segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

HOJE, EU CHOREI

Nunca fui de chorar pela morte de artistas, por mais que alguns desses me fossem queridos.

A primeira vez que a morte de um artista me deixou triste e chocado, foi aos 11 anos quando a jovem e promissora atriz Daniela Perez foi brutalmente assassinada por um colega psicopata em dezembro de 1992, mas eu não chorei.

Depois, em outubro de 1996, no auge de uma adolescência efervescente, quase pirei com a morte inesperada - pelos fãs, não por ele - de Renato Russo. Eu estava começando uma longa, profunda e sentimental jornada pelas ideias, angústias, amores e aflições de um dos gênios da nossa música, quando ele se foi me deixando órfão de novas ideias, novas angústias, novos amores e novas aflições, porque o que ele deixou tornou-se eterno e sagrado pra mim. Ainda assim, embora inconformado e arrasado, eu não chorei.

Cinco anos após a morte de Renato, em dezembro de 2001, falece mais uma promissora estrela da música brasileira. No auge de sua carreira, depois de vender milhões de cd's com seu trabalho acústico, Cássia Eller nos abandona, partindo dessa pra melhor. Era demais pra mim, impossível acreditar e aceitar, um mês antes, em novembro, ela estava mais viva do que nunca, aprontando todas com seu jeitão tímido e irreverente no último show que eu presenciei em minha cidade. Eu insisti tanto pra ir naquele show, convidei um monte de gente pra me acompanhar, mas ninguém quis. Fui sozinho mesmo, com a cara e a coragem e não me arrependi. Aquele show foi um divisor de águas na minha vida. Após me tornar seu fã incondicional, um mês depois Cássia Eller estava morta. Apesar de tudo, eu não chorei.

Em janeiro de 2008, depois de explodir mundialmente com o polêmico filme "O segredo de Brockeback Mountain", o talentoso ator hollywoodiano Heath Ledger morre em seu apartamento por overdose de remédios. Fiquei muito triste por ele, pela família dele, que deixou uma filhinha de 3 anos, por mim, por não ter mais a oportunidade de comtemplar tamanho talento e uma certa beleza exótica, muito peculiar, em novas produções cinematográficas. Ainda assim, mesmo muito triste, eu não chorei.

Já esse ano, parece que foi o ano das mortes inesperadas e extremamente sentidas por mim. Em 11 de outubro faleceu Stephen Gately, um dos integrantes do extinto grupo musical irlandês Boyzone, uma boy band com cinco garotos lindíssimos que fizeram o maior sucesso na década de 90. Stephen tinha apenas 33 anos e era bastante conhecido por ter sido o primeiro integrante de uma boy band a assumir publicamente sua homossexualidade, exatamente por isso ele era o meu preferido dos cinco. No dia 13 de novembro quem nos deixou foi a hilária e fantástica atriz Mara Manzan, aos 57 anos após lutar ferozmente contra um câncer durante 2, Mara perde a guerra e nos deixa cheio de saudades. E dando continuidade a esta mórbida saga, no dia 03 de dezembro é encontrada morta em seu apartamento a atriz Leila Lopes. Reconhecida como um promissor talento da nova geração de astros globais nos anos 90, leila atuou em uma novela atrás da outra até cair no ostracismo em meados dos anos 2000. Para não cair no esquecimento total e chamar a atenção da mídia novamente, Leila fez dois filmes pornô. Parece que não aguentou a barra de tamanha exposição e acabou cometendo suicídio aos 50 anos. Deixou uma carta tocante, que mexeu muito comigo. Senti pena de Leila, eu gostava dela. Essas três, foram perdas muito tristes, que me deram muita vontade de chorar, mas eu não chorei.

Hoje, eu chorei. Aos 32 anos recém completados, morreu ontem, dia 20, a graciosa atriz de Hollywood Brittany Murphy. Quando escutei o anúncio no jornal, parei tudo o que estava fazendo e fiquei estático diante da tv, incrédulo, boquiaberto, pasmo, sem ação. A repórter narrava a notícia e cenas de Brittany, linda, cheia de vida em premiações, posando para os fotógrafos, deslumbrante em longos vestidos de gala, com sorriso iluminado apareciam na tela. Na minha cabeça todos os filmes leves, solares, românticos e engraçados que ela fez formavam um flashback.

Estrela de filmes estilo sessão da tarde, Brittany era um encanto. Apesar da pouca idade sua filmografia é extensa, mas dentre todos, apenas 3 bastam para se ser arrebatado por ela: Grande menina, pequena mulher, Amor e outros desastres e A agenda secreta do meu namorado. Os dois últimos, aliás, estarão em breve na série "Os filmes da minha vida".

Então, eu chorei. Veio naturalmente, como um jorro instântaneo e involuntário. Uma necessidade de pôr pra fora todas as perdas de 2009. A constatação de como a vida é frágil, de como tudo é efêmero, absolutamente tudo, até aquilo que a gente acha que é sólido e permanente, não é. A qualquer momento vem a morte e puf, acabou. Aquela menina linda, radiante, cheia de graça não vai mais acordar todos os dias e beijar o marido, sair pra passear com o cachorro, tomar café da manhã na varanda da sua casa belíssima em Los Angeles, não vai mais usufruir da fortuna que recebe fazendo seus filmes, não vai mais atuar e me encantar com suas histórias doces, divertidas, glamourosas.

