coisas bobas que eu faço ou até mesmo desabafar e ouvir uma palavra de alguém ´´mais experiente´´.
Acho que tudo que aconteceu entre nós na minha ida pra São Paulo serviu para fortalecer mais nossa incrível amizade.
Pra mim valeu muito a pena ter conhecido lugares, e vivido momentos maravilhosos e inesquecíveis junto com você.
Te adoro, por ser essa pessoa que faz a diferença e que batalha pela vida com garra.
Um abraço e tudo de bom nessa caminhada.