sábado, 17 de dezembro de 2011

DEZEMBROS


Enfim, mais um dezembro!!!

Dois mil e onze foi assim, rápido e ligeiro como um foguete, como tem sido todos os anos anteriores, cada vez mais rápido, cada vez mais ligeiro.

Em 2011 vivi todas as emoções que quis e até algumas que não quis.

Ao som de Firework e Heartbreak Warfare planejei minha mudança pra São Paulo e sonhei com um grande amor. Entrei em atrito e homéricas discussões desnecessárias com mamãe, que era contra minha vinda pra São Paulo. Em encontros semanais com queridos amigos, saboreei jantares maravilhosos e preparei "bons drink" entre uma e outra incorporada da globeleza e coreografias da Lady Gaga. Me livrei de um emprego horroroso. Fiz longas caminhadas noturnas à beira mar imaginando minha nova vida. Encontrei pessoas, estreitei laços, desatei outros. Fui desejado e beijado por alguém inesperado, fiquei surpreso e fascinado. Arrumei malas, flutuei entre nuvens, cheguei à São Paulo. Recomecei. Arrumei trabalho, amigos, fiz aniversário. 30 anos. A maturidade afinal. Será? Criei um novo blog chamado Aos trinta - Registro de memórias. Morei junto por dois meses com um amigo especial, a experiência não foi como imaginávamos, mas valeu. Me apaixonei por alguém que não se apaixonou por mim, pior que isso, não quis nada comigo. Não me desejou, não me beijou, nem sequer me tocou. Ofereceu-me amizade apenas, tentei aceitar, não deu. Migalhas. Amor platônico é assim, só acaba quando é arrancado pela raíz. Agora passou, nem amor, nem amizade. Assisti um filme francês chamado OS AMORES IMAGINÁRIOS, me identifiquei. Presenteei amigos em seus aniversários. Chorei por amor. Gargalhei. Falei bobagens. Fiquei sem grana. Passei no vestibular. Adotei São Paulo como minha cidade. Senti saudade!!!

E enfim, mais um dezembro pra rememorar velhas novidades.

Talvez essa seja a última postagem do ano, talvez não, vai depender de tempo e inspiração, até lá, ainda tem natal e reveillón.

domingo, 20 de novembro de 2011

DO AMOR PLATÔNICO

Meu coração disparava cada vez que eu te via
Minha boca secava
Meu corpo todo tremia


Você me inspirava poesia
e quando me sorria eu ganhava meu dia

Me dava taquicardia
um frio no estômago
um arrepio na espinha

Até que deixou de ser alegria
e virou agonia
Você não me correspondia

Será que ria
dessa coisa doentia
que mais parecia romance de quinta categoria?

Minha auto-estima diminuía
pois você não reagia
não me desejava
não me queria

De repente aquela sensação
a paixão, o amor
se transformou numa dor imensa, gigante, frustrante

Lágrimas e jazz eram minha companhia constante
ouvia música melancólica bastante
que só me entristecia

Por fim o amor próprio que parecia não existia
implorou que eu não o abandonasse
à revelia dessa paixão vazia

E agarrando-me a ele
consegui lentamente submergir do poço fundo
em que me jogou sua devastadora indiferença

Recuperado então desse sentimento quase fatal
achei engraçado afinal
quase morrer de dor
quando tais platonices de amor
não passam de um breve torpor

domingo, 23 de outubro de 2011

IMAGINAÇÃO


Imagino você e eu no sofá preto estofado, comendo pipoca. Um filme no dvd. Você com a cabeça no meu colo, eu acariciando teu cabelo entre meus dedos e sentindo o cheiro gostoso do teu shampoo de camomila.

Imagino você massageando meus pés e me provocando gargalhadas convulsivas, porque sinto cócegas lá.

Imagino você dedilhando seu violão enquanto eu cantarolo aquela nossa canção.

Imagino eu e você num piquenique no parque. Você me ensinando a andar de patins. Eu te ensinando a comer de hashi.

Imagino você e eu no cinema de mãos dadas. Dançando música lenta de rosto colado no meio da sala.

Imagino eu e você fazendo guerra de travesseiro, espalhando plumas pelo quarto inteiro, nos jogando exaustos na cama, ofegantes, ouvindo nossos corações bater descompassados.

Imagino eu e você, duas taças de vinho rosé, luz de velas pra aquecer.

Imagino você sorrindo pra mim, mas não um sorriso qualquer, um sorriso discreto e cheio de malícia que diz: vamos?


domingo, 25 de setembro de 2011

UM ABRAÇO NA CHUVA


Ha meses amava-o em silêncio. Via-o todos os dias no trabalho. Eram amigos. Conversavam, riam, falavam besteiras, tocavam-se de forma displiscente. Um aperto de mão, um tapinha nas costas, uma bagunçada no cabelo. Nos últimos dias essas brincadeiras tinham se tornado um tormento para K, o desejo de tocá-lo e senti-lo mais intensamente aumentava a cada dia. O que havia começado como simples atração, estava tornando-se, para seu desespero uma avassaladora paixão, e como percebia no jeito de Y que não lhe provocava nenhum desejo além de pura amizade, passou a disfarçar seus sentimentos e abafar os gritos desesperadores de seu coração cada vez que o via no trabalho.

