terça-feira, 7 de outubro de 2008

A CRÔNICA

Lendo uma crônica de Martha Medeiros, uma de minhas escritoras-cronistas preferidas, entendi mais uma vez pq sou tão fascinado por ela. Martha eh simples e profundo, escreve de forma clara e extremamente tocante. Gosto qdo ela disserta sobre relações humanas e coisas do coração, qdo fala de tudo q nos sufoco, angustia e faz a gente se arrepiar de emoção, mas até falando de coisas mais amenas Martha eh The Best. Claro q ñ concordo cegamente com tudo oq ela escreve pq ñ sou seguidor de Martha Medeiros e sim um fã ardoroso e qdo ñ gosto de alguma coisa dela apenas comento baixinho comigo mesmo 'hoje eu ñ gostei Martha', como se fosse uma amiga íntima da qual a gente concorda ou discorda nos assuntos qdo se bata um papo descontraído. Martha Medeiros eh assim, tem o dom de fazer seus leitores sentirem-se como se fossem amigos mto próximos e atinge a alma de cada um como se fosse uma sábia poderosa, no entanto demonstra o tempo todo por meio de suas crônicas e entrevistas q ñ eh nada disso, eh simplesmente alguém mto culta e inteligente completamente apaixonada pelo q faz e faz mto bem. Ainda assim, pra mim, Martha Medeiros tem um quê de divindade, talvez seja pelo fato de ela ter uma profissão tão maravilhosa, ser tudo oq eu qria ser em termos profissionais, ela me passa a impressão de ser completa e realizada. Parodiando o filme com John Malkovich, "Quero ser Martha Medeiros". Sempre pensei q se um dia topasse com ela em algum lugares teria um frenesí de emoção e ñ iria parar de falar o qto sou seu fã, mas um belo dia encontrei com ela em uma livraria e tremi na base, fiquei me contorcendo por dentro criando coragem pra ir cumprimentá-la mas ñ consegui, a timidez e o pavor de parecer um bobalhão na frente dela foram mais fortes do q eu en tão fiquei ali sentado com um livro na mão vendo a oportunidade escapar, foi uma sensação tão estranha ver uma pessoa q parece tão íntima de vc mas ter medo de chegar perto pq sabe q ela nem sonha com a sua existência, mas tudo bem deixei escapulir a chance de q ela ficasse sabendo q eu existo, mais um fã apaixonado. Quem sabe na próxima. Toda essa longa introdução eh pra deixar registrado aqui uma das mais recentes crônicas da Martha q me encantou. Segue abaixo.


O sempre no nunca

Vivemos num mundo de variados prazeres mundanos, sensoriais, transcendentais, mas poucos são tão valiosos qto ler um livro bom. O que vem a ser tal coisa? Cada um tem seu conceito sobre livro bom. Os meus livros bons são aqueles em q eu ñ consigo parar de sublinhar trechos. É aquele q me faz ter vontade de voltar logo pra casa e me enfiar na cama com ele. É o livro q já começa a me dar saudades antes mesmo de acabá-lo. E qdo termino, em vez de pegar outro, qro começar a lê-lo outra vez. FANTASMA SAI DE CENA, de Philip Roth, ñ foi pra mim um livro bom, foi fora de série. O que escolher para ler em seguida e ñ deixar o êxtase se esvair? Peguei A ELEGÂNCIA DO OURIÇO, da francesa Muriel Barbery. Não chega a ser um Roth, mas eh um livro especial.
Duas narradoras q moram num mesmo prédio elegante de Paris: uma é a zeladora, q eh culta, mas para os inquilinos se faz de ignorante, pq eh isso q os esnobes q moram esperam de uma zeladora (são impagáveis os momentos em q ela se esforça para falar errado de propósito, pra ñ dar pinta da sua erudição), e a outra eh uma espertíssima menina de 12 anos, filha de um deputado e de uma dondoca, e despreza o universo fútil em q vive. Em algum momento, claro, essas duas avis raras q habitam o mesmo endereço francês irão se cruzar, mas , até lá, nos oferecem uma narrativa deliciosa, cada qual na sua. Quando finalmente se encontram na história, bom, aí fazem a festa do leitor.
É um livro filosófico, inteligente e engraçado. Ddesconstrói certas verdades estabelecidas e, de lambuja, ainda reserva um pouco de poesia nas últimas páginas. Ou muita poesia. Diante da dor dilacerante, o que buscar? O belo. Diante do impossível, diante de uma vida inútil, diante daquilo q ñ aconteceu nem acontecerá, o que nos compensará? Um único instante sublime. Em todo "não", há um filete de "sim". Em toda descrença, há uma possibilidade de certeza. é o que a autora chama, no livro, de "o sempre no nunca". Basta a lembrança de um piano q tocava em determinado momento de angústia, basta um pedaço de pano colorido q se destacou na hora de reunir as roupas de morto, basta uma frase especial de uma amiga qdo a noite prometia ser um suplício, e a nossa desilusão eterna se atenua. Para a maioria das pessoas, os dias correm e parece q os sonhos nunca se realizarão. Nunca. Mas em meio a esse nunca, há de ter um pedacinho afetivo de sempre. Aquela lembrança, aquela foto, aquela música, aquele instante q ficou alheio ao tempo, imortal. O sempre no nunca. Há em tudo, basta um pouco de doçura para reconhêce-lo.


Isso eh Martha Medeiros. Não preciso dizer mais nada né.

Obs.: A crônica COCA-COLA COM LIMÃO E GELO de minha autoria eh bastante parecida com esta da Martha, mas ñ eh uma cópia viu, foi apenas uma coinscidência. Quem sabe um dia eu chegue aos pés dela, hehehehehehe...

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