Brittany perdeu a vida e não tem mais nada a perder. Eu perdi mais um pouco de ilusão, de doçura, de encantamento e ainda posso perder mais, porque embora tenha muito pouco ainda continuo vivendo e por isso eu chorei. Não pela atriz, mas por mim.

11 comentários:

Macaco Pipi disse...

quer nos fazer chorar?
nao vale.

Unknown disse...

Muito estranha a morte desse pessoal neh...mas a explicacao eh obvia o que nao a faz dela menos triste....ela tambem era viciada nos mesmos remedios que Michael Jackson e com certeza sabia que fim ele levou,considero quase que tentativa de suicidio, uma pena,eu gostava dela...

Bianca disse...

Eu tb fiquei muito chocada! Não só pela dela, mas por todas as outras tb! Isso nos serve pra lembrar que não se pode ter medo de arriscar, pois o amanhã nunca se sabe!
Bjão, meu amor!

Vivica disse...

Eu fiquei pasma. Super nova! Eu me lembro nas Patricinhas de Beberly Hills. Só de olhar pra ela já dava uma alegria.

Que ela descanse em paz.

Abs.

Anônimo disse...

Ontem dia 20 eu perdi meu melhor amigo, aquele fiel companheiro, meu cachorro, então eu chorei muito, é como se eu tivesse perdido alguém muito querido na familia, na verdade ele era membro da família.

Anônimo disse...

Entendo o que quer dizer!
Tuas palavras cheias de significado são como janelas secretas.
Para entende-lo...basta lê-lo!
Tens a alma e a escrita apaixonada.
És dedicado...emotivo....rico em detalhes,até nos detalhes escondidinhos de frases bem colocadas...és cativante e apaixonante.
Enorme abraço

Marcus disse...

esse ano foi o ano de famosos morrer, entro todos, o qual mais me chocou foi Michael Jackson, mesmo ele tendo parado de cantar, ele era uma lenda viva da musica pop.

Anônimo disse...

Disse no ultimo cometário que fez a mim...que queria paz.
Creio que esta com a alma sufocada não é?!
Não sabe o que fazer...sente-se perdido,cheio e perturbado?
Se é assim que anda...sei como estas.
Não me ache uma metida....mais gostaria tanto de ter seu e-mail...assim poderemos (quanto vc estiver disposto)trocar algumas ideias.
Tenha um Natal tranquilo,desejo a ti paz...muita e muita paz...com carinho de quem adimira tua escrita forte....Lua.

LuEs disse...

É realmente complicado quando um ator ou atriz de quem gostamos morre. Eu não chorei pela morte de nenhum desses, mas particularmente as mortes de Ledger e Murphy me chocaram. Ele era extremamente talentosoe a prova disso está no belo Brokeback Mountain. Nomeado duas vezes ao Oscar, o ator não esteve presente para receber o prêmio que acabou recendo. Já Britanny era uma atriz ainda em ascensão... já havia feitos filmes como Garota, Interrompida e 8 Mile, nos quais aborda um lado mais dramático e menos meigo. Acredito que ela era talentosa e, com o roteiro certo e uma boa direção, seria projetada entre os grandes nomes do cinema. Uma pena que morreu tão nova, apenas 32 anos! Digo o mesmo sobre Heath Ledger...

maybe disse...

I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^

Marcelo A. disse...

Oi, Esdras!

Cara, eu ia comentar no último post, mas não resisti. Esse aqui me chamou muito a atenção.

Toda vez que morre alguém jovem e talentoso, eu me choco muito. Foi assim com a Daniela Perez, como você citou, cuja vida foi tirada estupidamente. E pensar que hoje, esse bandido tá por aí, livre, leve e solto!

Renato Russo foi o grande ídolo da minha vida. Engraçado que ainda há pouco cantarolava "Eu era um Lobisomem Juvenil", daí, entro aqui e leio sobre ele. Tanto ainda a oferecer e tão moço! Lamentável...

Cássia Eller... Putz! Toda aquela irreverência, no fundo, no fundo, escondia uma baita duma timidez. Sem dúvida nenhuma, uma de minhas vozes preferidas.

Heath pra mim era uma das grandes promessas de Hollywood. Promessa não. Já era um astro. Fim triste o dele. Nunca mais esquecerei o dia de sua morte, que é (era, pois acabei de perdê-la, faz quinze dias) aniversário de minha avó.

Esse ano foi brabo. A morte do Stephen Gately foi a que mais me chocou. Nunca fui exatamente fã de boyband, mas não posso negar que, durante a segunda metade dos anos 90, era um tipo de música onipresente. E apesar de não ser muito minha praia, curtia o trabalho do Stephen, gostava dele como cantor. Achava legal o contraponto que sua voz fazia com a do Ronan. "No Matter What" foi um dos clipes que mais vi na MTV e não há como se esquecer do balão, da canção, tão bonita. Parecia que o grupo tinha voltado, né, e que ele era o mais animado com o retorno. Eu cheguei a escrever sobre lá no blog, depois dá uma olhada.

Mara Manzan foi uma guerreira, lutou enquanto pôde. Leila Lopes parecia infeliz.

E a Britanny?! Nossa! Que fim prum ano pesado... Ela, Michael, Gately... Espero que 2010 seja mais leve nesse sentido.

Entendo o que você sentiu. Eu também me sinto exatamente da mesma forma. Já acho lamentável quando um artista se vai. Sinto o mundo mais triste, mais pobre. Se ele é jovem então... putz!

Bom, falei demais! Espero não ter dito bobagem.

Abração, meu querido, e apareça!