Nunca se encontravam fora daquele ambiente. Todo o contato que tinham era exclusivamente apenas ali dentro da central de relacionamentos daquela grande empresa. Por muitas vezes fizeram planos, combinaram de tomarem uma cerveja, curtirem uma balada, pegarem um cinema, mas nunca se concretizava, Y sempre arranjava uma desculpa para que o encontro tão almejado por K não se realizasse.

E pouco a pouco K foi entendendo que aquela era a maneira que Y tinha de frustrar todas as suas esperanças sem magoá-lo, mas magoava mesmo assim. Magoava e machucava como um punhal afiado rasgando a carne, saber que não era correspondido em seu desejo mais sublime, que não lhe provocava tesão, errepio, nem uma pequena curiosidade.

K entrou em crise ao constatar que não teria nenhuma chance com Y. Ficou deprimido e abatido ao convencer-se de que nunca experimentaria o toque firme e macio de suas mãos, o roçar de sua barba serrada em seu pescoço, seu beijo que parecia ser quente, molhado e vigoroso. Nunca escutaria em seu ouvido acompanhado de leves mordiscadas, palavras sussuradas por ele misturadas a seu hálito morno e seu perfume de chocolate amadeirado. Entender tudo isso e perceber dia a dia que Y parecia cada vez mais frio e distante matava K lentamente, como um veneno suave e letal. Além desse pesadelo de amor platônico, K ainda era obrigado a suportar diante de seus incrédulos olhos, Y marcar encontros e transas furtivas com outros colegas de trabalho. Recolheu-se a sua insignificância perante Y e calou-se literalmente, chegou a um ponto que não conseguia nem mais falar com ele, que percebera o abatimento do amigo, mas não querendo dar mais "pano pra manga" ficou na sua. K nunca havia falado de seus sentimentos para Y, mas seus olhos o denunciavam, revelava todos os seus segredos, derramava todo seu lancinante amor, inundava tudo em sua volta, e isso apavorava Y.

Os amigos aconselhavam, diziam a K que Y não merecia tanto sofrimento, nem ao menos uma lágrima. Que não tinha maturidade para entender nem receber um sentimento tão intenso e verdadeiro, pois só vivia relacionamentos fugazes. K também entendia tudo isso, mas não conseguia reverter estas constatações a seu favor, nem se sentir melhor por isso.

Depois de intensas e dolorosas semanas de sofrimento, numa noite em que trocou o sono pelo choro, derramou-se em lágrimas no chuveiro durante o banho e não conseguiu comer porque encharcou seu prato com o líquido que vertia fartamente de seus olhos, decidiu pôr fim àquele tormento e acabar de vez com o inferno que atordoava sua vida.

Ao chegar no trabalho aquele dia ninguém deixou de notar o ar desolado e quase assustador no semblante de K. Os mais chegados insistiam em questionar o que estava acontecendo, queriam consolá-lo, sentiam pena de seu estado. K apenas dizia que não era nada demais, tinha só acordado um pouco indisposto e nada mais falava. Manteve-se em silêncio durante toda sua jornada de trabalho, até que Y afetado pela tristeza de K resolveu se pronunciar. Aproximou-se da forma mais terna que conseguiu e perguntou a ele porque estava tão abatido, com os olhos inchados, quis saber se havia chorado, pediu que desabafasse, que estava ali para escutá-lo se ele quisesse. K olhou profundamente com seus olhos inchados no de Y e pediu que o aguardasse na saída da empresa após o expediente e então saberia tudo o que precisava saber.

O tempo estava nublado naquele dia e a meteorologia prometia uma forte chuva. A chuva começou fina e lenta ao cair da noite. Havia chegado ao fim mais um dia de trabalho de repente, fortes rajadas de vento e as gotas engrossavam. Y esperava K na saída como combinado com o guarda-chuva aberto. K apareceu sem guarda-chuva, Y tentou dividir o seu com K e propôs procurarem um lugar pra conversar, K recusou a ideia queria acabar com aquilo de uma vez. A chuva estava agora mais violenta, o guarda-chuva de Y arrebentou-se com a fúria do vento. A chuva abafava outros sons, quase gritando, Y disse a K que seria impossível conversarem ali na rua encharcados pela chuva. K interrompeu Y pedindo que o abraçasse, pois estava com frio. Y atendeu o pedido do amigo e o abraçou, K se agarrou a ele com toda força de seu ser e aos prantos confessou sua paixão ao mesmo tempo em que jurava por tudo que lhe era mais sagrado que aquelas seriam as últimas lágrimas que derramaria por ele e que deixaria de amá-lo a qualquer custo a partir daquele instante, que se tudo na vida é uma questão de escolha ele estava escolhendo não amá-lo mais, não importando que meios teria de usar para isso. E enquanto ouvia K falar, Y sentia cada centímetro do seu corpo quente, apesar do frio e da chuva, pulsar contra o seu. Sentiu os batimentos cardíacos de K, os pêlos arrepiados, o hálito de erva doce, a face macia e úmida encostando na sua.

