domingo, 14 de março de 2010

DA SÉRIE: OS FILMES DA MINHA VIDA - HÁ TANTO TEMPO QUE TE AMO (5)

Após 15 anos na prisão por ter assassinado o próprio filho, um garotinho de 5 anos, Julliete conquista novamente a liberdade. Quem vai buscá-la na prisão é a irmã mais nova, Léa, única família que lhe restou. Léa leva Julliete pra sua casa, com uma família estruturada, Léa mora com o marido, as dua filhas e o sogro e acolhe Julliete em seu lar com todo o carinho.

Todo o tempo existe uma preocupação da parte de Léa, em ser agradável com a irmã, puxando conversa, revelando o quanto sentiu sua falta, deixando-a à vontade, mas com o cuidado de não tocar em assuntos constrangedores, porém Julliete é seca e suscinta. Fala o mínimo possível, não consegue nunca sorrir e através dos profundos olhos verdes demonstra toda a amargura contida, uma tristeza intransponível.

Em HÁ TANTO TEMPO QUE TE AMO, viájasse por um universo de emoções dilacerantes. São aquelas emoções que por mais que você tente, por mais que se verbalize, nunca vão parar de sufocar. Julliete matou o próprio filho, pagou pelo crime, a irmã não entende, mas a ama e tenta demonstrar todo esse amor da forma mais doce possível, afinal sua irmã já pagou o que devia à sociedade, mas existirá sempre o ponto de interrogação, por que? Eis aí o amor incondicional.


Julliete, apesar da aparência abatida, logo no primeiro momento já parece forte e confirma isso no decorrer da trama através de sua postura firme e elegante. É uma mulher inteligente, bonita, culta, envolvente. Mas por que essa mulher tão interessante cometeu um crime tão abominável? Os sentimentos se confundem. Será mesmo que ela fez isso, será que foi um acidente, será ela uma psicótica-neurastênica que tirou a vida do filho num acesso de loucura, será que armaram pra que ela fosse presa acusada desse crime, e pela dor de perder um filho tão precocemente ela aceitou pagar sem resistências por um crime que não cometeu?


Será os sentimentos de Léa tão puros e incondicionais quanto ela demonstra ser? Por quanto tempo uma pessoa fica aprisionada à uma culpa tão devastadora? Com o passar do tempo Julliete vai deixando de lado a dura cerviz e dando lugar a uma mulher mais desarmada, abrindo a guarda sutilmente, mas os fantasmas do passado sempre pairam no ar. Julliete têm dificuldade em se envolver amorosamente, sente necessidade de amor, mas o pavor de que descubram o que passou a paralisa.


Julliete consegue aos poucos, com muito esforço voltar a viver, ganha um emprego, conquista a confiança do cunhado que a princípio não a enxerga com bons ohos dentro de sua casa, interage socialmente, monta um apartamento, curte os pequenos prazeres da vida como passeios no parque, a leitura de bons livros e visita a museus e finalmente nos entrega um sorriso.


O filme lindamente dirigido pelo estreante Philippe Claudel e estrelado por uma fascinante e enigmática Kristin Scott Thomas além de uma belíssima fotografia e produção impecável, culmina na emocionante revelação de Julliete para a irmã Léa, do verdadeiro motivo de seu crime, ao som de uma deslumbrante música francesa, que até então eu desconhecia, na interpretação do cantor Jean Louis Aubert. Depois de uma profunda viagem emocional termina com chave de ouro ao som de versos como estes:


" Na fonte clara eu fui passear
Encontrei a água tão suja que eu teria chorado
Há muito tempo que tudo desaba
Jamais sobreviverei
Sobre o mais alto galho, um pássaro depenado
Chora oh rouxinol, chora
Você não pode mais voar... "


Abaixo os links com o clip da música e o trailler do filme:




5 comentários:

João Carlos disse...

filmes franceses sempre chama a atenção pela sensibilidade.. até os de "ação" heheh...
bela dica.. vou atrás pra assistir :)

Primata disse...

vou tentar assisir!!!

Anônimo disse...

É tão 'empolgante' receber um comentário : "legal".

Legal aqui

Anônimo disse...

Parece ser interessante

CAMILA de Araujo disse...

Parece bem interessante por oq vc excreveu. fikdik.
Vou ver o trailer.

www.teoria-do-playmobil.blogspot.com