domingo, 9 de dezembro de 2012

DA SÉRIE: OS FILMES DA MINHA VIDA - EU MATEI MINHA MÃE (11)






Um filme canadense, dirigido pelo jovem cineasta Xavier Dolan, que também protagoniza a história. Acompanha-se o drama adolescente de Hubert Minel, garoto de 16 anos que narra a difícil e conturbada relação com sua mãe, Chantal. 

Os pais de Hubert se divorciaram quando ele tinha 7 anos. Sua guarda ficou com a mãe e desde então, ele tem pouco contato com o pai. Porém, Hubert está naquela fase em que não consegue se entender de jeito algum com sua progenitora. Seus hábitos o desagradam. A decoração da casa, suas roupas espalhafatosas, a forma como ignora suas vontades, a comparação com outros garotos de sua idade, tudo o faz detestá-la. Esse sentimento, ele relata com detalhes em vídeos caseiros, que guarda em gavetas no seu quarto.

Em raros momentos, ambos tentam dar uma trégua as brigas e discussões, mas logo em seguida alguma altercação faz com que um dos dois exploda em ofensas, xingamentos e provocações. É como se mãe e filho não conseguissem viver de outra forma se não aos berros e acusações. A convivência entre Hubert e Chantal, torna-se angustiante para o espectador, pois está sempre à beira do limite, causando um efeito destrutivo na relação. Quando imagina-se que os dois finalmente vão se entender, vem um tsunami de ira de alguma das partes e inunda qualquer esperança de uma reconciliação definitiva. A situação só piora, quando Chantal fica sabendo por intermédio de uma conhecida, que o melhor amigo de seu filho, Antonin, é na verdade seu namorado. Descobrindo assim, a homossexualidade de Hubert. Magoada por não saber pela boca do próprio filho, Chantal nada diz, mas fica remoendo por dentro a falta de confiança e cumplicidade do filho para com ela.

Hubert, de sua parte, não suporta mais viver ao lado da mãe e encontra refúgio na casa do namorado e da sogra, que tem uma relação de carinho, harmonia, cumplicidade e companheirismo, bem diferente do ambiente que tem em sua própria casa. Também relaciona-se de maneira doce e amável com sua professora de francês, com quem divide momentos de pura poesia e amizade, lendo livros de grandes escritores e recebendo conselhos de como lidar com as dificuldades em casa.


Após tantos conflitos, Hubert é mandado pelos pais para um colégio interno, o que deflagra mais uma série de enfrentamentos e brigas. Revoltado, Hubert pega pesado e desfere sobre a mãe palavras chocantes. O que faz pensar que a relação de amor entre maẽ e filho jamais será recuperada. Depois de alguns meses, Hubert foge do colégio interno. Aparentemente exaustos do clima de guerra, Hubert e Chantal resolvem se encontrar para uma reconciliação definitiva. O ambiente não poderia ser mais propício, a casa onde Hubert morou com seus pais antes de se separarem. Lá, Chantal finalmente conhece Antonin e cercada por uma natureza exuberante, entre lembranças e recordações de uma vida feliz, mãe e filho fazem as pazes abraçados e recostados nas pedras cravadas em frente ao mar. A pergunta que fica no ar é: até quando?

EU MATEI MINHA MÃE é uma história que termina em aberto, porque na complicada fase da adolescência nada é definitivo, nem a bandeira branca hasteada entre pais e filhos em conflito. Mas o amor existe, e mesmo que seja difícil demonstrá-lo, ele está ali, suportando tudo em silêncio. 

Além da sensível e delicada história contada pelo talentoso Xavier Dolan de apenas 23 anos, o rapaz se mostra atento a detalhes que fazem toda a diferença. Ele põe um toque de sofisticação em sua direção, ao escolher uma trilha envolvente com solos de piano, cores vivas em uma fotografia exuberante, diálogos profundos, marcantes, closes estonteantes e um naturalismo que arrepia!

Amo Xavier Dolan! Amo EU MATEI MINHA MÃE!


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