Quando K afastou-se de Y, sentiu-se limpo, livre e aliviado, ao desabafar tudo o que sentia, era como se a chuva tivesse lavado e fechado todas as suas feridas na alma, sentia-se realmente pronto pra desintoxicar-se do veneno que havia sido sua paixão por Y. Despediu-se do amigo com um semblante sereno e caminhou pela chuva, que agora mais calma acarinhava seu rosto. Y permaneceu parado, estático, como se estivesse petrificado após aquele abraço na chuva vendo K partir, e entendeu, ainda que meio atordoado, que havia sido um completo idiota por nunca antes ter enxergado K como o enxergava ali naquele exato momento.


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

FILMES DE AGOSTO

Este mês fui pouco ao cinema, assisti apenas três filmes na tela grande. Nenhum deles blockbuster. Comecei o mês com o drama italiano Saturno em oposição de Ferzan Ozpetek, mesmo diretor de O primeiro que disse de 2010 do qual gostei bastante. Não tive a mesma satisfação com este Saturno, mas também não deixei de gostar. De forma singela, nostálgica e dramática o filme narra a história de um grupo de amigos bem ecléticos que precisam aprender a lidar com seus dilemas e angústias após a morte prematura de um dos membros do grupo. O elenco com belas atrizes e lindos atores é um bálsamo para os olhos, em especial o espetacular Luca Argentero (o mesmo que ensinou italiano a Julia Roberts em Comer Rezar Amar) que enche a tela com sua beleza fascinante. Draminha bem estilo sessão da tarde, mas pra quem gosta de um chororô misturado com algumas boas risadas tá valendo.

O segundo filme foi o pretencioso Melancolia de Lars Von Trier. Confesso que fui com muita sede ao pote pra assistir a este filme do mesmo diretor de Dogville que é um dos filmes que mais amei na vida. A decepção só não foi maior porque entrei no cinema com a nítida certeza de que uma experiência como Dogville só se tem uma vez na vida, mas ainda assim esperava um filme que me tirasse o fôlego, afinal a história prometia. Tirando a deslumbrante fotografia, nada funcionou no filme pelo menos pra mim, tive sono durante as arrastadas mais de duas horas de projeção e isso é um péssimo sinal, cochilar dentro do cinema pra mim é gravíssimo quase um crime inafiançável, mas fui forte e aguentei firme até o final pra sair do cinema com a melancólica sensação de ter desperdiçado o dinheiro do ingresso.

Por fim, pra recuperar o tempo perdido com Melancolia fui procurar junto com Bruna Lombardi Onde está a felicidade? Não há muito o que dizer sobre o segundo filme de Carlos Alberto Riccelli. A história se passa entre São Paulo e Santiago de Compostela dando um pulinho no Piauí lá no final. É um filme colorido, histérico e quase engraçado que tenta passar uma mensagem clichê e sem graça. Quis ver esse filme porque gosto muito da Bruna Lombardi e adorei seu último filme O signo da cidade, também com direção do marido. Assistindo Onde está a felicidade? e comparando os dois longas fica muito claro que marido e mulher funcionam muito melhor no drama que na comédia até porque La Lombardi tem uma elegância e sofisticação que não combinam com o espírito meio escrachado do segundo filme, que tenta descaradamente beber na fonte das comédias Almodovarianas mas não consegue chegar nem aos pés. Em suma se não tiver nenhuma opção melhor assista, pode ser divertido.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

FUI ÀS NUVENS E DESPENQUEI

São paulo. Domingo. Final de tarde. Avenida Paulista. Livraria Cultura. Escolho alguns livros, me acomodo confortavelmente num imenso pufe lilás. Muitas pessoas andando pra lá e pra cá, outras concentradas em seus livros como eu. Percebo dois casais próximos a mim que me chamam a atenção. O primeiro casal são dois rapazes muito bonitos que estão sentados lado a lado no primeiro degrau da escadaria de madeira onde ficam alojados os pufes e banquetas. Eles trocam carinhos como beijos no rosto e cabeças encostadas no ombro. O segundo casal é composto por duas moças, que a princípio estão sentadas num pufe amarelo de costas uma pra outra, mas, talvez incentivadas pela naturalidade com que o primeiro casal se porta logo uma se deita com a cabeça encostada no colo da outra.

