quinta-feira, 20 de maio de 2010

DIREITO DE SOFRER

Um homem com uma dor é muito mais elegante? No filme DIREITO DE AMAR a resposta é sim.
Em seu primeiro longa, o diretor Tom Ford nos entrega uma história impecável, ao menos estéticamente. Tudo em DIREITO DE AMAR, da geladeira da cozinha ao abajur do quarto; dos acessórios ao figurino; dos tons pastéis e rosados da fotografia aos fascinantes closes, é uma perfeição nos mínimos detalhes.

O elenco, encabeçado pelo sempre charmoso Colin Firth, é pura exuberância. Julianne Moore, com seus belos olhos verdes, meticulosamente maquiados à perfeição egípcia; Ginnifer Goodwin, como uma pacata e simpática dona-de-casa, vizinha do protagonista; a novata Aline Weber, modelo brasileira que é praticamente um clone de Brigitte Bardot em seus áureos tempos de ninfeta, não diz uma palavra, mas inebria a todos com sua estonteante beleza e seus olhar fulminante; e Matthew Goode como o doce e amável companheiro de Colin, exalam uma graciosidade que nos faz submergir em uma história pouco original, mas profundamente sensível.

Acompanha-se então, as supostas últimas 24 horas de um homem que acorda decidido a tirar a própria vida. Na pele de George Falconer, um sofisticado professor universitário, Colin Firth nos envolve em uma dilacerante, porém discreta dor, ao traduzir em uma delicada interpretação, todo o sofrimento de um homem que perde seu companheiro, com quem viveu por 16 anos, num trágico acidente, sem ter ao menos o direito de viver seu luto publicamente, em plena década de 60.

O estilista Tom Ford, estreante atrás das câmeras, fez um filme bonito e sutil. Infelizmente, porém, tanto esmero estético, parece mais um artifício para distrair a atenção de uma trama pouco consistente. Ainda assim, eu gostei e recomendo. Para pessoas de bom gosto, com olhar apurado e alma sensível.

Resumindo o filme em apenas uma frase, tirada do próprio: "Ás vezes, até nas coisas mais horrorosas, há um ponto de beleza."


Um comentário:

Felipe disse...

Ainda não tinha ouvido falar desse filme, pelas suas palavras parece ser muito bom mesmo. Sobre a frase que usou para definir o filme, me lembrou aquele que diz que nada, nem ninguem é 100% bom ou ruim.