terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O QUE LI EM 2012

Neste dia de natal, uma pequena lista do que li neste ano que está quase terminando:






Encerro o ano com estas três maravilhas da foto acima. Comprei-os no início deste mês e já li dois, o Noite em Claro da Martha Medeiros e O tigre na sombra da Lya Luft. Já estou na metade de Um lugar na janela - Relatos de Viagem da Martha Medeiros e certamente acabarei antes que o ano se finde. Como tudo da Martha, é tão bom e deleitoso que é impossível não devorá-lo rapidamente. Mas ao longo do ano, passou pelas minhas mãos coisas gostosinhas de se ler e outras nem tanto.

Iniciei minhas leituras em 2012 com ela mesma, a Marthinha do meu coração. Encontrei seu Topless de 1997, sem querer na livraria do Espaço Itaú de Cinema, enquanto esperava a sessão do meu filme começar. Em formato pocket e por um precinho camarada, um dos poucos dela que ainda não tinha lido, foi impossível não levar. Depois do filme e com meu livro em mãos, voltei pra casa feliz, feliz. O que achei do livro? Seria uma redundância tecer elogios a mais essa obra da querida Martha Medeiros.

Em seguida caiu em minhas graças, através da amiga Luli, o livro de crônicas do Walcyr Carrasco, Pequenos delitos, lançado em 2004, que com seu humor peculiar, discorre sobre as mais diversas situações do cotidiano de forma leve e pessoal. Também por meio de Luli, pude ler Almodóvar pela primeira vez, depois de assisti-lo tantas vezes. Seu Fogo nas entranhas, poderia ser mais um dos sensacionais filmes que dirige com grandes doses de humor, erotismo e uma pitada de bizarrice.

Depois vieram O rio do meio e Mar de dentro, ambos de Lya Luft. O que dizer sobre eles? Lya Luft é Lya Luft, com seu estilo muito próprio, mas sempre tocante e cruamente verdadeiro demais. Lê-la é sempre uma sessão de análise gratuita e gratificante. Terminando Lya, parti para Em Paris tudo acontece... de Bernadete Zagonel, autora desconhecida, formada em musicologia, que após passar uma temporada em Paris escreveu um livro sobre suas impressões da cidade e seus costumes. Talvez se ela fosse formada em letras ou jornalismo o livro seria melhor escrito. Resolvi lê-lo achando que faria uma viagem deliciosa pela capital da França, mas não ocorreu todo o deslumbramento que eu esperava durante minha leitura. Mas pronto, acabou, passou, foi apenas um deslize.

Para recuperar o tempo perdido com o livro anterior, comecei a ler Mentiras sobre o travesseiro, um romance de temática gay escrito por Raphael Mello, jovem autor que conseguiu desperdiçar quase 500 páginas numa estória mal escrita, com dezenas de erros de português e revisão e absolutamente previsível e sem graça. Não me serviu nem como entretenimento puro e simples, queimaria ele sem nenhum peso na consciência. Raiva de ter lido esse livro.

A essa altura me sentindo com dedo podre pra escolher livros, resolvi não arriscar e pegar um gênero que adoro, que são as crônicas. Foi aí que descobri Tati Bernardi com seu b(s)acaninha Tô com vontade de uma coisa que eu não sei o que é. Digamos que Tati é uma Martha Medeiros vinte anos mais nova. Talvez a comparação seja exagerada, mas que ela está no caminho, isso tá. Tati é jovem, moderna, antenada, formada em publicidade é roteirista de vários programas da Rede Globo, entre eles algumas novelas e até esse ano eu desconhecia sua existência. Sua escrita é esperta e fala principalmente sobre os anseios da mulher contemporânea, carreira, beleza, idade e amor, amor, amor. Sempre irônica e sarcástica, Tati é engraçada até quando tenta falar sério. Adorei seu livro, que sem dúvida nenhuma foi minha revelação literária de 2012. Aguardo ansioso seus próximos lançamentos.

No embalo de Tô com vontade... emendei Receitas para mulheres tristes do colombiano Héctor Abad. Livro poético com premissa interessante onde o autor tenta através de receitas culinárias oferecer consolo para o sofrimento feminino em suas mais diversas formas. Receita para um amor feliz, para aplacar a solidão, para o medo da velhice, para a angústia, os desejos proibidos, a falta de desejo e assim por adiante. Esperava mais, mas valeu a intenção do autor que foi realmente original.

O livro Palavra por palavra foi um investimento que fiz em mim. Na narrativa de Anne Lamott ela dá dicas valiosas para quem deseja escrever um livro. Maior identificação comigo impossível. Após ler o enunciado da capa: "Instruções sobre escrever e viver - Você acha que tem um livro dentro de você? Anne Lamott vai lhe mostrar como colocá-lo para fora." Não tive a menor dúvida, comprei-o na hora, e suas dicas são realmente proveitosas, simples e realistas. Será meu xodó por muito tempo.

Malas, memórias e marshmallows de Fernanda França, é uma gostosura. Um legítimo chic-lit (leitura bem mulherzinha, quase adolescente), bom de ler descompromissadamente só pelo prazer de embarcar numa vida cheia de situações e acontecimentos que você adoraria que acontecesse com você. O livro é praticamente uma comédia romântica dessas que você vê no cinema com a Kate Hudson ou Anne Hathaway, mas ali você lê e apenas imagina quem seria a mocinha perfeita pra viver a protagonista Melissa Moya, que embarca em uma grande viagem geográfica e emocional ao embarcar a trabalho rumo aos Estados Unidos. Leitura previsível, porém fofa. 

Embarcando em algo mais realista, iniciei Dias de mel. Um relato verdadeiro de Annia Ciedzadlo, que em 2003 resolveu passar a lua de mel em Bagdá. O destino nada óbvio para uma norte-americana se justifica pela decisão de seu marido Mohamad, que era jornalista nos Estados Unidos, de cobrir a invasão do Iraque e voltar ao Líbano, sua terra natal. Neste livro a autora fala sobre os anos na Bagdá ocupada pelas forças da coalizão e na Beirute marcada pelas divisões sectárias. Fala, também, sobre o dia a dia das pessoas, sua relação com a família de Mohamad, as diferenças culturais entre Oriente e Ocidente e sobre a possibilidade de resolver os conflitos com uma mesa cuidadosamente preparada. Infelizmente não consegui lê-lo até o final por motivos pessoais, mas assim que tiver uma nova oportunidade quero terminá-lo, porque a doçura com que Annia escreve sobre um tema tão espinhoso e por vezes indigesto vale muito ser conferido até o final.

Pequeno comentário sobre um livrinho mequetrefe chamado Onde estou, meu amor?. Outro de temática gay mal escrito, bem mal escrito por um tal de Rogério Moreira Barbosa. Sem mais sobre esse erro disfarçado de livro, minhas leituras seguiram-se com Um livro por dia sobre a temporada parisiense do jornalista Jeremy Mercer na Shakespeare and Company, famosíssima livraria francesa. Livro fraco, mas digno. E o caderno Granta, que em sua nona edição trás uma seleção com Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros e seus mais diversificados contos. Ganhei de presente, achei interessante, mas pouca coisa me cativou ali. 

E assim foi meu 2012 em termos de literatura. Que em 2013 seja melhor!

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