Observo tudo entre um livro e outro e penso "nossa, que povo mais evoluído e civilizado. Nenhum defensor da moral e dos bons costumes pra fazer cara feio ou falar alguma asneira. Que maravilha! me sinto feliz por estar aqui". Penso isso porque em Porto Alegre de onde cheguei á algumas semanas nunca vi nada igual e aqui apesar de todos os ataques homofóbicos dos últimos tempos as pessoas não se furtam de sua liberdade de expressão.

Por fim, ambos os casais se vão. Continuo ali absorto entre as palavras e meus pensamentos, com uma agradável sensação que dura até o momento em que duas adolescentes de 12/13 anos passam por mim abraçadas pelo pescoço. Duas amigas obviamente. Visivelmente ingênuas até. E atrás delas uma velha pernóstica que não dava pra distinguir se era mãe ou avó. Eis que a "distinta" senhora chega perto das meninas e solta a seguinte pérola: "Não fiquem abraçadas assim, é feio". As mocinhas então olham pra ela revirando os olhos como a que dizer "ai! nada a ver sua idiota". E muito a contra gosto elas se afastam.

Neste exato momento, além de querer dizer poucas e boas pra'quela velha ridícula, lamentei profundamente que aqueles dois casais não estivessem mais ali, e apesar de achar de extremo mal gosto demonstrações efusivas de afeto em público, eu adoraria vê-los trocando um beijo de língua bem indecente na frente dela. Mas não aconteceu. Tive que encubar o comentário maldoso e preconceituoso da fulana e a sensação agradável que me tomara de assalto momentos antes deu lugar a um sabor amargo de contrariedade e a desagradável sensação de voltar a estaca zero.

A SINGELA FELICIDADE

Depois de um exaustivo dia de trabalho, passou na padaria, comprou seis pães francês e um sonho de creme. No caminho para casa rasgou a embalagem do sonho e à primeira mordida sentiu uma imensa explosão de prazer invadir seus sentidos, jogou a cabeça pra trás e ao contemplar o céu estrelado daquela noite morna sorriu de satisfação e conseguiu entender de uma maneira doce como a felicidade pode ser simples.

SENTIMENTOS

Já parou pra pensar no significado de cada sentimento que possuímos? É possível explicar quase todos eles. E o amor será possível explicar? Analisem esses significados:

SAUDADE é quando, o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo mas não consegue.

LEMBRANÇA é quando, mesmo sem autorização seu pensamento representa um capítulo.

ANGÚSTIA é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

PREOCUPAÇÃO é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair do seu pensamento.

INDECISÃO é quando você sabe muito o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa.

CERTEZA é quando a ideia cansa de preocupar e pára.

INTUIÇÃO é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

PRESSENTIMENTO é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

VERGONHA é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

ANSIEDADE é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

INTERESSE é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

SENTIMENTO é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

RAIVA é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

TRISTEZA é uma mão gigante que aperta seu coração.

FELICIDADE é um agora que não tem pressa nenhuma.

AMIZADE é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

CULPA é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas geralmente não podia.

LUCIDEZ é um acesso de loucura ao contrário.

RAZÃO é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

VONTADE é um desejo que cisma que você é a casa dele.

PAIXÃO é quando apesar da palavra "perigo" o desejo chega e entra.

AMOR é quando a paixão não tem outro compromisso marcado? Não. Amor é um exagero?... Também não. Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

É complexo explicar o sentimento do AMOR, ele é tantas coisas e muitas vezes essas coisas são diferentes em cada coração que o sente. Amar é sentir, é dar amor, receber amor. Amar não é explicar e sim deixar aproveitar esse sentimento tão maravilhoso.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

LIBERDADE PARA AS BORBOLETAS - PARTE FINAL

Semanas após aquele fim de semana na capital, Rodolfo preparou uma grande surpresa para Yuri. Como recompensa pela conclusão do curso de espanhol os dois viajariam para Buenos Aires em uma espécie de lua-de-mel. Yuri entrou em estado de êxtase, mal podia se conter, era emoção demais e por demais inacreditável para o garoto simples de beira de praia que viajaria pra fora do Brasil. E Rodolfo se deliciava testemunhando a felicidade quase incontrolável de seu amado menino.

Alguns dias depois já em terras argentinas Rodolfo e Yuri comemoravam 1 ano de namoro e nunca foram tão felizes. Entre hermanos, tangos e media-lunas, visitaram parques, museus, livrarias e restaurantes maravilhosos e se amaram, se amaram intensamente. Foram 4 dias de sonho até a volta pra casa, ao botarem os pés no apartamento um convite enviado pelo correio endereçado a Rodolfo, amigo antigo convidando-o pro aniversário em boate badalada na capital. Como de costume Yuri ficou animadíssimo com a ideia de uma festa na capital e Rodolfo nem tanto, mas achou que seria a oportunidade perfeita de rever velhos amigos e de quebra apresentar Yuri e pagar a promessa que havia feito de levá-lo em uma balada.

Exato um mês depois do convite oficial, Rodolfo e Yuri adentraram a pista da badaladíssima festa de aniversário, ambos estavam lindos, mas Yuri estava especialmente deslumbrante e inebriado com lugar, era tudo muito mais incrível do que ele imaginava, a música, as luzes, os garçons, as drag-queens, a decoração, as pessoas, o clima como um todo. Rodolfo não queria parecer pegajoso nem inseguro mas logo na entrada percebeu os olhares de cobiça e admiração em cima de Yuri e aquilo lhe enchia de orgulho por estar ao lado de um dos homens mais lindos da festa e ao mesmo tempo um medo insuportável de perdê-lo pra sempre. Rodolfo conhecia aquele mundo muito bem e sabia que as feras famintas estavam sempre a espreita preparadas pra dar o bote em carnes frescas, e para todos ali Yuri não passava disso, um belo espécime de carne fresca passeando incauto e ingênuo entre as feras famintas, precisava protegê-lo mas sem sufocá-lo. Assim fez as devidas apresentações sempre apreensivo e com certo desconforto e assim passou a noite toda num canto da boate observando Yuri interagir com as pessoas, dançar, gargalhar e só se aproximava do namorado quando ele acenava chamando-o pra perto de si. Rodolfo ouviu todos os tipos de elogios deirecionados a Yuri, todos os amigos e conhecidos estavam encantados com o belo rapaz, a essa altura já devidamente lapidado por ele e completamente inserido naquele contexto de glamour e cobiça.

No retorno pra casa enquanto Rodolfo dirigia sério em silêncio, Yuri não conseguia parar de falar e gesticular e contar empolgadamente todas as impressões que tivera daquela noite impressionante. Rodolfo só sorria com o canto de boca e balançava suavemente a cabeça como que a concordar com o fascínio de Yuri, mas o ar preocupado não desaparecia de seu semblante. Já no apartamento Yuri comentou que Rodolfo parecia chateado com algo.

- Aconteceu alguma coisa Rudy? Você parece chateado, preocupado com alguma coisa. Não gostou da festa, tá se sentindo mal? Foi alguma coisa que eu fiz ou disse?

Carinhosamente, passando a mão suave na nuca de Yuri, Rodolfo respondeu.

- Não aconteceu nada meu amor, eu só tô cansado, essas festas não fazem mais a minha cabeça. Mas se você se divertiu e gostou tanto é o que importa, eu fico feliz por você.

Deitaram ambos exaustos, mas mal conseguiram dormir, Yuri com uma alegria incontida pela noite que tivera, Rodolfo com uma desagradável sensação de perda.

Os dias que se seguiram apresentaram a Rodolfo um Yuri diferente, ainda que sutilmente, mais confiante, seguro de si e descolado. Sem sombra de dúvidas aquela festa e aquelas pessoas surtiram visível efeito em seu diamante recém lapidado e isso o enchia de dúvidas e angústias. Yuri continuava carinhoso e apaixonado, mas dentro de Rodolfo a certeza daquele amor havia mudado.

Certo dia arrumando roupas e objetos Rodolfo encontrou entre as coisas o cartão de uma agência de modelos e perguntou a Yuri do que se tratava. Sem dar muita importância Yuri explicou que tinha recebido de um cara na noite da festa, mas não havia levado muito a sério a proposta para ver umas fotos e acabou largando o cartão em qualquer lugar. Rodolfo ficou pensativo por alguns instantes procurando coragem para dizer o que seu coração não queria mas o bom senso pediu.

- Você devia ligar para ele Yuri, é uma oportunidade e tanto. Eu conheço essa agência, é uma agência ótima, séria, exporta modelos belíssimos pro exterior. Eu vou ligar pra você.

- Não Rodolfo, eu não quero. Você ficou louco, escutou o que você acabou de dizer, trabalhar no exterior, ir embora pra fora do Brasil, pra longe de você, nem pensar!
Dizendo isso saiu e Rodolfo permaneceu calado e pensativo olhando as paredes brancas do apartamento.

Poucos dias mais tarde Yuri recebeu um telefonema da agência que havia provocado o pequeno mal estar entre ele e Rodolfo e mesmo não interessado em nenhuma proposta ouviu pacientemente do outro lado da linha. O agenciador insistiu pra que Yuri aceitasse sua proposta, e era mesmo uma proposta tentadora, mesmo sem fazer testes, nem fotos, Yuri já começaria como modelo principal de uma marca de tênis, uma campanha grande e um cachê melhor ainda. Yuri ficou balançado, sentou com Rodolfo, contou todos os detalhes da proposta de trabalho, expôs seu desejo de aceitar, ms também o medo de ficar longe dele, pois teria de viajar e ficar um tempo na capital.

Com a serenidade de sua maturidade e experiência de vida, Rodolfo fez Yuri entender que para ele seria insuportável ficar tantos dias sem vê-lo, mas que boas oportunidades não podiam ser desperdiçadas e que logo eles estariam juntos de novoe o reencontro seria incrivelmente especial, sem contar que ele começaria a ter seu próprio dinheiro, conquistaria a independência financeira, amadureceria como ser humano e estaria mais seguro e inteiro na relação. Enquanto Rodolfo falava lágrimas vertiam pelo rosto de Yuri. Rodolfo apertou num abraço forte o rosto de Yuri contra seu peito e enxugou suas lágrimas na camiseta cinza de algodão. Ficaram assim entrelaçados um no outro por um longo tempo, acabaram adormecendo no sofá.



No carro rumo à capital Yuri não disfarçava o nervosismo, Rodolfo tentava acalmá-lo com palavras tranquilizadoras, mas conseguiu imaginar o que o garoto de beira de praia, um dia ignorante, estava sentindo prestes a iniciar uma promissora carreira de modelo. Era uma loucura como a vida dele havia mudado tanto em tão pouco tempo e isso também mexia com ele de uma forma muito particular, era como se estivesse perdendo seu menino, seu pequeno tesouro, um tesouro que descobriu sozinho e que muitos agora teriam acesso.

Chegando em seu destino Yuri despediu-se de Rodolfo com um longo e apaixonado beijo e promessas de telefonemas todos os dias.



O tempo passou, Rodolfo e Yuri se viam muito menos mas com muito mais intensidade. Yuri tornara-se um disputado rosto em campanhas publicitárias e às vezes até nas passarelas, sua carreira deslanchara, precisou mudar-se de vez pra São Paulo, quando conseguia uma brecha na agenda encontrava-se com Rodolfo na praia, quando não, era Rodolfo que ia ao seu encontro. Ambos sentiam falata de estar mais tempo juntos, mas a vida havia mudado, principalmente a de Yuri, e a rotina de Rodolfo tornou-se entediante sem seu menino numa praia quase deserta. Às vezes Rodolfo chorava silencioso abraçado ao travesseiro de Yuri, mas o que era ruim poderia ficar pior.

Certo fim de semana Yuri foi ao encontro de Rodolfo. Levou flores, bombons, vinho e um brilho triste no olhar, que Rodolfo percebeu no ato ao abrir a porta pro amado. Sem trocar palavras beijaram-se como se fosse o último suspiro, se embriagaram de vinho, dançaram nus de rosto colado no meio da sala sob o tapete macio de pele de carneiro e se amaram ardente e desesperadamente, depois se amaram de novo serena e suavemente, devagar e em silêncio.



De manhã Rodolfo acordou Yuri com café na cama e fez a pergunta que não queria calar.

- Yuri, nós já tivemos noites e dias e tardes maravilhosos mas essa noite foi mais que especial, foi indescritível. Me responde sem rodeios, essa noite foi uma despedida?



- Surgiu uma nova proposta Rodolfo e eu aceitei. Trabalho em Nova York, eu embarco em quatro dias.

-Nova York? Dentro de quatro dias? Você não me disse nada antes por quê? A gente só tem quatro dias Yuri depois eu não vou te ver mais. Por quê você fez isso, por quê?!



Rodolfo sentia um desespero que não conseguia controlar, enquanto Yuri tentava explicar em vão. Sufocado pelo desespero de perder seu amor, Rodolfo saiu batendo a porta deixando Yuri sem reação ainda na cama.

Rodolfo correu de pijama pela areia da praia até cansar. Exausto de correr e chorar sentou-se na areia úmida e olhou pro mar na esperança de que ele o acalmasse e o fizesse aceitar mais uma perda. De repente sentiu uma mão quente tocar seu ombro.



- Vem comigo meu amor, tá frio aqui.

Yuri o envolveu em seus braços e levou-o de volta pra casa. Conversaram longamente sobre tudo. Yuri esclareceu todos os detalhes da mudança e contou que em um ano estaria de volta. Yuri insistiu para que Rodolfo o levasse até o aeroporto, mas este alegou que detestava despedida e aquela só prolongaria seu sofrimento. Despediram-se então na portaria do prédio mesmo, Yuri entrou no táxi e o coração de Rodolfo em pedaços tinha a certeza que jamais o veria novamente.



A vida seguiu seu rumo, os primeiros meses sem Yuri foi quase insuportável pra Rodolfo, mas aos poucos ele foi se acostumando. Às vezes em datas especiais recebia um postal de Yuri, mas a cada correspondência sentia-o mais distante, menos seu.

De vez em quando Rodolfo caminhava à beira mar e lembrava o dia em que conheceu Yuri, nesses momentos alternava entre lágrimas e risos, e assim entre suas recordações do passado percebeu um carro preto com os vidros fumê seguindo-o, resolveu tomar satisfações e foi em direção ao veículo. O carro parou, a porta se abriu e Yuri saiu dele lindo como um deus, Rodolfo demorou alguns minutos para reconhecê-lo todo vestido de negro e óculos escuros, quando o reconheceu mal podia acreditar no que seus olhos via.



- Yuri é você?

- Viu como eu evoluí, a primeira vez te persegui com uma bicicleta velha, agora já tenho um carro razoável. Quer dar uma volta comigo?



- Você disse que voltaria em um ano, mas já passou mais que isso, eu achei que nunca mais te veria.

- O contrato foi renovado por mais cinco meses, mas eu nunca tive dúvida de que voltaria pra você e vou voltar sempre porquê você é o amor da minha vida.



Rodolfo sorriu o sorriso mais feliz de toda a sua vida, beijou Yuri escandalosamente, entrou no carro e enquanto Yuri dirigia e falava sobre tudo entendeu que ele não era mais seu diamante mas uma borboleta colorida e livre que poderia voar o mais alto e longe possível porque sempre voltaria pro seu jardim, pois também era o amor de sua vida.





FIM

sexta-feira, 13 de maio de 2011

LIBERDADE PARA AS BORBOLETAS - PARTE 2

Rodolfo tentou resistir o quanto pôde, mas a paixão por Yuri estabeleceu-se de forma inevitável em sua vida.

A primeira noite de amor foi intensa e vigorosa, Yuri era um verdadeiro vulcão em erupção, uma força da natureza e despertou em Rodolfo sensações incríveis já à algum tempo quase esquecidas. O cara mais velho, mais experiente e completamente seguro de si, sentia-se agora desarmado, frágil, mas protegido, aninhado nos braços do garoto simples e rude do interior.

Depois daquela noite Rodolfo e Yuri não se desgrudaram mais. Yuri passava mais tempo no apartamento de Rodolfo do que em sua própria casa. Até que um belo dia por ideia de Rodolfo, mudou-se de vez para lá.

De vez em quando Yuri fazia alguns bicos como ajudante de pedreiro para que Rodolfo não pensasse que ele estava se aproveitando das mordomias que ele podia lhe proporcionar. Mas Rodolfo reconhecia o esforço do rapaz e decidiu que era hora de começar a lapidar o diamante bruto que tinha levado pra sua casa.

Rodolfo começou então uma verdadeira maratona. Matriculou o garoto em um cursinho supletivo para que concluísse o ensino médio e também em um curso de inglês e espanhol.

Embora obedecesse tudo o que Rodolfo o orientava a fazer, as vezes Yuri reclamava que aprender duas línguas diferentes ao mesmo tempo era muito complicado, no que Rodolfo sempre argumentava que ele ainda era muito jovem e estava com a cabeça bem fresca para aprender muitas coisas ao mesmo tempo. Yuri era mesmo muito esperto e aprendia tudo bastante rápido e conforme progredia nos estudos Rodolfo começava a repaginar seu visual.

Num certo fim de semana viajaram até a capital, o que deixou Yuri arrepiado de excitação, pois nunca havia saído de sua pequena cidade natal e lá Rodolfo levou-o no salão que costumava frequentar e depois de algumas horas o já belo Yuri começava a transformar-se num princípe. Estava agora com um corte de cabelo moderno, a pele limpa, sedosa, quase cintilante, músculos relaxados, sentiu como se caminhasse em nuvens. Do salão partiram pro shopping. No afã de deixar seu amado com a melhor casca possível, Rodolfo deu-lhe um banho de loja. De roupas e sapatos à acessórios e perfumes Yuri ganhou de tudo do bom e do melhor, Rodolfo não fez economia, sentia-se realizado e satisfeito de ver o homem que estava amando além de lindo, feliz. E Yuri estava não só feliz, mas fascinado e encantado com todo aquele admirável mundo novo que se desvelava bem diante de seus olhos. Encerraram o dia com uma sessão de cinema.

Enquanto jantavam, já no restaurante do hotel, Yuri comentou com Rodolfo um antigo desejo.

- O dia de hoje foi perfeito, acho até que depois da nossa primeira noite juntos foi o melhor dia da minha vida, mas tem mais uma coisa que queria te pedir

- Pede

- Eu queria sair pra dançar numa boate

- Numa boate?

-É, uma balada numa boate. Eu sempre tive vontade mas nunca fui em uma. Só vi em revistas e na TV. Dançar sob aquelas luzes coloridas no meio de um monte de gente bonita, eu sempre quis fazer isso. Me leva vai.

Rodolfo achou graça do desejo de Yuri, algo que ele mesmo já tinha feito tantas vezes e andava sem paciência nenhuma para voltar a fazê-lo. Frequentar baladas era coisa do passado em seus hábitos, mas ele compreendia a curiosidade do namorado que era só um garoto e conhecia quase nada da vida e continuaria sem conhecer se ele próprio não o tivesse introduzido em uma nova vida, mas aquela parte da vida noturna ele queria adiar o máximo possível, por isso apesar do apelo quase ingênuo de Yuri, Rodolfo achou por bem recusar seu pedido.

- Dessa vez é melhor não Yuri.

- Mas por que?

- Porque amanhã a gente pega a estrada cedo de volta pra casa.

- Mas não tem problema. A gente sai agora, ainda tá cedo, fica só um pouquinho, só pra eu ver como é, e amanhã a gente pega a estrada um pouco mais tarde, que tal?

- Meu querido, eu estou muito cansado, o dia foi exaustivo hoje. Eu sei que você não sente como eu, tá aí cheio de gás, mas eu não tenho mais 19 aninhos. O melhor que a gente tem a fazer agora é ir pro quarto e dormir o sono dos justos. Eu juro, prometo que da próxima vez que viermos pra cá eu te levo na melhor balada da cidade e você vai dançar sob as luzes coloridas a noite inteira.

Terminaram o jantar e se recolheram numa das melhores suítes do hotel. Rodolfo pegou no sono logo e Yuri insone, ficou assistindo filmes no DVD sem legendas para treinar o inglês. Lá pelas tantas, quase pegando no sono, abraçado e com a cabeça recostada ao peito de Rodolfo, Yuri murmurou as últimas palavras antes de cair em sono profundo.

- Eu te amo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PAIXÃO TARDIA


Em estado de encantamento, completamente arrebatado. Foi assim que fiquei ao acompanhar a microssérie baseada na obra musical de Chico Buarque Amor em 4 atos. Na verdade nunca fui muito fã de Chico, ao contrário, sempre me incomodou um pouco tanto oba oba em cima de sua figura constantemente apontada como um profundo conhecedor da alma feminina e tal, toda a aura de unanimidade que o envolve e o fato de ele aparecer muito pouco, fortalecendo o rótulo de celebridade inatingível.

Enfim, depois de Amor em 4 atos, fui obrigado a rever meus conceitos sobre Chico e sua obra, me apaixonei, ainda que tardiamente. Impossível não se render a melancolia de O QUE SERÁ e AS VITRINES nos episódios com Aline Moraes (sempre um bálsamo para os olhos) e Vladimir Brichta. Como não mergulhar nas águas profundas de uma paixão atormentada e dolorosa vivida por Carolina Ferraz e Dalton Vigh ao som de MIL PERDÕES? Ou não querer amar intensa e sofregamente como se fosse a última vez, assistindo ao episódio inspirado em ELA FAZ CINEMA e CONSTRUÇÃO, embalados pela doçura sexy de Marjorie Estiano e a inoxidável virilidade de Malvino Salvador?
Aplausos para a sofisticada direção de Roberto Talma, Rede Globo e Chico Buarque que juntos levaram ao ar uma das melhores coisas desse início de ano: Música para os olhos.

domingo, 2 de janeiro de 2011

ANO NOVO, VIDA NOVA?

Na noite da virada, na sacada do nono andar do edifício Madri, pipocam no céu os multicolores e sempre fascinantes fogos de artifício, os dourados e os lilázes são os mais bonitos. Uma taça de espumante na mão e a cada nova explosão uma palpitação diferente e angustiante no peito. Tanta esperança antes da meia-noite do dia 31, e no primeiro minuto de 2011 um medo aterrador, agora o ano novo não é mais apenas um vislumbre, ele existe de fato e chegou a hora de pôr em prática todas as promessas, tentar realizar todos os desejos ou pelo menos parte deles. Sabe-se que 99,99% de as coisas acontecerem depende somente de nós, mas também é necessário o 00,01% de oportunidade pras coisas darem certo e se esse 00,01% não der o ar de sua graça? Pânico total, mas este só dura o tempo de eu lembrar quem sou, nada ou quase nada me detém quando quero algo e em 2011 EU QUERO MUITO, em 2010 também quis mas era apenas uma ideia a amadurecer, agora já está amadurecida e pronta pra ser colhida.

Depois da meia-noite hora de encontrar todo mundo madrugada à fora. Praia, bebidas, abraços, gargalhadas, felicitações, pegação e mais esperança, muitas, toneladas, pra enfrentar com um sorriso no rosto os próximos novos 365 dias.

01 de janeiro de 2011, acordo as 15:00, um banho bem demorado, comidinha leve, roupa bacana pra festa de logo mais à noite. Casa lotada, gente bonita saindo pelo ladrão, música dance, cerveja, ice, água. Roupa encharcada de suor. Um sorriso é trocado no bar, um drink me é oferecido e gentilmente recusado, mais tarde um beijo no escuro. Drags, go-go boys, gritos ensandecidos. Deixo a festa as 05:00 da manhã e depois de quase um ano sem frequentar casas noturnas chego a mesma conclusão: tudo continua igual, exceto o drink oferecido, que tantas vezes vi nos filmes e devaneei que um dia aconteceria comigo, demorou mas aconteceu, a primeira novidade de 2011, talvez nem tudo continue igual ou será que sou eu que estou diferente?